Mil pessoas se despedem de Ari Artuzi em velório e enterro será no RS
Com quatro coroas de flores, presença de políticos sem mandatos e público estimado em mil pessoas, o velório de Ari Artuzi, de 50 anos, se assemelha mais às despedidas a um líder de bairro do que a um ex-prefeito.
Em dez anos de trajetória política, ele foi de uma ponta à outra. Artuzi foi presidente de associação de bairro, se elegeu vereador de Dourados em 2000, depois foi deputado estadual e, por fim, prefeito da segunda maior cidade do Estado. Ele renunciou ao cargo em 2010, quando foi preso na operação Uragano, que revelou esquema de fraudes na Prefeitura.
Segundo estimativas feitas por Eleandro Passaia, autor da denúncia à Polícia Federal, Artuzi recebia em torno de R$ 500 mil por mês.
Longe da política, ele descobriu um câncer no intestino em 2011 e morreu em virtude da doença na noite de ontem. O velório na Pax Primavera começou às 2h30 deste sábado, mas desde às 23h30 de sexta-feira pessoas já aguardavam na capela pela chegada do corpo.
Segundo Júlio Luiz Artuzi, tio do ex-prefeito, o sepultamento será em São Valentim (Rio Grande do Sul), terra natal do sobrinho.
De acordo com o tio, trata-se de um pedido do pai de Artuzi, que queria que os cinco filhos fossem sepultados na cidade do Rio Grande do Sul. “Ele era um homem muito querido aqui. Com a morte dele, acaba o trabalho dos Artuzis em Dourados”, afirma Júlio, que é ex-vereador.
Pelo velório, passaram amigos, ex-vereadores – como Sidlei Alves e Marcelo Cláudio Marcelo Hall, o Marcelão -, a ex-deputada Bela Barros, a vereadora Délia Razuk, além de funcionários públicos.
Das coroas de flores, duas são de associações de moradores, uma da família e a última enviada pelo deputado estadual Zé Teixeira (DEM). O corpo de Artuzi segue às 14 horas para o Rio Grande do Sul.
Adeus – O aposentado Juraci da Rocha Ribeiro, de 72 anos, conta que acompanha a trajetória de Ari Artuzi desde a época em que o ex-prefeito era caminhoneiro e torcia pelo seu retorno à vida pública. “O Artuzi foi muito bom como prefeito, queria que ele voltasse para a política. A morte dele para mim foi um desastre. Não queria, mas Deus quis”, afirma.
Morador há 62 anos em Dourados, Juraci avalia que teve gente que roubou muito mais e, até agora, ficou sem punição. “Ele é uma boa pessoa, mas erra como todo ser humano”, diz a funcionária pública Darcy Benites Prado, de 51 anos, amiga da família.
Carlos Roberto Assis Bernardes, o Carlinho Cantor, que renunciou ao cargo de vice-prefeito após a prisão na operação da PF, afirma que a morte de Artuzi provocou comoção em Dourados. “Não vou falar nada porque faz parte do processo. Os fatos falam por si. A verdade não pega atalho, por mais que demore, ela aparecerá”, garante.