Na reta final, candidato ao Senado perde tempo na TV por criticar adversária
Tereza Cristina (PP) poderá usar 13 minutos de Tiago Botelho (PT) na televisão para rebater críticas
Na reta final, o candidato ao Senado, Tiago Botelho (PT), perdeu todo o seu tempo de propaganda na TV (13 minutos), após a veiculação de vídeos em que critica a adversária, Tereza Cristina (PP), por ela ter dito que no Brasil “não passamos muita fome, porque nós temos mangas nas nossas cidades”. A candidata poderá usar esse tempo como direito de resposta.
Segundo o advogado Yves Drosghic, a Justiça Eleitoral já havia determinado a suspensão da veiculação da propaganda onde a campanha do petista recupera uma fala da então ministra da Agricultura, de 2019, e também mandou que Tiago Botelho parasse de relacionar Tereza à fruta “manga”.
A declaração polêmica de Tereza Cristina foi dada durante audiência pública na Câmara Federal, no dia 9 de abril de 2019. Questionada sobre a possibilidade de o governo federal subsidiar o plantio de soja, ela respondeu que “o Brasil é um país que menos subsídio dá para o seu agricultor” e que outros países, que já enfrentaram guerras e fome, o fazem “porque a agricultura para eles é segurança nacional”. “Nós nunca tivemos guerra, nós não passamos muita fome, porque nós temos manga nas nossas cidades, nós temos um clima tropical. Aqui nós temos miséria sim, e temos que tirar o povo da miséria, mas estes países têm muito apreço por seus produtores e eles dão subsídios sim com a maior boa vontade do mundo”, completou.
Ao TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul), advogados da candidata alegaram que a propaganda de Tiago Botelho era ofensiva e que a afirmação foi tirada do contexto. “O candidato ora representado, aproveitou-se, maliciosamente e com conceito difamatório e sabidamente inverídico, de uma manifestação da candidata representante”, argumentou a defesa de Tereza Cristina.
Na terceira decisão favorável à progressista, o juiz eleitoral José Eduardo Chemim Cury, entendeu que os vídeos de Tiago “ultrapassaram a órbita de seu direito de manifestação e expressão” e que transmitem “mensagem qualificada como sabidamente inverídica, por conter inverdade flagrante”.
A defesa de Tiago argumenta que a propaganda “não distorceu a fala, não inventou falas, não difamou ou injuriou a candidata” e que “ao contrário, utilizou exatamente da fala da mesma, a fim de demonstrar aos eleitores qual a linha de pensamento da candidata, o que é comum em uma disputa política!”. O advogado disse que vai recorre da decisão.
Por meio das redes sociais, o candidato protestou. “Eu não vou conseguir me despedir de Mato Grosso do Sul após a minha campanha. A decisão do TRE é um murro à democracia. Esta decisão interfere no pleito eleitoral e ajuda a candidata se eleger e calar quem discorda dela”.