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Política

Em um mês, Gilmar passa “baton na Morena” e faz governo de coalizão

Josemil Arruda | 19/04/2014 10:04
Gilmar Olarte fecha um mês de governo dizendo que a cidade está com "outra áurea" (Foto: Marcelo Victor)
Gilmar Olarte fecha um mês de governo dizendo que a cidade está com "outra áurea" (Foto: Marcelo Victor)
Pintura de meio-fio é parte do "baton" que Olarte passa na Morena (Foto: Cleber Gellio)
Pintura de meio-fio é parte do "baton" que Olarte passa na Morena (Foto: Cleber Gellio)

O prefeito Gilmar Olarte (PP) completou nesta semana um mês à frente da Prefeitura de Campo Grande, dando um ritmo de agilidade à administração municipal. Logo nos primeiros dias de seu governo, iniciado em 13 de março, um dia depois da cassação de Alcides Bernal (PP), a cidade já começava a sentir maior presença do poder público municipal nas ruas.

Com um programa de limpeza de terrenos e ruas e pintura de meio-fio, Gilmar Olarte quis dar um primeiro impacto de mudança na administração, fazendo o que o vereador Chiquinho Telles (PSD) chamou de “passar baton na morena”.

Alguns pontos da cidade, as mudanças ficaram mais aparentes, como na Avenida Júlio de Castilho, com a ativação de sinalização semafórica, reduzindo a confusão do tráfego de veículos naquela via problemática. Também ficou muito evidente essa ação na Avenida Ernesto Geisel com a limpeza do matagal que estava tomando conta, especialmente na região que vai do Aero Rancho até a Avenida Manoel da Costa Lima.

Com a retomada da campanha “Pedestre eu cuido”, que ficou paralisada na gestão de Bernal, a pintura de sinalização horizontal nas ruas, especialmente na região central de Campo Grande vem sendo renovada e implantada. Essa providência, que dá mais segurança aos motoristas e é paga pelo Dentran (Departamento Estadual de Trânsito) e executada pela Agetran (Agência Municipal de Trânsito), já pode ser sentida em bairros como Santo Amaro e São Francisco.

Ao avaliar o primeiro mês de administração, Gilmar Olarte considera que deu um novo ânimo para a cidade. Ao ser questionado sobre as mudanças neste período, ele respondeu: “Meu estilo é muito mais ágil de governar, muito mais produtivo”. A esperança dos campo-grandenses teria se renovado. “A cidade está com outra áurea por conta da mudança de governo que estou imprimindo na prefeitura“, acrescentou.

Ampla coalizão - Do ponto de vista político, houve a maior reviravolta, com a maioria antes oposicionista, que cassou Bernal por 23 votos a seis, migrando integralmente para a base de apoio do prefeito Gilmar Olarte e ajudando a criar um governo de ampla coalizão. Foi a implantação de um “parlamentarismo moreno” na Capital.

Um apoio lastreado em participação na administração municipal, diretamente, como os vereadores Jamal Salém e Edil Albuquerque, que assumiram respectivamente a condução das secretarias de Saúde (Sesau) e Desenvolvimento Econômico (Sedesc), ou indiretamente, como ocorreu com a maioria dos integrantes da Câmara, fazendo indicações para as demais secretarias.

A formação da equipe de governo teve a marca da agilidade. Enquanto Bernal fez nomeações a “conta gotas” ao longo de vários meses, inclusive deixando uma pasta sem titular (Secretaria Municipal da Juventude) até o dia em que foi cassado, Gilmar Olarte levou apenas cinco dias para nomear 21 dos 24 secretários e presidentes de agências municipais.

Há um perfil predominantemente técnico na equipe de Olarte, mas com o forte componente de indicações políticas e compromissos com vereadores e partidos políticos. Trata-se de um governo de coalizão, com a presença mais forte na do PMDB, que conseguiu emplacar no governo, direta ou indiretamente, um terço (7) dos secretários já nomeados. Embora alguns deles possam estar filiados a outros partidos, foram indicados por vereadores peemedebistas.

Promessas estilo Bernal – Embora tenha a seu favor o impacto de ações rápidas na cidade, o prefeito Gilmar Olarte também adotou o perigoso estilo de fazer promessas com apontamento de prazos para serem cumpridas. Esse estilo não deu certo para seu antecessor, Alcides Bernal, que se comprometeu, sem sucesso, a acabar com o congestionamento no cruzamento da Via Park com a Av. Mato Grosso em 10 dias e construir o novo prédio da Câmara de Campo Grande em seis meses.

Quanto ao cruzamento da Via Park com a Mato Grosso do Sul, no dia 7 de abril, prometeu por fim ao congestionamento no prazo de três meses. A intervenção prevê a retirada da rotatória entre as avenidas, sendo instalados semáforos de três tempos e duas alças de acesso com a Mato Grosso, ao custo de cerca de R$ 600 mil. Essa promessa ainda está no prazo de ser cumprida.

Há uma previsão de Olater, porém, que já não foi confirmada pelos fatos da vida. Apesar da ampla governabilidade na Capital, Gilmar Olarte ainda não conseguiu tomar de Bernal o comando do Partido Progressista (PP) em Mato Grosso do Sul. No dia 4 de abril, o prefeito afirmou que em 10 dias seu fiel escudeiro Cezar Afonso assumiria a presidência regional do PP. Já se passaram 15 dias e nada aconteceu.

Político e pastor – Outra marca deste começo da gestão de Gilmar Olarte é a mistura do político com o religioso. Nos eventos públicos, Gilmar faz pronunciamentos no estilo pastoral, algumas vezes inclusivo exortando os participantes a rezarem o “Pai nosso”.

Antes de ser eleito vice-prefeito de Campo Grande, Olarte chegou a fundar a igreja Assembleia de Deus Nova Aliança, da qual ainda é o presidente de honra. Quando sucedeu Bernal na condução da prefeitura, considerou que sua ascensão foi obra divina.

Durante a posse de dirigentes da Coordenadoria de Assuntos Comunitários da prefeitura, no último dia 4, Gilmar enfatizou que a paz voltou a Campo Grande e quem a trouxe foi o “rei dos reis” em sua providência divina. “Sou apenas o instrumento”, proclamou o chefe do Executivo.

Investigado pelo Gaeco - Um fato político importante neste começo de gestão do prefeito-pastor Gilmar Olarte é a investigação desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) no dia 11 de abril, quando o progressista completou 30 dias de governo. A apuração tem sido sigilosa, mas tem a ver com a relação de Olarte com Ronan Feitosa, que foi assessor da vice-prefeitura no ano passado.

Agentes do Gaeco estiveram na residência do prefeito e apreenderam CDs e um pen drive, além de prender dois guardas municipais, que faziam a segurança do chefe do Executivo, por porte ilegal de arma de fogo.

Ronan está espondendo a processo criminal por estelionato. O processo tramita na 4ª Vara Criminal de Campo Grande desde 24 de maio de 2011, portanto antes dele ser nomeado (em 28 de janeiro de 2013) para o cargo comissionado na prefeitura e de Gilmar Olarte expulsá-lo de sua igreja (em dezembro de 2013).

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