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Exportações do agro no semestre encostam em US$ 80 bilhões

Marcos Fava Neves, Vinícius Cambaúva e Vitor Nardini Marques (*) | 27/07/2022 13:30

Vamos às reflexões dos fatos e números do agro em junho/julho e o que acompanhar em agosto. Na economia mundial e brasileira, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,67% em junho, ou 0,20 p.p. acima do que a taxa registrada em maio (0,47%). Com isto, o indicador acumula alta de 5,49% em 2022 e de 11,89% nos últimos 12 meses. Todos os produtos e serviços analisados (nove categorias, no total) tiveram variação positiva em junho. A maior variação foi do grupo “vestuário”, com alta de 1,67%. Já a categoria de “alimentação e bebidas” apresentou o maior impacto, registrando índice de 0,8%, resultado da alta no preço dos alimentos para consumo fora do domicílio (1,26%). Entre os alimentos para consumo em domicílio, o leite longa vida e o feijão registraram alta, ficando em 10,72% e 9,74%, respectivamente. Já a cebola, a batata-inglesa e o tomate registraram queda.

Em relação as perspectivas para a economia brasileira, o Banco Central divulgou no dia 15 de julho o novo Boletim Focus (Bacen) onde estima: IPCA deve ter variação de 7,54% em 2022 e 5,20% em 2023; já o PIB deve apresentar crescimento de 1,75% este ano e 0,50% ao final do próximo (boa melhora para 2022!); o câmbio foi estimado em R$ 5,13 e R$ 5,10, para 2022 e 2022, respectivamente; e a taxa Selic deve fechar 2022 em 13,75%, e 2023 em 10,50%. Em geral, melhora nas perspectivas para crescimento econômico e leve alta nas previsões para o câmbio. Seguimos acompanhando!

No agro mundial e brasileiro, o Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) ficou em 154,2 pontos em junho, 2,3% menor do que a taxa que havia sido registrada em maio (157,9). Esta é a terceira queda consecutiva, embora ainda continue nos níveis mais elevados já registrados. Apesar da redução, o indicador ficou 23,1% acima do registro de junho de 2021, comportamento impulsionado principalmente pelo contexto geopolítico global com a invasão da Ucrânia. A oferta global de cereais aumentou (de 2,784 para 2,792 bilhões de toneladas) e com isto o índice caiu 4,1% em relação a maio, embora continue 27,6% maior que junho de 2021.

No campo, segundo estimativa de julho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção brasileira de grãos do ciclo 2021/22 deve totalizar recorde de 272,5 milhões de toneladas, volume 6,7% superior ao obtido na safra passada e 0,4% maior que a previsão do mês anterior (+1,2 milhão de toneladas); já é o segundo mês de alta na projeção. A oferta de soja foi revista novamente, e está indicada agora em 124,0 milhões de toneladas, o que representa queda de 10,2% frente a 2020/21; resultado das fortes secas que afetaram as lavouras no cultivo de verão, fato que destacamos aqui em outras edições. Já o milho apresentou acréscimo nesta estimativa (+0,4%), com oferta total prevista agora em 115,7 milhões de toneladas, 32,8% maior. Desse montante, o cereal de primeira safra deve entregar 24,8 milhões de toneladas (+0,3%), a safrinha 88,4 milhões de toneladas (+45,6%) e a terceira safra 2,4 milhões de toneladas (+48,0%). Por fim, no algodão, a estimativa é de uma produção de 2,78 milhões de toneladas de pluma, 18,2% superior ao ciclo passado (são 428 mil toneladas adicionais).

A perspectiva também segue bastante positiva para os cultivos de inverno: serão 10,8 milhões de toneladas totais, um salto de 16% em relação a 2020/21. O grande destaque neste grupo é o trigo, cuja produção saiu de 7,7 milhões de toneladas na safra passada para 9,03 nesta (+17,6%). Destacam-se ainda a aveia, que deverá ofertar 1,27 milhão de toneladas (+10,8%) e a cevada, com 430,8 mil t produzidas (+1,4%).

