Eleição de Biden é recado para líderes que negam a ciência
A era Trump como presidente não vai deixar saudades para a comunidade científica ou para qualquer pessoa que entenda a gravidade dos problemas ambientais que o mundo tem enfrentado. A gestão do, ainda, presidente americano foi tão danosa nessas áreas que fez a Scientific America, umas das maiores revistas de ciência do mundo, romper com 175 anos de neutralidade em eleições e dedicar um editorial de apoio à candidatura democrata. Não por um grande entusiasmo pela gestão de Joe Biden, mas em resposta ao negacionismo de Donald Trump.
Fomos obrigados a isso, Trump rejeita as evidências científicas”, disse o editorial, citando ainda que “o exemplo mais devastador é sua resposta desonesta e inepta à pandemia de covid-19”.
De forma geral, a revista traduziu a angustia da comunidade científica mundial que vê na postura de líderes como Trump nos Estados Unidos uma ameaça concreta à vida das pessoas e ao futuro sustentável do planeta.
Biden, que não nasceu ontem, aproveitou a divergência para afirmar repetidamente que, se eleito, teria uma postura diferente em relação à ciência. Prometeu investir ao longo de seu mandato dois trilhões de dólares (!) em um plano ambiental para produção de energia limpa, disse preferir “ciência em vez de ficção”, numa cutucada clara ao adversário republicano. Com essa postura, atraiu o voto de eleitores que, ainda bem, continuam acreditando que não há solução para as grandes questões sociais e ambientais, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar do mundo, que não passe pela ciência.
A vitória de Biden manda um recado para líderes que insistem na cartilha negacionista de Trump, especialmente no que diz respeito ao manejo da covid19 e dos problemas ambientais. No caso do Brasil, o recado não poderia ser mais direto, afinal vale lembrar o debate em que Biden disse que o país teria “consequências econômicas significativas” caso não agisse concretamente para conservar suas florestas.
A fala gerou polêmica, para alguns soou como ameaça, mas goste ou não o recado estava dado: com Biden presidente o relacionamento entre Brasil e Estados Unidos, nosso segundo maior parceiro comercial, vai precisar ser reconstruído com base em novas posturas por parte da gestão Bolsonaro, principalmente na área ambiental.
Esperar pra ver.