Depois de 30 anos do primeiro mergulho, segue o mistério
O primeiro mergulho a gente nunca esquece. Literalmente é o que se pode dizer sobre o heroico mergulho com cilindro do biólogo mineiro Augusto Auler, realizado há 30 anos na Lagoa Misteriosa, um dos passeios turísticos mais fascinantes de Mato Grosso do Sul, localizado na área rural do município de Jardim, distante 237 km de Campo Grande e a 69 km de Bonito.
A façanha foi registrada em setembro de 1992, época em que não se utilizava ainda no Brasil a mistura de gases em cilindro. A tecnologia era básica e pouquíssimas pessoas realizavam mergulhos em caverna no Brasil. Os mergulhadores usavam técnicas próprias em suas explorações subaquáticas.
Por tudo isso e pela ousadia de encarar algo desconhecido, o mergulho do mineiro Augusto Auler, um dos fundadores do Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas, com sede em Belo Horizonte, Minas Gerais, entrou para a história da Lagoa Misteriosa. Afinal, foi a primeira vez em que alguém submergiu nas águas cristalinas da lagoa, um feito inesquecível como ele próprio conta em detalhes três décadas depois.
“De cara me deparei com o lago maravilhoso. Iniciei o mergulho e rapidamente percebi que eram dois poços paralelos. Em um poço desci até 66 metros, no outro poço fui até 77 metros. Uma profundidade muito grande para quem mergulha com ar comprimido, porém como já estava há um mês mergulhando praticamente todos os dias, isso criou condições, um preparo no organismo, que fez com que não sentisse nenhum desconforto”, disse Augusto Auler.
Só de olhar a lagoa de cima já é possível ter a visão dos dois poços relatados pelo geólogo. “Eu desci no primeiro poço, retornei e depois fui para o segundo poço. A minha memória é ter chegado na parte mais profunda, olhar para cima e ver aquela coisa maravilhosa, olhar para baixo e não ver nada. Percebi, então que a lagoa tinha uma profundidade muito, muito maior”, disse ele.
O mistério da lagoa de 30 metros de largura e 60 de cumprimento está na indefinição sobre sua profundidade, que segue desconhecida, e o atrativo até poderia se chamar “lagoa sem fundo”. De todas as tentativas de se chegar ao fundo, a marca mais profunda foi registrada em 1998 pelo mergulhador Gilberto Menezes de Oliveira, que atingiu a profundeza de 220 metros sem conseguir o objetivo.