No campo, até o dia 9 de julho, a colheita do milho safrinha (2ª safra) avança em bom ritmo e se encontra em 39,8% (20,9% em 10/7/2021), com destaque para os avanços no Mato Grosso (70,4%), Tocantins (40,0%) e Maranhão (35,0%). No algodão, o ritmo das operações também é bom, mas segue inferior ao desempenho do ano passado; em 9 de julho, 16,3% das áreas totais haviam sido colhidas, contra 17,8% há um ano. Por fim, o plantio de trigo segue em atraso, estando com 88,1% das áreas semeadas, diante de 94,8% na mesma data do ciclo passado.

O relatório de julho do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), trazendo as perspectivas para o mercado global de grãos em 2022/23, indicou uma produção estimada de milho em 1.185 milhões de toneladas, a mesma estimativa do mês passado (junho) e que é 2,6% inferior à produção de 2021/22. Entre os principais países produtores, os Estados Unidos deverão produzir 368,4 milhões de toneladas, 4,0% a menos que o ciclo passado; e o Brasil irá entregar 126,0 milhões de toneladas (+8,6%), o mesmo valor desde a projeção inicial, há três meses. A mudança mais relevante para o mercado do cereal veio em relação aos estoques globais, que estão agora estimados em 312,9 milhões de toneladas, 2,9 milhões de toneladas a mais do que a estimativa de junho; e praticamente o mesmo volume de 2021/22. A elevação nos estoques finais de milho é resultado das boas perspectivas globais para a oferta do cereal no próximo ciclo, além das possibilidades de retorno dos embarques ucranianos de grãos, mesmo diante do contexto de guerra.

Por outro lado, na soja, o USDA reduziu a estimativa de produção global: era 395 milhões de toneladas em junho e agora foi estimada em 391,4 milhões de toneladas, ou seja, 4,6 milhões de toneladas a menos em um mês. Ainda assim, este volume deve ser 11% maior do que o de 2021/22. Este comportamento é resultado da redução nas estimativas de produção nos Estados Unidos, após a revisão da área plantada pelos agricultores americanos (inicialmente, o USDA havia previsto uma área de soja maior do que a de milho pela primeira vez na história, o que não se confirmou após o término das operações de plantio). No mês passado, a oferta norte-americana de soja foi indicada em 126,0 milhões de toneladas e passou para 122,5 milhões de toneladas em julho. O Brasil, maior produtor, segue com o mesmo número com 149,0 milhões de toneladas projetadas, 18,5% a mais que 2021/22. Por fim, como consequência da menor oferta, os estoques globais da leguminosa foram também reduzidos, e estão estimados agora em 99,6 milhões de toneladas, 12,3% a mais que o ciclo passado.

Até o dia 10 de julho, as condições das lavouras de grãos nos EUA (safra 2022/23) estavam em: o milho com 12% das lavouras em nível “excelente” (contra 14% na mesma data de 2021), e 52% em condições “boas” (contra 51% há um ano); na soja as lavouras com condições “excelentes” e “boas” estavam em 10% e 52%, respectivamente, contra 10% e 49% há um ano; e no algodão, o cenário estava um pouco pior, sendo que 5% das áreas estava em nível “excelente” (12% em 10/7/21), e 34% em condições “boas” (contra 44% na mesma data de 2021/22). De forma geral, as lavouras seguem com desenvolvimento satisfatório, apesar de ainda estarem bastante sujeitas a impactos pelo clima, especialmente no final do ciclo.

Em julho, o USDA também divulgou suas novas previsões para as cadeias globais da pecuária. Na carne bovina, a produção mundial foi mantida nos mesmos números de abril, em 58,7 milhões de toneladas, apenas 1,0% a mais que 2021. Entre os principais produtores, os EUA deverão entregar 12,7 milhões de toneladas, o mesmo volume do ano passado; e o Brasil, 9,85 milhões de toneladas, 3,7% a mais (ou 350 mil toneladas adicionais). Do lado das exportações, no entanto, o país segue em destaque: o relatório prevê nossos embarques em 2,72 milhões de toneladas, 17,2% a mais do que as 2,32 milhões de toneladas exportadas em 2021. Estados Unidos aparecem na sequência com 1,6 milhão de toneladas (+1,3%) e a Austrália com 1,35 milhão de toneladas (+4,6%).

