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Política

Simone evitar falar em traição, mas admite desconforto com o MDB

Senadora perdeu apoio do próprio partido, mas manteve votos de outras siglas, seguindo com candidatura independente

Nyelder Rodrigues | 28/01/2021 17:25

Simone Tebet, senadora emedebista por Mato Grosso do Sul e que foi abandonada pelo próprio partido na véspera das eleições para a presidência do Senado, ao qual concorre contra o governista Rodrigo Pacheco (DEM-MG), revelou um desconforto para falar sobre a sua sigla após a situação, faltando quatro dias para o pleito.

A senadora fez hoje o lançamento de sua candidatura independente, em coletiva de imprensa em Brasília (DF), após o MDB, que havia lançado seu nome há algumas semanas, retirar o apoio. Ela segue contando com o apoio de siglas como o Cidadania, parte do PSDB, Podemos e de Leila Barros, parlamentar do PSB do Distrito Federal.

"Nunca fui candidata de mim mesma. O candidato era o Eduardo Braga, com o apoio de uma base da esquerda, mas fui surpreendida com telefonemas de dois líderes do MDB afirmando que eu seria a candidata. Fui para a Brasília, conversei com as lideranças de outros partidos e foi reiterado que eu era a candidata", comenta Simone.

Simone evitar falar em traição, mas admite desconforto com o MDB
Simone Tebet, durante fala em sessão da CCJ do Senado, pasta que presidiu durante dois anos (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado/Arquivo)

Contudo, a sul-mato-grossense diz que não lançou sua candidatura mediante alguma condição, mesmo que há dois anos, quando retirou sua intenção de concorrer, o fez como um gesto a favor de um projeto que pareceu ser o ideal para o Senado naquele momento - no caso, era a candidatura de Davi Alcolumbre contra a de Renan Calheiros.

"Assim como entendo a situação do partido, eles também entendem meu gesto de não poder recuar. Sou candidata de uma condição minha, de princípios e convicções", frisa, ao explicar que ela não está "avulsa", mas conta com apoio de um grupo.

Em seguida, Simone foi questionada sobre um possível apequenamento emedebista, já que a sigla não lançou oficialmente candidatura com a nova decisão tomada. "Embora eu seja do MDB, não sou candidata do MDB e não me vejo confortável para falar sobre".

Candidatura - Nome tido como um dos principais do partido para esse disputa, Braga acabou ficando de fora por ter ligação com o governo e também por não ter conseguido o apoio massivo da esquerda, como o PT, que optou caminhar junto ao lado de Pacheco, mesmo ele tendo apoio e estrutura oferecida pelo governo Bolsonaro.

"Só tenho gratidão ao Eduardo Braga, que até o último minuto veio conversando comigo", conta Simone, que em outro momento ainda revelou que sua permanência no partido está em dúvida e depende mais de questões regionais do que nacionais, no momento.

Sobre a candidatura, ela frisa que vai pregar independência e harmonia, tendo agora como plataforma de discussões, caso eleita, logo de cara a imunização em massa no Brasil e o retorno do auxílio emergencial, mesmo que seja precisa "cortar na própria carne" da classe política, como ela mesmo se referiu durante a coletiva.

"Também prego a retomada imediata das reformas estruturantes que o país tanto precisa, principalmente a tributária, que garante a justiça social, em que quem ganha menos tenha que pagar proporcionalmente menos", destaca.

Simone evitar falar em traição, mas admite desconforto com o MDB
Simone, ao fundo, durante sessão com outros senadores, entre eles os sul-mato-grossenses Soraya Thronicke e Nelsinho Trad (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado/Arquivo)

Simone ainda demonstrou insatisfação ao ver interferência do Governo Federal nas eleições, com apoio nítido à Pacheco. "Hoje a independência do Senado está comprometida, pois temos um candidato oficial do governo", disse, completando.

"Temos ministros apoiando um candidato e pedindo apoio à ele [fazendo referência à fala anterior em que ela já apontava cargos à disposição dos que seguissem os governistas]. Os momentos mais difíceis da história foi o Senado que achou saídas. Não vamos encontrar se não tivermos absoluta independência", avaliou.

Sem apoio em casa - Recentemente, o presidente nacional do MDB e candidato a presidência da Câmara Federal, o paulista Baleia Rossi, esteve em Campo Grande para ato ao lado de Simone, reforçando a candidatura da três-lagoense.

Contudo, hoje foi declarado a retirada do apoio de sua própria sigla à candidatura de Simone, mostrando que ela enfrenta dificuldades para angariar apoio "em casa". Além do MDB, ela não conseguiu o apoio dos sul-mato-grossenses Nelsinho Trad (PSD) e Soraya Thronicke (PSL), que vão seguir orientação partidária.

Nelsinho, inclusive, pensou em concorrer ao pleito, mas recurou de suas intenções para seguir o PSD no apoio à Pacheco - a sigla pode ficar com alguma importante pasta da Casa, admitiu na época. Os argumentos de Simone, frisando que uma presidência exercida por sul-mato-grossense poderia ajudar o Estado, não foi suficiente.

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