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A importância do verde

Por Heitor Freire (*) | 10/02/2020 13:37

A nossa capital acaba de ser reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (fao) como cidade comprometida em garantir que suas florestas e árvores urbanas sejam adequadamente mantidas e gerenciadas de forma sustentável. No Brasil somente duas cidades receberam esse reconhecimento: Campo Grande e São Carlos, no estado de São Paulo.

No entanto, manter essa condição não tem sido fácil, porque eventualmente aparece um administrador público desprovido das mais elementares noções de ambientalismo e com ideias estapafúrdias. Assim aconteceu, por exemplo, com o ex-prefeito Nelson Trad Filho, que em 2012 tentou transferir para o Horto Florestal os ambulantes de comida instalados na Avenida Afonso Pena.

Exatamente no ano em que o Horto Florestal Antônio de Albuquerque completou 100 anos de criação o ex-prefeito veio com uma medida desprovida de bom senso para modificar a destinação natural do parque. Felizmente, ante o protesto veemente da população, ele se viu constrangido a desistir de sua malfadada ideia.

Agora, o governador Reinaldo Azambuja Silva está querendo descaracterizar parte do majestoso Parque dos Poderes para transformá-lo em estacionamento público. Justamente quando Campo Grande recebe essa láurea pela FAO. Vejam que contra-senso.

Esse projeto recebeu o repúdio da população, que está se mobilizando e reunindo assinaturas para evitar que esse crime ambiental aconteça. Eu mesmo já assinei. O Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul – do qual sou membro há 18 anos –, por meio de sua diretoria, vai apresentar ao governador um manifesto contrário a esse absurdo.

No Brasil, em cidades como Maringá (PR), por exemplo, foi implantado um projeto chamado Cidades Inteligentes e Sustentáveis, que resultou na criação do Comdese – o Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico Sustentável e Estratégico. O Conselho é gerido pela sociedade civil organizada e visa tornar-se um centro de fiscalização da administração pública para evitar excessos de administradores que tomam iniciativas sem a menor consideração pela opinião popular. Com esse conselho, Maringá passou do 6º para o 2º lugar no ranking das cidades paranaenses.

Em Campo Grande, o presidente da Santa Casa, Esacheu Nascimento, está liderando a criação de um conselho semelhante, sob responsabilidade da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande e da Câmara de Diretores Lojistas, congregando diversas outras associações similares. A meta é que o conselho se torne um foro adequado e permanente de acompanhamento da administração pública para evitar excessos e desperdícios do nosso dinheiro, prática que infelizmente tem sido uma constante em nosso estado e município.

Com um Comdese funcionando em Campo Grande não teríamos uma obra como a do aquário, que já engoliu cerca de 230 milhões de reais e, segundo a imprensa local, ainda deve custar mais 40 milhões para ser integralmente concluída. Uma obra inútil, enquanto o governador do estado vai fechando escolas.

Quanto ao valor e à importância do verde, sabemos que ele representa, juntamente com a água, a nossa fonte vital de energia. No campo esotérico, o verde está associado à reflexão e à vida infinita dos sentimentos e pensamentos, além de representar a imortalidade. Na Idade Média, a toga dos médicos era de cor verde, pois naquela época eles faziam uso primordial das plantas medicinais. Para muitos povos, o verde é a cor que simboliza a cura.

O verde é também a cor da esperança, da força e da longevidade. Verde é a cor do nosso chacra cardíaco. A importância do verde na manutenção da nossa saúde é bem maior do que imaginamos.

O verde é a cor da natureza, do equilíbrio, da paz e da harmonia. Privilegia a introspecção e o processo de amadurecimento espiritual, pela superação do apego aos aspectos materiais.

A energia irradiada pela cor verde das nossas matas, parques e jardins é responsável pela qualidade de vida de que desfrutamos em nossa cidade.

Não fiquemos de braços cruzados diante dessa ideia infeliz do governador. Temos que lutar pelo que consideramos vital para nossa população e para a nossa cidade.

“Para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada.” (Edmund Burke, 1729 –

1797)

(*) Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis e advogado.

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