Na carne suína, a oferta global também foi mantida nos mesmos níveis previstos em abril: 110,7 milhões de toneladas, ou 2,8% a mais que o ciclo passado. A alta é resultado na recuperação da produção na China, com o aumento do rebanho de animais, após a crise com a Peste Suína Africana (PSA) no país. A previsão traz uma produção chinesa de 51,8 milhões de toneladas de carne, contra as 47,5 milhões de toneladas de 2021 (ou seja, 9% a mais). Como consequência da menor demanda externa pelo país asiático, as exportações foram revistas em alguns países, como é o caso do Brasil, que deve exportar 1,25 milhão de toneladas da proteína suína; era 1,33 na previsão de abril e foi de 1,32 milhão de toneladas no ano passado.

Por fim, na carne de frango, também não tivemos grandes surpresas. A produção global foi mantida nos mesmos valores previstos em abril, em 100,9 milhões de toneladas, 0,4% a mais que 2021. No Brasil, no entanto, a oferta foi reduzida de 14,85 para 14,7 milhões de toneladas, embora este volume ainda seja 200 mil toneladas maior do que o registrado no ano passado. Já as exportações brasileiras seguem sem alterações e com boas perspectivas: a tendência é de vendas externas em 4,6 milhões de toneladas, 8,9% a mais que 2021, o que mantém o país na liderança isolada e com 34% de participação no comércio global da proteína de frango.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgou o novo Plano Safra para 2022/23, com volume financeiro disponibilizado de R$ 340 bilhões, 36% a mais do que o montante da safra passada (2021/22). Desse total, R$ 246 bilhões foram direcionados para a categoria de “Custeio e Comercialização” (+39%) e os outros R$ 95 bilhões para “Investimentos” (+27,7%). Sendo assim, a participação das duas categorias ficou em 72,3% e 27,7%, respectivamente. Já em relação às taxas de juros, para “Custeio e Comercialização” foram definidas: de 5 a 6% ao ano para agricultores que se enquadrem no Pronaf; 8% a.a. para o Pronamp; e 12% a.a. para os demais produtores. Já para programas de “Investimentos”, as taxas variam de 7 a 12,5% ao ano, de acordo com o tipo de projeto.

Em junho, as receitas com exportações do agro brasileiro somaram US$ 15,7 bilhões (mais um recorde!), alta de 31,2% em relação ao mesmo mês de 2021. O comportamento é resultado, principalmente, da elevação nos preços dos produtos embarcados, que foi de 27,9% em junho; enquanto o volume cresceu apenas 2,6%, totalizando 20,46 milhões de toneladas. O complexo soja segue liderando as exportações do setor, com receita mensal de US$ 8,06 bilhões, crescimento de 31,9%; impulsionado principalmente pela soja em grão, que representou de 78,3% destas receitas (US$ 6,31 bilhões). Na segunda posição aparecem as carnes, com arrecadação total de US$ 2,35 bilhões (+32%), sendo que a carne bovina rendeu US$ 1,14 bilhão (+36,9%); a de frango US$ 932 milhões (+46,7%); e a suína pouco mais de US$ 217 milhões (-19,1%). Em terceiro lugar ficaram os produtos florestais, com US$ 1,47 bilhão (+23,1%) de receitas em junho. Em quarto, aparece o complexo sucroalcooleiro, que praticamente arrecadou a mesma receita mensal de 2021, com US$ 1,08 bilhão (+0,3%), sendo que o açúcar representou 84,3% deste valor (ou US$ 916 milhões). Por fim, na quinta posição, apareceu o café, que entre as cinco principais categorias foi a que mais cresceu, 73,6%, com receitas totais em US$ 789 milhões.

Do lado das importações, o setor dispendeu US$ 1,68 bilhão para compras de produtos do exterior, uma alta de 19,2% em relação a junho de 2021, quando importamos US$ 1,41 bilhão. Cereais, farinhas e preparações foram a categoria que mais comprou do exterior, com gastos em US$ 452 milhões (+56,1%); destaque para as compras de trigo, US$ 244 milhões (+67,4%), e malte com US$ 67 milhões (+23,3%).

