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Liberdade aos bebês: a grande mensagem de Emmi Pikler

Por Talita Martins (*) | 01/10/2019 11:33

Uma abordagem usada em algumas escolas, pelo mundo, vem ganhando fama com o passar dos anos. Quem é pai, mãe e/ou responsável por uma criança de até 3 anos e foi procurar por uma escola, creche ou berçário, provavelmente topou com o nome da médica austríaca que ganhou espaço na educação.

Emmi Pikler, pediatra e educadora, presumia que o bebê é capaz desde o nascimento e pode ser um parceiro ativo se o adulto de referência se propõe a esperar e perceber os sinais de reciprocidade. Assim, na década de 20, iniciou seus estudos com crianças de 0 a 3 anos, entre elas sua própria filha.

Convencida do quão competentes são os bebês, trabalhou em orfanatos e instituições que atendiam crianças pequenas. Nesses locais, implantou sua perspectiva de cuidar, baseada na liberdade, no vínculo e na autonomia dos pequenos.

Pikler acreditava na iniciativa própria. Então, nada de adultos entreterem e nem imporem atividades estimulantes às crianças. Difícil imaginar isso, né? A médica afirmava “A criança que consegue algo por sua própria iniciativa e por seus próprios meios adquire uma classe de conhecimentos superior àquela que recebe a solução pronta”. Basta que o ambiente seja seguro e dinâmico para que possa explorá-lo. Com segurança afetiva, sempre assistidos por algum adulto, os pequenos exploradores experimentam e se movimentam livremente, desenvolvendo a iniciativa e a autonomia.

Se você tem bebê em casa, repare. Eles ficam por um longo tempo analisando uma situação ou objeto. Quando apreendem algo novo que vinham analisando, testam, descobrem, significam e, assim, aprendem.

Experimente colocar seu filho ou filha de até 2 anos e meio em um tapete com objetos: colheres de madeira e inox, vasilhas de plástico e inox, bonecos de pano, bolas, garrafas pet, rolos de papel toalha vazios, latas de leite vazias, tampas de recipientes como café solúvel e papinhas, todos esses bem higienizados. Disponibilize-os, de forma que a criança consiga alcançá-los e pegá-los para manipular. Após alguns minutos de observação, você verá que tem um(a) grande investigador(a) em casa.

Para a pediatra, as atividades livres só são possíveis quando a criança tem o respeito do adulto responsável por seus cuidados. Assim, o bebê precisa receber atenção exclusiva do responsável nos momentos de higiene e alimentação, pois nessas ocasiões criam-se vínculos afetivos que darão confiança e plenitude ao bebê.

Cá estamos, 100 anos depois do início do trabalho de Emmi Pikler, aprendendo que amor e respeito são os principais ingredientes de um desenvolvimento saudável para os nossos bebês.

(*) Talita Martins é mestre pela UFMS em saúde, educação e desenvolvimento na região do Centro-Oeste

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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