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Política

Deputado apresenta relatório preliminar da CPI do Cimi na Assembleia

Nyelder Rodrigues e Antonio Marques | 04/05/2016 20:31
As 218 páginas do relatório começaram a ser lidas às 14h30 e só terminaram às 19h(Foto: Marcos Ermínio)
As 218 páginas do relatório começaram a ser lidas às 14h30 e só terminaram às 19h(Foto: Marcos Ermínio)

Foi apresentado na tarde desta quarta-feira (4) pelo deputado estadual Paulo Corrêa (PR) o relatório preliminar da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Cimi (Conselho Missionário Indigenista), que ocorre na Assembleia Legislativa.

O relator leu o documento de 218 páginas entre às 14h30 e 19h, tendo concluído ali que o Cimi é responsável por incitar a invasão de propriedades rurais particulares em Mato Grosso do Sul, além de participar destes crimes.

Várias pessoas que integram o Cimi, além da própria entidade, foram citadas no pedido para que sejam responsabilizadas civil e criminalmente ao terem desobedecido a legislação e soberania nacional, segundo explicou Corrêa durante a leitura.

O advogado Luiz Henrique Eloy, o coordenador Flavio Machado, o jornalista Rui Sposati, além do atual chefe nacional do Cimi, bispo Dom Roque Paloschi e o atual secretário executivo Cleber Buzato, estão na lista da CPI.

Além deles membros como Irmã Joana, Egon Heck, o assessor jurídico Rogério Batalha, Lineu Schneider, Olívio Mangolim e Maucir Pauletti também foram citados no relatório. Dois índios membros do Conselho Terena também foram listados, sendo eles o professor Alberto França e o atual coordenador do DSEI (Distrito Sanitário Especiai Indígena) estadual, Lindomar Ferreira.

O relator também defendeu na leitura que todos os presidentes do Cimi a partir de 1990 sejam responsabilizados, pois teriam conhecimento dos ocorridos no Estado, sendo a entidade responsável por incurtir entre os índios a ideia de que necessitavam aumentar o território em Mato Grosso do Sul, reforçando essas ações com recursos internacionais - R$ 7 milhões só em 2013.

"Todos são responsáveis pelo nefasto resultado do trabalho do Cimi. Só criaram a cizânia entre as comunidades indígenas", comentou o deputado, que concluiu também que, além dos produtores, tidos como os grandes prejudicados pela ocupações, os indígenas de forma geral também foram, usando de táticas perversas para convencê-los.

Campanhas internacional, afirmando que a carne e a soja de Mato Grosso do Sul tinham o sangue de crianças indígenas, também foram condenadas por Corrêa, que diz ter sido do Cimi a autoria delas, tendo cunho difamatório e mentiroso para desestabilizar o agronegócio local. Diante de todo o cenário, foi considerado que a Igreja Católica, da qual o Cimi é um abraço, foi omissa.

No fim, foi declarado ainda que Flavio Machado, Rui Sposati e Irmã Joana são corresponsáveis pela morte do indígena Oziel Gabriel, em conflito ocorrido em Sidrolândia, já que eles incentivaram diretamente aquele ação de ocupação. Além disso, foi exposto que o Cimi nunca fez um projeto que tenha dado resultados sociais com índios nas aldeias.

Único membro da Comissão a discordar do relatório lido, o deputado Pedro Kemp (PT) disse que vai apresentar um voto em separado, questionando os pontos destacados pelo relator. Para ele, o documento lido hoje apresenta a tese defendida na abertura da CPI, "que era basicamente criminalizar o Cimi. O relator considerou apenas os depoimentos que reforçava sua tese inicial, deixando de lado os relatos favoráveis à entidade", questionou.

O relatório, além de basear os trabalhos da CPI, será também enviado para o MPF (Ministério Público Federal), MPE (Ministério Público Estadual), Governo Federal, Governo Estadual, Ministério da Justiça, Sejusp, Conselho Nacional de Justiça, Senado, representante da Santa Sé em Brasília (DF) e Vaticano.

Na próxima terça-feira (10), às 14h, membros da Comissão farão a discussão e votam o relatório final. Compõem a CPI os deputados estaduais Mara Caseiro (PSDB), Marquinhos Trad (PSD), Onevan de Matos (PSDB) e Pedro Kemp (PT).

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