Pollon é acusado de usar recursos do Proarmas para beneficiar própria empresa
Domínio do site está vinculado a holding, com capital social de R$ 1,304 milhão; deputado nega irregularidades
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O deputado federal Marcos Pollon (PL) é acusado de ludibriar seguidores para beneficiar empresa da família dele, usando recursos repassados ao movimento Proarmas, criado pelo sul-mato-grossense pelo direito ao armamento civil. O mesmo CPNJ aparece como sendo de empresa privada de realização de cursos e uma holding com capital social de R$ 1,304 milhão, ligadas a Pollon.
RESUMO
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Uma postagem nas redes sociais revelou questionamentos sobre o uso de CNPJs vinculados ao movimento Proarmas, criado pelo deputado federal Marcos Pollon (PL-MS). A polêmica envolve o mesmo CNPJ sendo usado tanto para uma empresa de cursos quanto para uma holding com capital social de R$ 1,304 milhão. O caso veio à tona quando internautas descobriram que ao se tornarem membros pagantes do movimento, recebiam notas fiscais da empresa Proarmas Cursos e Eventos Ltda, e não da Associação Nacional Movimento Pro Armas (Ampa). O domínio proarmas.com.br está registrado em nome da MF Gestão Patrimonial Ltda, uma holding que tem como sócios Pollon, sua esposa e quatro filhos menores. Em resposta, o deputado justificou que a holding foi criada para administrar terrenos deixados aos filhos e que o domínio será transferido para seu CPF ou outra empresa.
Em resposta ao Campo Grande News, o deputado justificou o uso do CNPJ para a holding, alegando que estavam sem nenhuma movimentação e foi direcionada para a empresa, criada após doação de terreno para os filhos dele (leia resposta completa abaixo).
Postagem no X (antigo Twitter) tem causando frisson entre os armamentistas e levantando questionamentos sobre a finalidade do Proarmas. No dia 22 de fevereiro, perfil que usou pseudônimo de Emily Thorne, personagem principal da série Revenge (Vingança), fez esse questionamento. Os dados divulgados foram checados pelo Campo Grande News na Redesim, do governo federal, da Câmara dos Deputados e de verificação de domínios.
Ao acessar o site Proarmas (proarmasbrasil.com.br), o interessado entra na página do movimento que tem como objetivo unir “forças pela legítima defesa e pelo direito ao armamento civil responsável”. A proposta é de produzir conteúdo sobre questões políticas, filosóficas e organizar ações em prol da causa.
Ao clicar em “seja membro”, a pessoa é levada a página dos “Benefícios Exclusivos para membros do Proarmas”, com diversas categorias de apoio, sendo membro 38, 357, 454 ou 762, alusão ao calibre de armas. Conforme a escolha, com custo de R$ 10 a R$ 150,00 por mês, a pessoa terá direito a desconto em lojas e clubes parceiros, cursos digitais, plantão de dúvidas, assessoria em processos no Sinarm (Sistema Nacional de Armas), entre outros.
Quem compra uma das categorias, recebe nota fiscal em nome de Proarmas Cursos e Eventos Ltda, empresa de capital social de R$ 10 mil, tendo como sócio-administrador Marcos Sborowski Pollon, deputado federal. A empresa tem sede no Distrito Federal.
“Fui tapeado”, diz um internauta que assistiu a live de Cesar Mello, 1º suplente de deputado estadual pelo Paraná e ex-aliado de Pollon, que seguiu o caminho trilhado por Emily Thorne sobre o tema, com 16,1 mil visualizações. A nota fiscal apresentada é da compra que Mello fez, durante a live, para mostrar qual a fonte arrecadadora.
Isso porque, segundo comentários de outros espectadores, muitos acreditavam estar contribuindo para a Ampa (Associação Nacional Movimento Pro Armas), que tem como descrição principal “atividades de associações de defesa de direitos sociais), inscrita em outro CNPJ, com sede em Campo Grande". “Induz ao erro pq na pratica vc tá comprando curso”, escreve outro internauta.
Para ser membro da Ampa, sem custo, existe caminho no mesmo site, mas que é preciso acessar página específica e clicar em botão que está na parte debaixo, em letras diminutas.
A confusão de CNPJs continua e levanta mais questionamentos entre armamentistas que comentaram no X e na live de Cesar Mello.
O domínio "proarmas.com.br", aquele que o armamentista acessou para se tornar membro da causa, está vinculado ao CNPJ que, segundo a Redesim do governo federal, pertence à MF Gestão Patrimonial Ltda, aberta em 2020, uma holding de instituições não financeiras com capital social de R$ 1,304 milhão. A sede fica no mesmo endereço que a Ampas, em prédio na Avenida Afonso Pena, em campo Grande.
O objetivo principal de holding é controlar outras empresas ou um patrimônio familiar.
Conforme os dados da Redesim, a MF Gestão Patrimonial tem como sócios os pais e os quatro filhos menores do deputado federal.
O administrador é Felipe Di Benedetto Junior. No site da Câmara dos Deputados, ele constava, até dezembro de 2024, como secretário parlamentar do gabinete de Pollon, com remuneração de R$ 16.275,56.
Na live de Cesar Mello, que seguiu o caminho da conta “Emily Thorne”, o suplente pede que Pollon preste contas da Ampas e das empresas vinculadas ao parlamentar.
Outro lado – O deputado diz que os cursos do Proarmas sempre foram da empresa Proarmas Cursos e Eventos, que se encontra ativa e regular. É no nome desta empresa, com sede no DF, que aparece a nota fiscal da compra feita durante a live de Mello.
Sobre o CNPJ da Proarmas Cursos Técnicos Eireli ser o mesmo da holding, Pollon diz que a empresa estava sem movimentação e, por isso, usou para ser transformada na MF Gestão, holding criada para cuidar de dois terrenos deixados pelo pai dele para os netos, filhos do deputado.
“O domínio é privado, está registrado a uma empresa de direito privado, vou transferir para o meu CPF ou para outra empresa para preservar meus filhos menores”, informou o deputado federal.
Em relação ao administrador, diz que ele somente atuaria caso Pollon morresse, como um inventariante, para proteger os filhos do deputado. Diz também que Benedetto pediu para se afastar da função de secretário parlamentar, “porque foi injustamente exposto”. Também alega que foi atacado pelo desafeto, que estaria na "iminência de ser preso".
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