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Política

Vilela diz que "cultura da urgência" e falta de recursos são gargalos da saúde

Ex-secretário de saúde ainda cita a falta de vagas e leitos nos hospitais como gargalos da saúde em Campo Grande

Leonardo Rocha | 30/03/2019 10:42
Ex-secretário de Saúde, Marcelo Vilela, durante entrevista (Foto: Arquivo)
Ex-secretário de Saúde, Marcelo Vilela, durante entrevista (Foto: Arquivo)

O ex-secretário municipal de Saúde, Marcelo Vilela, que saiu do cargo ontem (29), disse que  enfrentou vários gargalos, entre eles a falta de recursos para investir no setor, a cultura da população de sempre procurar a “urgência”, quando em muitos casos não se precisa, assim como a ausência de vagas e leitos nos hospitais. Ele ponderou que seu foco sempre foi na saúde primária.

“A saúde pública não é brincadeira, é um fardo grande para se carregar, que se precisa de planejamento, prevenção, recursos e mudar a cultura dos pacientes que busca a emergência, ao invés do cuidado básico. Desta forma não consegue encaminhamento, exame diferenciado”, disse ele ao Campo Grande News.

Vilela disse que desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2017, priorizou a estratégia da saúde da família, seguindo a política que é desenvolvida pelo Ministério da Saúde. “Nós fomos uma das poucas cidades a cumprir a portaria do Ministério, tanto que tivemos reconhecimento nacional, nós ampliamos a rede de atendimento na UBSF (Unidade Básica da Saúde da Família) de 30% para 60% de cobertura”.

O ex-secretário acredita que para avançar na saúde pública precisa ter um “alinhamento” com o Ministério a Saúde, em termos de projetos e programas, com foco na saúde primária. “Ainda a preocupação se concentra na urgência, mas até nos convênios, quando se busca emergência não tem o profissional para atender rápido, além disto, sempre vai se dar prioridade aos casos graves”.

Vagas – Vilela cita que entre os principais gargalos da Capital está à falta de vagas e leitos nos hospitais. “A Santa Casa já está se organizando, mas falta vagas, por exemplo, no Hospital Regional e HU (Hospital Universitário), existe um colapso neste setor”.

Sobre os hospitais, disse que sempre cobrou o que estava previsto nos contratos. “Eu cobrava as demandas que precisavam ser cumpridas, mas sempre priorizei os repasses em dia, o que foi feito”.

Em relação aos médicos, alega que desde o começo exigiu o cumprimento dos horários. “Não se cobrava antes, mas enfrentei a questão, por isso houve alguns conflitos, enfrentamento duro, precisava reagir às críticas, mas em momento algum buscava problemas com eles”.

Recursos – O ex-secretário disse que a Capital precisa de mais recursos federais para saúde, pois já usa quase 30% da sua receita para o setor. “Temos que ter mais amparo federal, senão não dá conta de todas as demandas, estávamos com quase 27,8% da receita para área, mas a prefeitura também tem outras prioridades”.

Como “dica”, Marcelo entende que o novo secretário, José Mauro Pinto de Castro Filho, deve busca proximidade com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para buscar mais recursos à cidade. “Esta relação política é importante. Eu fiz minha parte e estou disponível se precisar do meu apoio”.

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