No primeiro semestre de 2022 (acumulado do ano), o agro brasileiro registrou receita acumulada de US$ 79,3 bilhões com exportações, 29,4% a mais do que no mesmo período do ano passado. Nos últimos 12 meses, foram US$ 139 bilhões, 26% a mais! A alta nas arrecadações dos embarques brasileiros tem relação direta com o aumento dos preços das commodities no mercado internacional, que foi de 27,7% nos últimos seis meses, enquanto o volume exportado cresceu 1,3%. A soja e as carnes foram as duas principais categorias de destaque. No caso da leguminosa, o volume de vendas caiu para 53 milhões de t (-8%), mas a receita saltou para US$ 30,7 bilhões (+23%).

Do lado das importações, o 1° semestre do ano fechou em US$ 22 bilhões, 66% a mais que no mesmo período do ano passado; outro comportamento que demonstra a elevação de preços, especialmente de fertilizantes e defensivos importados. Ainda assim, o saldo da balança comercial ficou em US$ 57 bilhões.

E no final do mês de junho, o Ministério da Agricultura também divulgou suas novas projeções para a produção agropecuária no Brasil nos próximos dez anos, até 2031/32. No cultivo de grãos a área deve saltar dos atuais 73,4 para 87,7 milhões de hectares (+19,5%) e a produção, de 270,2 para 338,9 milhões de toneladas (+25,4%); estamos falando em 68,7 milhões de toneladas a mais ou quase sete milhões de toneladas adicionais por ano. Entre as culturas agrícolas, as que registrarão maior aumento na produção serão o algodão em pluma (+36,0%), a soja (+ 32,3%), o sorgo (+32,2%), o trigo (+26,3%) e o milho (+16,5%). Já nas cadeias da pecuária, os maiores aumentos serão na carne de frango (+27,8%), na carne suína (+24,2%), no leite (+19,8%), em ovos (+19,2%) e na carne bovina (+16,2%). E falando na pecuária, a produção total de carnes deve saltar dos atuais 28,6 para 35,4 milhões de toneladas. Ótimas oportunidades abertas ao Brasil, mesmo com todos os desafios enfrentados atualmente!

Foram divulgadas novas regras para o vazio sanitário na cultura da soja no Brasil. As duas principais alterações foram: a ampliação da obrigatoriedade da medida de 14 para 20 estados (AC, AL, AP, AM, BA, CE, GO, MA, MG, MT, MS, PA, PR, PI, RS, RO, RR, SC, SP e TO) e o Distrito Federal; e o aumento no período sem o cultivo de soja de 60 para 90 dias, o que altera o calendário de semeadura e a janela de plantio em algumas regiões. O principal objetivo da mudança é o de reduzir os danos gerados pela ferrugem asiática e aprimorar o manejo integrado de doenças em território nacional. Outros detalhes e o calendário completo podem ser encontrados no site do Mapa.

Nas atualizações de julho do Mapa em relação ao Valor Bruto da Produção (VBP) Agropecuária no Brasil em 2022, a estimativa é de R$ 1,241 trilhão na soma de todas as cadeias produtivas, alta de 1,6% na comparação com o VBP do ano passado. A elevação será sustentada pelo crescimento na renda das lavouras, estimada em R$ 875,5 bilhões (+5,2%), já que as cadeias da pecuária devem registrar VBP menor este ano, de R$ 365,7 bilhões; resultado da queda no VBP das três principais cadeias, a bovina (-5,3%), a suína (-11,7%) e a de frango (-9,3%).

Considerando dados consolidados do primeiro semestre, as importações de fertilizantes aumentaram 13% em volume em comparação ao mesmo período do ano passado, atingindo 20,36 milhões de toneladas, de acordo com os dados da Cargonave. Apesar dos preços mais altos, os agricultores seguem na busca pelo insumo para garantia de produção e rentabilidade no ciclo 2022/23.

De volta ao cenário global, o governo da Indonésia deve aumentar, de 30% para 35%, o teor de combustível de óleo de palma misturado ao biodiesel, segundo representantes do Ministério da Energia do país asiático. A medida visa a reduzir os elevados estoques do produto, consequente da proibição às exportações, para controle de preços. O país estuda ainda aumentar o índice para 40%.

