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Afinal, o que é ser pet friendly?

Georges Ebel (*) | 19/02/2022 13:30

De todos os anglicismos adotados pelo Brasil nos últimos anos, poucos se tornaram tão agradáveis aos ouvidos quanto o termo “pet friendly”. A verdade é que esta afeição aos animais de estimação, tão comum de ser vista em anúncios de restaurantes e lojas, nem sempre se transforma em ações práticas. É mais fácil você ver um cachorrinho assustado do lado de fora de um estabelecimento, amarrado, do que um tranquilo em espaço dedicado e seguro. Para o animal, este é um stress desnecessário. Para o tutor, a certeza de não voltar para um lugar que trata seu amigo de quatro patas de forma inadmissível.

Reconhecer a importância dos animais na vida social dos clientes com seriedade é ampliar o caminho para mais relacionamentos e vendas. E isto tem relação com uma mudança cultural sobre o papel dos pets nas famílias. Se há décadas os animais de estimação preenchiam o papel de cuidadores da casa ou de companheiros esporádicos, hoje eles são parte integral do cotidiano das pessoas. Os animais ocupam um espaço importante e crescente de afeto: segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo IBGE, pelo menos 46% dos domicílios brasileiros mantêm um cachorro.

As indústrias hoteleira e de turismo têm feito um trabalho interessante nesse sentido, abrindo suas portas para bichinhos domésticos. Se a busca por termos como "hotel pet friendly" aumentou 238% na hora de realizar uma reserva on-line, a expressão "como levar cachorro no avião" nos mecanismos de busca teve incremento de 170% entre 2020 e 2021. Os dados, revelados pela empresa de analytics Decode, revelam a movimentação crescente de hotéis e empresas de aviação para atender animais.

 A jornada ideal do consumidor deve considerar agora relações diferentes no desenvolvimento de serviços. Este é um mercado que atingirá US$ 350 bilhões até 2027, segundo a Comissão de Animais de Companhia.

Só nos EUA, tutores gastaram aproximadamente 99 bilhões de dólares em 2020 com seus animais de estimação, um aumento de 3% em relação a 2019 - o que indica tendência de alta. No Brasil, os “pais de pet” gastam em média 200 reais por mês com seus filhos peludos. E se engana quem acredita que os donos não levam seus companheiros em consideração na hora de decidir em qual lugar vão comer ou em qual loja vão comprar.

É necessário que o “friendly” seja uma prioridade. Os locais precisam estar preparados para proporcionar conforto e segurança aos animais de estimação e não apenas abrir a porta para que eles entrem. Este acolhimento deve considerar necessidades básicas, como água, petiscos, local com temperatura e ventilação ideal, tapetes higiênicos são também importantes - e mais: : lugares muito barulhentos, sujos e mal cuidados podem fazer mal ao bichinho. A segurança deles deve ser prioridade. Amarrá-los no pé da mesa ou em uma haste de metal, não é seguro - e nem confortável.

Ao assumir este desafio, as empresas, portanto, devem se preparar para ir além da placa com o termo amigável em inglês. São necessárias ações concretas e adequadas para adaptar o local. E caso a possibilidade de alegrar o ambiente com o amor sincero dos animais não seja suficiente para justificar o investimento, a possibilidade de aumentar o lucro pode ser um bom incentivo.

Os empreendedores devem parar de pensar nos pets como um obstáculo para seus negócios, mas, sim, como uma oportunidade de crescimento. Ao invés de quebrar expectativas se passando por pet friendly quando não o é, as empresas precisam enxergar este cenário como uma possibilidade de gerar conexão com os clientes. Na hora de pedirem a conta, comece a pensar que além do cafezinho, um biscoitinho para o cãozinho do seu cliente também será de muito bom tom. Os animais agradecem. Os donos, também.

(*) Georges Ebel, fundador e CEO da PetParker.

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