Da evolução genética
Os avanços que a medicina moderna e preventiva tem proporcionado ao ser humano são de grande alcance. Para se ter uma ideia do extraordinário que isso representa, basta dizer que, na Roma Antiga, a expectativa de vida era de apenas 20 anos.
Em 1940, no Brasil, a expectativa média de vida era de 45 anos, sendo 43 para homens e 49 anos para mulheres. Em 1960, passou para 52 anos. Ao todo, ela aumentou 31 anos entre 1940 e 2018, chegando a 76 anos. Os dados são das Tábuas Completas de Mortalidade, divulgadas pelo IBGE.
Enquanto se multiplicam no mundo os estudos sobre bons e maus hábitos, os cientistas matutam para encontrar drogas capazes de curar ou impedir o surgimento de doenças que acometem os mais idosos, como o Alzheimer, além daquelas já herdadas geneticamente.
A conquista de uma existência mais longa no século XX resultou da melhoria das condições sanitárias nas cidades, com a criação de serviços públicos de saúde. Além disso, a ciência descobriu as vacinas. O que está acontecendo com a população mundial e na maioria dos países é que a taxa de fecundidade tem caído desde o século XX, enquanto a expectativa de vida só aumenta. Isso provoca uma mudança na estrutura etária — conforme explica o professor José Eustáquio Alves, pesquisador e doutor em demografia pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Sem dúvida, houve uma grande evolução genética. Na gripe espanhola, em 1918, havia 500 milhões de infectados, ao passo que a Covid-19, até hoje, infectou (por enquanto) 70 milhões de pessoas, o que significa a melhoria evidente do nível de imunização da população mundial. A pandemia atual nos fez sofrer muito. Alguns foram infectados. Outros, infelizmente, vieram a falecer. Mas nunca a medicina agiu tão rápido. Pesquisadores e cientistas do mundo inteiro trabalharam arduamente pra produzirem a vacina em tempo recorde jamais visto. Enquanto aguardamos a nossa vez de receber a tão aguardada vacina, sabemos exatamente o que deve ser feito e está ao nosso alcance: praticar o isolamento social, usar máscara, lavar as mãos. Cuidar de si e cuidar do outro.E se ainda não descobrimos a improvável receita da imortalidade, já obtevimos conquistas sólidas, em especial nos últimos cem anos: nunca na história tantos viveram tanto como nos dias atuais. Até o fim do século, octogenários e centenários se multiplicarão. No mundo todo, a faixa da população que mais cresce é a dos idosos, sobretudo entre aqueles com mais de 100 anos. No ano de 2050, eles deverão formar um grupo 20 vezes maior que o de centenários do ano 2000.
Se vamos viver muito mais, é justo que consigamos viver melhor durante a velhice. O número de idosos que conseguem viver sem a ajuda de outras pessoas também tende a crescer.
Lutar contra o tempo pode parecer infrutífero, mas é um grande negócio. O mercado da anti-idade, segundo o Bank of America, move 110 bilhões de dólares no mundo, incluindo cosméticos, remédios e terapias. E a previsão é de que movimentará em torno de 610 bilhões em 2025.
"Há muita gente cética. E há muitos charlatões. Mas o mundo vai se chocar, porque extraordinárias descobertas vão acontecer mais rapidamente do que as pessoas imaginam. A ficção científica já virou ciência real", afirma Greg Bailey, executivo da Juvenescence, empresa que levantou 165 milhões de dólares em investimento com projetos para prolongar a vida humana até 150 anos.
Eu mesmo, aos 80 anos, estou cada vez mais ativo. A Rosaria, minha mulher, com 77, segue cada dia mais guapa, para usar uma expressão do dr. Díaz de Vivar, de Pedro Juan Caballero, que durante muitos anos foi nosso médico.
E vamos, naturalmente, aprendendo a viver com mais qualidade de vida.
“Voltar é impossível na existência. O rio precisa se arriscar e entrar no oceano. Somente ao entrar no oceano, o medo irá desaparecer, porque só então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas de se tornar oceano” Khalil Gibran.
(*) Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis e advogado.