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Como a tecnologia pode impactar o trânsito e a economia brasileira?

Por Sheila Borges (*) | 16/06/2019 14:11

Todos os dias nos deparamos com notícias sobre tragédias no trânsito. No mundo todo, o número de vítimas fatais nas vias tem aumentado. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2009, por exemplo, foram contabilizados mais de 1,2 milhão de óbitos, e no ano passado o registro foi de 1,35 milhão.

O Brasil é o quinto país no mundo com maior taxa de acidentes de trânsito. Entre 2010 e 2016, foram mais de 300 mil mortes e 2,5 milhões de inválidos permanentes, dos quais metade está na faixa entre 18 e 34 anos. Além das mortes e sequelas em decorrência dos ferimentos, essas ocorrências impactam diretamente a economia nacional. Afinal, os gastos públicos com atendimento médico, aposentadorias por invalidez e pensões por óbito chegam a R$ 52 bilhões, com impacto anual total de R$ 199 bilhões – o equivalente a mais de 3% do PIB.

Em meio a tantos fatores negativos, o que pode ser feito para mudar este cenário? Transformar a cultura do brasileiro no trânsito é a resposta mais simples. Porém, para que essa adequação aconteça é necessário considerar três pontos: educação, campanhas preventivas regulares e fiscalização. Em comum, todos esses elementos podem se apoiar em recursos tecnológicos.

Tripé de trânsito com base na tecnologia

A melhor alternativa para a diminuição de acidentes nas vias é a educação, que deve estar presente em todas as etapas da vida do cidadão. Primeiro, o tema trânsito poderia ser inserido de forma transversal em escolas do ensino médio, assim, a tecnologia teria papel importante com simuladores de direção promovendo a experiência de condução nas vias em um ambiente seguro, e até por meio de plataformas digitais que proporcionam mais dinamismo e interatividade às aulas. Considerando que a geração atual é muito mais conectada e ligada à tecnologia que as anteriores, seria um acerto. Desta forma, os adolescentes seriam estimulados a pensarem em soluções relacionadas ao tráfego e mobilidade, gerando debates em casa, fazendo com que os pais reflitam sobre as boas práticas ao dirigir e, de quebra, também estariam mais preparados para encarar as aulas em CFCs para obtenção de CNH – passando novamente pela experiência em simuladores, antes das aulas práticas. Além da segurança pelo fato de estarem em ambiente controlado, esta prática traria mais preparo aos futuros condutores.

Paralelamente, é fundamental que haja um calendário de ações e campanhas efetivas online e offline. O ideal é que atividades preventivas ocorram regularmente com o intuito de causar uma mudança no comportamento das pessoas e não de forma reativa como são realizadas hoje. Já a fiscalização poderia atuar com mais rigidez, pois nos últimos anos este ato tem ajudado a inibir os infratores. O maior exemplo é a aplicação da Lei Seca, que com auxílio do aparelho de bafômetro, em 10 anos ajudou a reduzir significativamente a quantidade de acidentes decorrentes da combinação álcool e direção. Dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), indicam que houve redução em mais de 14% do número de óbitos por acidentes de trânsito no país. Em 2008, o registro foi de 38.273 óbitos e, em 2017, o índice caiu para 32.615 casos. Novamente, a tecnologia foi determinante - quando aplicada de forma conjunta nas blitzes.

Conectar esses três pontos seria importante para uma mudança de comportamento a todos os envolvidos no trânsito, sendo que os impactos positivos não atingiram somente a redução de acidentes e óbitos, como também a economia brasileira.

(*) Sheila Borges é Diretora da ProSimulador

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