Vereador pede "ajuda" a general e é repreendido pelo presidente da Câmara
Em vídeo, Sandro Benites (Patriota) discursa contra eleição de Lula
O vereador de Campo Grande Sandro Benites (Patriota), derrotado ao tentar vaga na Assembleia Legislativa no pleito deste ano, participou da mobilização em frente ao CMO (Comando Militar do Oeste) na última quarta-feira (2) para pedir o apoio do Exército e evitar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). (Veja o vídeo acima)
De cima de um trio elétrico, o parlamentar puxou coro pedindo ajuda de um general para que o resultado das urnas não fosse validado, classificando o presidente eleito com 50,9% dos votos válidos como “ladrão” e “narcotraficante”.
“Nós campo-grandenses patriotas, humildemente, pedimos socorro. Nos livre desse mal. Juntos, não aceitamos ser governados por ladrão, por narcotraficante, nos ajude general. É o que pedimos hoje em nome da pátria. Brasil acima de tudo e Deus acima de todos", gritou Sandro Benites em frente ao quartel.
A fala do vereador, que foi compartilhada em suas redes sociais, repercutiu entre os colegas e foi rechaçada pelo presidente da Câmara, vereador Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), que classificou o parlamentar como golpista, em áudio enviado em um grupo com membros do legislativo municipal.
“Isso foi uma coisa que você fez como ato pessoal seu. E não pode incluir a Câmara, isso é um pensamento de golpe, golpista seu. A Câmara não vai autuar desta maneira. O poder legislativo respeita a democracia, se tenho um mandato foi porque fui eleito e as pessoas respeitaram a minha eleição e a sua também", reprimiu Carlão.
Procurado pela reportagem, o presidente da Câmara disse que conversou pessoalmente com o vereador na manhã de hoje e explicou que caso houvesse um golpe militar, todos os mandatos assumidos de forma democrática seriam cassados, não apenas o do novo presidente eleito.
“Expliquei que vivemos em uma democracia, mas quando você pede um golpe militar você fica ciente de que o seu mandato, que em nosso caso é de vereador, mas também os deputados, senadores, governadores e prefeitos seriam todos cassados. Porque o golpe militar cassa a democracia e não anula apenas a eleição do Lula ou do Bolsonaro”, disse Carlão, garantindo que não há previsão de nenhum pedido de cassação contra o vereador por conta de suas falas. “As urnas são soberanas e tem que ser respeitadas”, concluiu.
O vereador Sando Benites, que também exerce função de médico e major do Exército, foi procurado pela reportagem para se posicionar sobre a situação, mas até a publicação da matéria não retornou.