Dinheiro para combater queimada na Amazônia reforma prédios do Exército em MS
Valor saiu da conta de Operação criada para combater a devastação no bioma
Dinheiro da Operação “Verde Brasil 2”, criada para combater a devastação da Amazônia, foi usado pelas Forças Armadas para reforma de prédios, incluindo unidades de Mato Grosso do Sul. Em Coxim, na região norte, foram gastos mais de R$ 2,1 milhões em obras com recurso da iniciativa para preservar o bioma amazônico.
A informação está em reportagem da revista Piauí, que apontou uso de dinheiro da “Verde Brasil 2" também reformas de unidades no Rio de Janeiro, ao custo de R$ 22 milhões.
Segundo a reportagem assinada pela jornalista Marta Salomon, a análise dos gastos registrados pelo Tesouro Nacional mostra que a reforma do 47º Batalhão de Infantaria em Coxim custou mais de 600 mil reais em gastos já empenhados.
Foi feito, conforme descrito, a revisão geral dos telhados do batalhão de Coxim (MS), por empresa contratada no interior de São Paulo.
O serviço não tem nada a ver com o combate ao desmatamento, e quem pode falar é o Batalhão”, disse à Piauí, por telefone, a responsável pelas licitações da empresa, a KJ Indústria e Comércio de Embalagens Ltda.
O que foi feito - Troca de portas e esquadrias de madeira, vidro e alumínio consumiram mais 545 mil reais. A especificação das obras encontradas pela revista mostra que as portas de madeira deveriam ser “padrão mogno”, árvore cuja comercialização alimentou a devastação da Amazônia e, por isso, foi proibida, ou curupixá.
Ainda de acordo com documentos lançados no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira) havia exigência da cor vermelha e “tinta premium” para a pintura.
Está prevista ainda na reforma a troca dos pisos – por porcelanato – e do revestimento de paredes. Até 24 de setembro, o 47º Batalhão havia registrado despesas de 2,1 milhões de reais na conta da Verde Brasil 2, considerando os valores totais, sem o que já foi empenhado também.
Consta na reportagem que o 47º Batalhão de Infantaria informou que participou da operação com o deslocamento para Juara de 141 militares durante a primeira fase do projeto, que durou um mês, até 26 de junho.
Em outubro, as instalações em Coxim abrigaram, por período de um a três dias, 460 militares durante a operação.
Os recursos advindos dessa Operação estão proporcionando uma revitalização de todo o patrimônio público sob a responsabilidade desse batalhão, particularmente nos seus bens imóveis que possuem 45 anos de existência. Essas manutenções já foram iniciadas com perspectivas de término a partir de 31 de dezembro de 2020”, explica a unidade militar no texto.
O Centro de Intendência da Marinha em Ladário, a 419 de Campo Grande, no Pantanal, que sofre com de devastação provocada pelo fogo, também houve uso de dinheiro para compra de material de pintura. Em junho, segundo a reportagem foram adquiridos seiscentos galões de tinta, nas cores branco gelo e neve, para as instalações.
Questionado pela publicação sobre a mudança de destinação de verbas, o Ministério da Defesa respondeu nem apresentou um planejamento dos gastos com a operação "Verde Brasil 2."