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Política

Sérgio Moro deixa Ministério da Justiça com graves acusações

Ele não concordou com a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, feita pelo presidente Jair Bolsonaro

Leonardo Rocha | 24/04/2020 10:25
Moro durante transmissão ao vivo na manhã desta sexta-feira.
Moro durante transmissão ao vivo na manhã desta sexta-feira.

Sérgio Moro acaba de anunciar que deixa o cargo de ministro da Justiça, na gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ele resolveu sair após a exoneração de Maurício Valeixo, até então diretor-geral da Polícia Federal.

Ao anunciar a demissão, Moro disse que não aceitava a demissão de Valeixo "sem motivo" e lembrou que o compromisso para assumir o cargo de ministro foi ter "carta branca". "Não é questão de nome, tem outros bons nomes. O grande problema é a violação de uma promessa que me foi feita. Em segundo lugar, não haveria causa e ficaria clara uma interferência na Polícia Federal, o que abala a credibilidade...Falei com presidente que seria interferência política, e ele disse que seria mesmo", relatou.

Moro também reclamou de tentativa de "interferência" do governo federal em ações do STF (Supremo Tribunal Federal) e pedido de acesso do presidente da república a relatórios de inteligência.

"O presidente queria uma pessoa que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações de inteligência. O presidente também informou que tinha preocupação com inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal e que a troca seria oportuna nesse sentido. Também não é uma razão que justifique, pelo contrário até gera preocupação"

Valeixo é considerado o braco-direito de Moro nas atividades em Brasília. Trabalhou em parceria na própria Operação Lava-Jato, que projetou o nome de Sérgio Moro nacionalmente.

A exoneração do comando da PF foi publicada no Diário Oficial, como "a pedido", algo contestado pelo ministro.  "Eu não assinei esse decreto e em nenhum momento ele apresentou o pedido de exoneração", disse Moro.

Moro deixa o cargo após 1 ano e 4 meses, diante de divergências que , segundo ele, começaram já no ano passado. “A partir do segundo semestre, passou a ter uma insistência do presidente de troca na direção da Polícia Federal. Em um primeiro momento do superintendente do Rio de Janeiro”, lembrou.

Desde ontem (23) a imprensa nacional já tinha divulgado que o ele iria deixar o cargo e que alguns componentes do governo federal, estariam tentando demovê-lo da decisão.

Quando foi chamado para ser ministro da Justiça, a informação é que Moro teria autonomia para conduzir a pasta e fazer as escolhas da equipe de trabalho. Depois de ficar conhecido em todo País, pelo trabalho desenvolvido na Justiça Federal em Curitiba, ele era considerado o ministro mais popular do governo.

Para assumir o Ministério em janeiro de 2018,  deixou a carreira de juiz federal, para entrar no primeiro escalão do governo federal. Entre suas ações durante este período estava a "Lei Anticrimes", que teve muitas entraves dentro do Congresso Nacional.

Durante o discurso de saída, Moro apresentou vários números, inclusive, a redução de 19% dos assassinatos “Mais de 10 mil brasileiros deixaram de ser assassinados”, comentou.

Sobre o futuro do ministério, Moro desejou que seja escolhido "alguém que concorde em trocar delegados e superintendentes sem motivo plausível".  Finalizou dizendo que vai "descansar um pouco".


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