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A diferença entre ser calmo e manter a calma

Por Cristiane Lang (*) | 18/01/2025 13:24

Muitas vezes, as pessoas confundem ser calmo com manter a calma. Apesar de parecerem conceitos semelhantes, eles representam abordagens completamente diferentes para lidar com a vida e seus desafios. Enquanto ser calmo é uma característica inerente ou desenvolvida ao longo do tempo, manter a calma é uma habilidade, uma escolha consciente diante de situações adversas. Ambas têm seus méritos, mas compreender suas nuances nos ajuda a lidar melhor com os desafios emocionais do cotidiano.

O que significa ser calmo?

Ser calmo é um estado natural de tranquilidade. Pessoas calmas tendem a apresentar uma predisposição inata para a serenidade, mesmo em situações que poderiam provocar ansiedade ou estresse. Para essas pessoas, a paz interior é quase um ponto de partida, algo que flui sem grande esforço.

Algumas características de quem é naturalmente calmo incluem:

    •    Temperamento tranquilo: Reagem com moderação, evitando explosões emocionais.

    •    Empatia natural: Conseguem ouvir e compreender o outro sem se deixar consumir pelo conflito.

    •    Paciência: Tendem a esperar o momento certo sem pressa ou irritação.

No entanto, ser calmo nem sempre é uma vantagem em todas as circunstâncias. Pessoas muito calmas podem ser percebidas como apáticas ou desconectadas emocionalmente em situações que exigem uma resposta mais enérgica. Elas podem também evitar confrontos importantes por prezarem demais a paz.

O que significa manter a calma?

Manter a calma, por outro lado, é uma prática deliberada. É a capacidade de se controlar em meio ao caos, mesmo que o turbilhão interno de emoções esteja presente. Isso exige esforço e autoconsciência. Pessoas que mantêm a calma não necessariamente têm uma natureza tranquila, mas desenvolveram a habilidade de lidar com situações difíceis de maneira racional e equilibrada.

Alguns exemplos práticos de manter a calma:

    •    Um líder que, em meio a uma crise no trabalho, respira fundo antes de tomar decisões.

    •    Um pai ou mãe que escolhe responder pacientemente ao comportamento impulsivo de uma criança.

    •    Alguém que, mesmo sentindo raiva ou frustração, opta por não reagir agressivamente em uma discussão.

Manter a calma não é sobre suprimir emoções, mas sobre direcioná-las de forma construtiva. É entender que nem sempre se pode controlar o ambiente externo, mas é possível controlar como se reage a ele.

As principais diferenças

    1.    Natureza versus escolha:

Ser calmo é, muitas vezes, um traço de personalidade, enquanto manter a calma é uma habilidade adquirida. Quem é naturalmente calmo não precisa de tanto esforço para evitar explosões emocionais, mas quem mantém a calma, mesmo sendo impulsivo por natureza, aprendeu a agir com autocontrole.

    2.    Reação interna versus externa:

Uma pessoa calma pode não sentir a necessidade de se controlar porque já vive em um estado de serenidade. Por outro lado, alguém que mantém a calma pode estar lidando com emoções intensas internamente, mas escolhe expressá-las de maneira equilibrada.

    3.    Resiliência emocional:

Manter a calma exige resiliência, porque a pessoa enfrenta suas emoções ativamente e as administra, enquanto alguém calmo pode não sentir o mesmo impacto emocional em situações desafiadoras.

A importância de manter a calma

Manter a calma é uma habilidade crucial nos dias de hoje, especialmente em um mundo tão acelerado e cheio de tensões. Mesmo para aqueles que não se consideram naturalmente calmos, é possível treinar essa capacidade. Práticas como mindfulness, respiração profunda e exercícios de regulação emocional ajudam a construir essa habilidade ao longo do tempo.

Além disso, a escolha consciente de manter a calma tem benefícios significativos:

    •    Melhores relacionamentos: Responder com equilíbrio evita conflitos desnecessários.

    •    Saúde mental e física: Evitar explosões emocionais ajuda a reduzir o estresse.

    •    Tomada de decisão assertiva: A calma permite pensar antes de agir, evitando arrependimentos.

O equilíbrio entre os dois

Enquanto ser calmo pode parecer um privilégio, a verdadeira força está em aprender a manter a calma. Nem todos são naturalmente tranquilos, mas todos podem desenvolver as ferramentas necessárias para lidar com situações difíceis. A diferença entre os dois não deve ser vista como uma vantagem de um sobre o outro, mas como complementares: a serenidade natural e o esforço consciente juntos podem formar uma base sólida para uma vida mais equilibrada.

Portanto, seja você calmo por natureza ou alguém que precisa manter a calma ativamente, o mais importante é valorizar o autocontrole e a clareza emocional, construindo, assim, uma vida mais harmoniosa e consciente.

(*) Cristiane Lang é psicóloga clínica, especialista em Oncologia pelo Instituto de Ensino Albert Einstein de São Paulo.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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