No Brasil, a joint-venture entre Raízen e Geo Biogás deu início à construção de sua segunda unidade produtora de biometano no Brasil. A planta localizada em Piracicaba – SP terá capacidade para ofertar 26 milhões de m³ de gás natural renovável com contratos de venda já estabelecidos com Yara e Volkswagen. Além disso, as obras devem empregar 250 pessoas de forma direta e indireta. Mais um exemplo da economia circular se tornando realidade. Ainda no mercado da bioenergia, a Vibra anunciou que irá adquirir 50% do capital da ZEG Biogás. As empresas já trabalhavam em parceria no desenvolvimento do mercado de biometano, mas os investimentos serão intensificados com um compromisso que prevê R$ 412 milhões em novos projetos nos próximos anos. Dessa forma, a ZEG deverá ampliar seu potencial para 2 milhões de m³/dia até 2027.

Bunge e UPL devem combinar suas expertises para criar um pacote completo de soluções para agricultores do Norte e Nordeste do Brasil. A oferta da Orígeo, nova empresa formada pela aliança, deve abranger sementes, defensivos, produtos biológicos, fertilizantes, serviços de planeamento agrícola e comercialização, consultoria em certificações e agricultura de baixo carbono. E a Netafim está lançando soluções para auxiliar os produtores de uva no cumprimento da normativa 21, que traz as regras técnicas específicas para a produção de uva para processamento. A regulamentação é composta de 13 itens, entre eles: capacitação, gestão ambiental, implantação da cultura, nutrição e manejo de solo, irrigação, rastreabilidade, análise de resíduos e outros. A empresa está oferecendo planos para contribuir por meio da irrigação e fertirrigação localizada, além do monitoramento das necessidades da cultura para evitar desperdício, reduzir os custos e possibilitar uma produção mais sustentável.

Concluindo a seção de análise do agro, os preços na data de fechamento da nossa coluna estavam em: a soja para entrega em cooperativa de SP ficou em R$ 180,80/saca em julho/22, R$ 182,80/saca para agosto/22 e R$ 160,80/saca para março/23, queda relevante na comparação com os meses anteriores; o milho fechou em R$ 78,80/saca para julho/22 e R$ 77,80/saca com entrega prevista em setembro/22; no algodão (Base Esalq), a cotação era de R$ 201,61/arroba; e no boi gordo (Cepea/Esalq), a arroba ficou cotada em R$ 325,95. Em geral, os preços seguem tendência de queda; vamos ficar atentos às negociações, travamento de preços e outros, uma vez que o investimento para a safra 22/23 será maior!

Os cinco fatos do agro para acompanhar em agosto são:

• Evolução da colheita de milho 2ª e algodão no Brasil, bem como os rendimentos destas culturas. No caso do milho, o progresso está bastante avançado, sendo que o principal produtor (MT) já alcança 70% das áreas. Já para a pluma, o ritmo é um pouco mais lento, mas segue com boas perspectivas.
• Comportamento e eventos do clima sobre a safrinha (milho, algodão e outros) e cultivos inverno (trigo, cevada e outros) no Brasil; importante que este final de ciclo seja positivo para confirmação das boas expectativas de oferta destas culturas. Além disso, observar também o clima sobre a safra de grãos nos EUA; as condições seguem boas, mas algumas regiões estão em atenção com a seca.
• Expectativas para as primeiras projeções da produção de grãos na safra 2022/23 no Brasil. Com a proximidade do próximo ciclo, em agosto, rotineiramente acontecem divulgações (como a da Conab) dos primeiros números. É essencial avaliar as estimativas e entender como elas podem impactar no mercado.
• Seguir acompanhando a economia no Brasil e todos os eventos turbulentos que têm acontecido neste período pré-eleições: os projetos de incentivos sendo votados no Congresso; as movimentações políticas entre os partidos; as perspectivas para crescimento do PIB, a inflação e outros; e acompanhar as variações do câmbio (voltaram a crescer no início de julho).
• Por fim, também ficar de olho no cenário global: a continuidade e os impactos da invasão na Ucrânia; a crise energética, política e econômica em países da Europa; as manifestações de produtores rurais em países como a Holanda e outros também da Europa, as ondas de calor e queimadas no continente; e outros tópicos.

(*) Por Marcos Fava Neves, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, Vinícius Cambaúva e Vitor Nardini Marques, mestrandos na FEA-RP.

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