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Os inspiradores erros e acertos da Petrobras

Por *Walter Roque Gonçalves (*) | 03/06/2016 10:26

A Petrobras foi reconhecida como a 9ª maior companhia do mundo, líder entre as maiores indústrias, Top of Mind por 11 anos consecutivos e segundo lugar entre as empresas dos sonhos para se trabalhar, perdendo apenas para o Google. Fatos hoje ofuscados pelas revelações da Operação Lava-Jato que a cada edição traz à tona, mais daquilo que transformou o orgulho em decepção.

Entretanto, há outros fatores aquém à corrupção que merecem atenção. Afinal, o governo, acionista majoritário, na busca da manutenção das políticas internas, invertendo as prioridades e objetivos empresariais, extrapolando “os limites das reais possibilidades da companhia em seu ambiente de negócios.” Carta Capital, agosto, 2015.
Por consequência, mesmo que não houvesse corrupção, os resultados negativos iriam acumular-se, tirando o fôlego da empresa para reagir em momentos desfavoráveis, a exemplo da queda, em 2015, do preço internacional do petróleo e da desvalorização do real.

Fazendo um paralelo com o setor privado, muitos empresários invertem suas prioridades de forma parecida: a fim de sustentar a insaciável e crescente necessidade do padrão de vida (“políticas internas”) fazem negócios que estão além da sua capacidade, se autossabotam. Faltam limites para as retiradas dos sócios em alguns casos, e em outros, não há ao menos controle daquilo que foi pago com o dinheiro da empresa. O empresário tem direito às retiradas, mas estas devem ser feitas com a mesma cautela de outros gastos da corporação.

É como se as “políticas internas” da família fossem mais importantes do que as da empresa. Inverter estas prioridades pode inviabilizar qualquer negócio, pois é da eficiência empresarial que se sustentarão as necessidades pessoais, e não o contrário.

Este tipo de comportamento deixa a visão difusa, peca-se pelo excesso: de cessão de créditos, estoques, contratações, demissões, investimentos, financiamentos. Com isso, os prejuízos tornam-se constantes. O ciclo se torna destrutivo e a falência passa a ser uma questão de tempo.

Em artigo publicado na Folha de São Paulo, 29 de maio, na atual presidência da Petrobras, Aldemir Bendine, diz que conseguiu colocar a Petrobras num bom caminho. Para isso, foi necessário diminuir o tamanho da empresa, investimentos, refazer o plano de negócios, além de uma profunda reestruturação organizacional, incluindo os modelos de decisão e contratação. Desta forma, Bendine conseguiu deixar o saldo operacional positivo, fato que não acontece desde 2008.

Os inspiradores erros e acertos da Petrobras permitem aos empresários mais atentos a reavaliarem o próprio modelo de negócios, aprender com aquilo que nos gera orgulho ou decepção e mudar comportamento para colocar sua empresa também num bom caminho.

(*) Walter Roque Gonçalves é consultor de empresas, professor executivo/colunista da FGV/ABS (FGV/América Business School) de Presidente Prudente (SP).

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