Mato Grosso do Sul também é “celeiro de inteligência científica”
“Brasil, celeiro do mundo” é uma frase já bastante conhecida por todos nós. Ela nos remete à posição do país referente a sua capacidade mundial de produção de alimentos. Com efeito, sabemos que a grande locomotiva brasileira que coloca o país em destaque na cadeia produtiva de alimentos é o Centro-Oeste. Mato Grosso do Sul, seguramente, contribui aí com o seu quinhão.
O que talvez não esteja ainda tão claro, nem ao Brasil, nem ao Centro-Oeste, e nem mesmo ao Mato Grosso do Sul, é que somos também um celeiro de inteligência científica. Estamos acostumados a certa imagem caricatural de MS (do Centro-Oeste, em geral), que não enxerga o seu enorme potencial científico. Ora, não se nasce “celeiro do mundo”, isso só é possível com muita inteligência científica e tecnologia aplicadas. E, não custa lembrar, inteligência, tecnologia e ciência não nascem em árvores, são frutos de conhecimento produzido pelas Universidades, por cientistas, pesquisadores e pesquisadoras que dedicam horas, semanas, uma vida inteira de muito, muito trabalho. Temos muitos desses cientistas em nosso estado e temos muito dessa inteligência, tecnologia e ciência produzidos em MS; todavia, este é um dado pouco notado e repercutido socialmente. Como a sociedade sul-mato-grossense enxerga e pensa sua inteligência científica? Como essa inteligência se apresenta e dialoga com a sociedade sul-mato-grossense? Certamente, ainda há muito ainda a avançar no diálogo ciência-sociedade em MS, e, talvez, uma das formas de fazer isso é socializar, divulgar, difundir a ideia de que o famoso “celeiro do mundo” é, igualmente, “celeiro de CT&I” (ciência, tecnologia e inovação).
Um exemplo disso pode ser constatado na recente participação de Mato Grosso do Sul na 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada em Brasília, entre os dias 30, 31 e 01 da semana passada. Com uma representação institucional diversa, que envolveu expressões de todos os segmentos ligados à inteligência científica estadual, MS participou ativamente da enorme variedade temática das sessões da Conferência, desde a entrega, ao Presidente Lula, do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, passando por discussões sobre o futuro das Universidades, sobre mercado de trabalho de pesquisadores e cientistas, estratégias gerais para um Plano Nacional de CT&I chegando até mesmo à questão da contribuição das “humanidades” para o desenvolvimento do Brasil.
Em tudo isso e mais, desde as etapas estadual e regional da Conferência Nacional, a comunidade científica de MS, sob a iniciativa e articulação da Secti - Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Inovação, compareceu, debateu, sugeriu, pensou, enfim, se fez presente e atuante nos cenários regional e nacional. Cada vez mais integrada, a Ciência de MS avança, amadurece e dá mostras ao Brasil e a si mesma de que o “celeiro do mundo” também é um “celeiro de inteligência científica”.
(*) Weiny César Freitas Pinto é Professor do Curso de Filosofia e da Pós-Graduação em Psicologia da UFMS. Coordenador do FEFICH – Fórum Estadual de Filosofia e das Ciências Humanas de MS.
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