Mãos Juntas
Os últimos acontecimentos que sacudiram o mundo tiveram um saldo positivo, no sentido de ter provocado o despertar do ser humano. A espiritualidade está se manifestando em tudo e em todos. A religiosidade sincera e verdadeira tem estado presente.
Sinto que desde que o ser humano existe, ele naturalmente junta as mãos quando se dirige a algo superior. Parece ser ao mesmo tempo instintivo e intuitivo.
Agora, a ciência comprova a eficácia desse ato, comprovando o que naturalmente cada um já sabia empiricamente. O gesto significa conexão com Deus.
As mãos juntas representam igualdade e reconhecimento da divindade do outro. Estimulam e motivam a meditação, proporcionando reverência e respeito, tranquilidade e paz interior.
É um hábito que remonta aos tempos mais antigos. Desde as práticas judaicas, dos ensinamentos hindus, do yoga e do budismo. Jesus ensinava aos seus discípulos que ao adentrar uma casa, unissem as mãos, dizendo: “Paz a esta casa e a todos os que aqui estão”.
As mãos juntas têm um simbolismo muito poderoso na história da humanidade, independentemente de crença ou religião.
Agora, Thaís Faria Coelho, uma neurocientista brasileira, com mais de 20 anos de experiência, divulga por meio do instituto que leva seu nome uma série de ensinamentos que comprovam o significado das mãos juntas. Recentemente, em um video no seu canal no Youtube, ela contou que a ciência confirma a eficácia dessa atitude, dizendo que ao juntar as mãos, as pessoas acionam os lobos temporais no cérebro, fazendo uma conexão com Deus. Os cientistas deram a essa região do cérebro o nome de “ponto de Deus”.
Esse fato está chamando a atenção de todos, porque confirma o que a religião já pregava sem evidência científica, baseada na intuição, mas que na realidade é verdadeira.
A pandemia, que tanto espanto continua causando em todo o mundo, nos colocou frente a frente com a morte. Morte, que na realidade é uma consequência natural da vida. Todos os dias morre gente em todo o mundo, pelos mais variados motivos. Assim como, diariamente, nasce gente em todo o mundo. Uns chegam. Outros partem de volta para a pátria espiritual, onde daremos continuidade aos nossos trabalhos.
Por curiosidade, fiz um levantamento sobre o número de mortos e de nascimentos no Brasil. Segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais, no ano de 2020 morreram l.464.243 pessoas, enquanto 2.629.317 nasceram. Ou seja, nasce muito mais gente do que morre. E por que os nascimentos não merecem tanto destaque? Notícia boa não dá samba, não dá notícia.
Penso que seja por causa do apego, que condiciona e dirige a vida de quase todas as pessoas. O apego faz pensar que se perdeu um pai, uma mãe, um filho, um irmão etc. Mas, parafraseando Lavoisier: “Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo apenas se transforma”. Esta verdade, quando devidamente entendida, propicia a verdadeira libertação.
A transformação que esse entendimento proporciona não pode ser descrita por palavras, pois implica na vivência dessa experiência salutar e libertadora. A situação natural irá provocar, penso eu, o despertar que conduzirá cada um a trilhar o seu caminho individual, a pensar por si mesmo, porque ocupará toda a sua alma, desimpedida e sem a distração de pensamentos secundários, sem ser corrompida por artifícios retóricos.
E assim, de mãos juntas, vamos agradecer a Deus e conectar-nos com Ele.
Heitor Rodrigues Freire (*) – Corretor de imóveis e advogado.