Duas presidenciáveis: protagonismo da mulher sul-mato-grossense
Pela primeira vez na história política brasileira um estado conta com duas mulheres concorrendo à Presidência da República, as senadoras Simone Tebet e Soraya Thronicke.
Sem pretender adentar a seara político-eleitoral propriamente dita, devo dizer, sem medo de errar, que as eleições presidenciais já têm dois vencedores por aqui. Ou melhor, uma vencedora: a mulher sul-mato-grossense e brasileira, e um vencedor: o Estado de Mato Grosso do Sul.
Ao apresentar ao país duas candidatas à Presidência da República – as senadoras Simone Tebet e Soraya Thronicke –, nosso Estado se coloca como unidade federativa ímpar no cenário político e social do Brasil.
Ainda que, como todas as candidaturas a cargos eletivos, as indicações das senadoras decorram de circunstâncias político-eleitorais e de arranjos partidários, o fato inédito de Mato Grosso do Sul contar com duas mulheres postulantes ao Palácio do Planalto tem peso, tanto simbólico quanto objetivo, que merece ser notado.
Independentemente do desempenho que cada uma das candidatas terá nas urnas, ao reconhecer-lhes protagonismo e representatividade suficientes para lançá-las como concorrentes ao mais importante cargo da República, seus partidos identificaram nelas méritos relevantes e qualidades potenciais.
Representantes de um Estado com menos de dois milhões eleitores, certamente a densidade eleitoral de Mato Grosso do Sul não poderia ser fator levado em conta para que as senadoras Simone Tebet e Soraya Thronicke se tornassem candidatas à Presidência.
Também não poderia ser creditado a simples “coincidência” o fato de um Estado com reduzida expressão eleitoral apresentar ao Brasil duas mulheres como postulantes ao mais alto posto da República. Para isso, parece evidente que ambas conquistaram relevância dentro de suas agremiações partidárias.
Portanto, mesmo tendo em conta que as duas candidatas são, obviamente, adversárias com programas políticos distintos, é importante e oportuno abstrair do contexto da disputa eleitoral uma constatação que deve ser motivo de orgulho para todos os sul-mato-grossenses: pela primeira vez na história política brasileira um estado conta com duas mulheres concorrendo ao mandato presidencial.
Em um país que só lentamente reduz o déficit de participação feminina na política – na política e em outros tantos setores –, o fato de Mato Grosso do Sul ter dois terços de sua bancada no Senado Federal ocupados por mulheres situa o estado em posição de destaque no processo de concreta redução da desigualdade de gênero na política brasileira. Mais ainda quando essas duas senadoras são escolhidas por seus respectivos partidos como candidatas à Presidência da República.
Pelas atribuições que tenho e pelas funções que exerço, este comentário tem o exclusivo propósito de homenagear a mulher sul-mato-grossense nas pessoas das presidenciáveis Simone Tebet e Soraya Thronicke e de todas aquelas que, como prefeitas, vereadoras, deputadas estaduais e parlamentares federais têm contribuído, com coragem e empenho, para o crescente protagonismo feminino na política de Mato Grosso do Sul. E do Brasil.
(*) Iran Coelho das Neves é presidente do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul.