Policiais militares convocam ato e passeata, mas maioria é da Civil
Cerca de 200 policiais fizeram passeata hoje no Centro de Campo Grande, após distribuírem panfletos e discursarem na Praça do Rádio Clube. A convocação do ato foi feita pela Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar, mas a maioria dos participantes da manifestação de rua eram policiais civis, com camisetas da corporação. Alguns pouco PMs, sem fardas, participaram do movimento que reivindica melhorias salariais.
A baixa presença de PMs na praça e durante a passeada, segundo o presidente da Associação dos Cabos e Soldados, Edmar Soares da Silva, decorreu de uma estratégia “desmobilizatória” do Comando da Polícia Militar, que teria convocado os que estavam de folga para escala extra.
Os manifestantes saíram da Praça do Rádio Clube, entraram na Av. Afonso Pena e depois na 14 de Julho, retornando pela Barão do Rio Branco. Havia pouco movimento de veículos e, por isso, a passeata não causou tumulto. Não teve policiamento de trânsito e os próprios policiais participantes sinalizando para os condutores pararem. No cruzamento da 14 de Julho com a Barão, eles cantaram o Hino Nacional. No trajeto gritavam “palavras de ordem”, garantindo que não vão aceitar nada que seja “goela abaixo”. Apenas políticos do PT, os deputados Vander Loubet (federal) e Cabo Almi (estadual) e o vereador Airton Araujo, participaram do ato na praça e da passeata.
Edmar Soares da Silva, presidente da Associação dos Cabos e Soldada da Polícia Millitar, informou que a categoria realizará assembléia na Fetems, segunda-feira, às 10 horas, para decidir se vão fazer arquartelamento e não atender nenhuma ocorrência. A última greve dele aconteceu no ano 2000. Informou que a proposta que eles receberam para soldados é reajuste de 7% este ano, 8% em 2014 e 20% em 2015. Para cabo da PM, a proposta é de 7%, 8% e 14%, respectivamente. “Queremos que esses valores sejam antecipados para a gestão do André, que termina em 2014”, afirmou ele.
Segundo Edmar, os salários dos policiais militar são o terceiro pior do País. A corporação tem quatro mil cabos e soldados. Além de salários maiores, eles querem melhores condições de trabalho. “Duvido que hoje tenha 20 viaturas em quatro rodas com condições de rodar em Campo Grande. Para trocar pastilha de freio leva 45 dias com o processo licitatório. O nosso último fardamento foi entregue há 3 anos. E o reajuste oferecido só dá para comprar uma calça e uma camisa”, disse o dirigente.
Já os policiais civis, que participaram ativamente do movimento desta manhã, vão continuar em Civil continuar com greve mesmo com decisão judicial, correndo o risco de sofrer multa de 40 mil por dia de paralisação. A assembleia da categoria será realizada na segunda-feira, provavelmente no final da tarde.
O presidente do sindicato dos policias (Simpol), Alexandre Barbosa, disse que a passeata é “legal, já que a Civil está trabalhando com 30% do efetivo”. A última greve de Civil ocorreu em 1999. Uma das reivindicações é acabar com grande diferença salarial existente na Polícia Civil, com delegado recebendo R$ 9.035,00 e policial R$ 2.361,00. “E não queremos também que se elimine quarta classe, porque as pessoas que estão nela já vão ter promoção em janeiro”, declarou.