É apavorante, diz campo-grandense sobre leitura facial
"É tudo muito rápido, mas apavorante porque nunca se sabe o que aquela máquina pode revelar sobre você, um erro de dado pode significar uma conclusão equivocada". Essa é a definição do campo-grandense Bryan Henrique de Farias, que em 2016 passou pelo sistema de reconhecimento facial da CBP, sigla em inglês da Alfandega e Proteção de Fronteiras, no Aeroporto JFK, em Nova York, sobre a tecnologia que chegou esta semana ao Brasil pelos aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
“Acho que os americanos ainda estavam testando a tecnologia, vi que nem todos os passageiros tinham que passar pelo equipamento, fiquei um pouco confuso quando fui chamado e tive medo de ser barrado ou ser confundido com terrorista ou coisa parecida. Foram segundos apavorantes”, comentou Bryan. “A gente sempre se assusta com o que é novo, mas são medidas importantes para a segurança de todos que viajam, embora também sejam meios de invadir nossa privacidade”, ressaltou ele.
Além de segurança, a tecnologia também oferece mais agilidade. Por exemplo, a novidade para os brasileiros, no momento disponível apenas para os passageiros da ponte aérea São Paulo/Rio, ou seja, nos aeroportos de Congonhas e Santos Dumont, dispensa a apresentação de documentos de identidade.
A expectativa é que o serviço diminua o tempo de embarque em pelo menos dois segundos por passageiro, já que dispensa a apresentação de documentos de identificação. Podem utilizar o recurso todos os viajantes maiores de 18 anos que já tenham feito cadastro prévio no sistema biométrico da CNH ou do Título de Eleitor.
COMO FUNCIONA - Neste início, para usar o sistema, o usuário deve dispor de documento biométrico válido (CNH digital ou título de eleitor digital); passagem aérea e acesso ao canal de cadastramento e validação biométrica da companhia aérea. Por meio do canal, no momento do check-in ou após a sua realização, o passageiro realizará a validação biométrica associada a seu voo. Ele deverá aceitar os termos da Lei Geral de Proteção de Dados (LPGD), devendo fazê-lo a cada novo voo. Executada essa ação, de forma digital, e sendo validado o cadastro, o passageiro estará apto a usar o sistema biométrico para o voo.
As companhias aéreas ainda parecem divididas sobre os chamados “portões eletrônicos”. A Gol anunciou que o procedimento de embarque por reconhecimento facial deve ser feito através do seu aplicativo. Orienta que depois do check-in, basta clicar em “Agilizar Embarque”, concordar com a Lei Geral de Proteção de Dados e então realizar a captura da biometria.
A recomendação da Gol é que o passageiro esteja em um ambiente iluminado e com fundo neutro, sem chapéu, boné ou óculos escuros. Depois que a foto é aprovada, o passageiro tem acesso ao cartão de embarque que deverá ser apresentado para entrar na sala de embarque e após isso embarcar na aeronave.
Latam e Azul dispensam o uso de aplicativos. O passageiro deve se dirigir aos totens das respectivas companhias aéreas nos aeroportos para fazer seu cadastro e ter a sua biometria capturada. Outros totens farão o reconhecimento facial na entrada das salas de embarque e antes da entrada na aeronave.
Em nota, o Ministério do Turismo informou que o processo de implantação definitiva da tecnologia ocorrerá de forma gradual. Por enquanto será opcional, ou seja, os viajantes que estiverem em voos com embarques biométricos e optarem pelo uso da tecnologia só precisarão da imagem de seus rostos para fazer check-in e acessarem salas de embarque e aeronaves.