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Cidades

"Acostumados com perigo", moradores relatam rotina onde caminhão foi saqueado

Saque a caminhão de mudança é só mais um dos vários relatos de roubos e furtos na região do Jóquei Clube

Silvia Frias e Alana Portela | 31/05/2021 11:41
Edileuza mora há 20 anos no Marcos Roberto e conta que o filho e cliente já foram alvo dos ladrões (Foto: Marcos Maluf)
Edileuza mora há 20 anos no Marcos Roberto e conta que o filho e cliente já foram alvo dos ladrões (Foto: Marcos Maluf)

O saque a um caminhão de mudança na semana passada é só  mais um dos diversos casos de roubos e furtos que fazem parte do repertório dos moradores do Jardim Joquei Clube, Marcos Roberto, Nhanhá e região.

“Estou acostumada com o perigo”, disse a empresária Solange Bertolino, 54 anos, mora e trabalha no Joquei Clube há 20 anos, onde abriu gráfica. Pelo tempo que mora no bairro, diz conhecer a maioria dos usuários de droga e chegou a fornecer água e comida para eles. “Mas parei porque ficavam batendo no meu portão até 22h”. Porém, sempre aparece novas caras pela região.

Para evitar furto, a família nunca deixa o imóvel vazio, estratégia que pode evitar dissabores, como lembra Solange. “Já aconteceu de casal alugar casa e viajar, quando voltou, já não tinha mais nada, levaram sofá, geladeira, guarda-roupa”, disse a empresária. Ela se recorda que chegou a recuperar duas cadeiras com os usuários de drogas, mas o casal, desiludido, nem chegou a buscar.

Moradores tentam se proteger como podem para evitar furtos e roubos (Foto: Marcos Maluf)
Moradores tentam se proteger como podem para evitar furtos e roubos (Foto: Marcos Maluf)

Além das casas, os fios de energia também são alvo constante dos furtos, conta a empresária Edileuza Martins, que mora no Marcos Roberto há 20 anos e onde abriu casa de bolos. Não faz muito tempo, o filho foi rendido em roubo a mão armada, aos gritos de ‘perdeu, perdeu’. Ela conta que o rapaz é militar, sacou a arma e o ladrão fugiu. Em outra situação, cliente de apenas 17 anos estava comendo bolo na calçada da loja quando foi rendida por rapaz. "Ele apontou a arma na cabeça dela", conta. O rapaz pegou o celular e fugiu de bicicleta.

 A dona de casa Thalita Vasconcelos, 20 anos, mora na Vila Nhanhá, próximo do Marcos Roberto e considera a área muito violenta. “A casa nunca pode estar vazia e quase todo dia ouço que entraram na casa de alguém e levaram televisão”. Diz que já viu briga na rua entre usuários e evita sair de casa depois das 20h. “Às vezes a polícia faz ronda na região, mas acho que isso não coíbe não”.

Solange diz que estratégia é sempre ter alguém em casa, de vigília (Foto: Marcos Maluf)
Solange diz que estratégia é sempre ter alguém em casa, de vigília (Foto: Marcos Maluf)

 A briga também foi citada pelo barbeiro Iury Arruda, 23 anos, que mora no Jóquei Clube há três anos. “Se não tivesse fechado, a loja teria parado aqui dentro”.

A reportagem percorreu a região dos três bairros e constatou a presença de vários usuários de droga sentados nas calçadas ou caminhando pelas ruas.

 Curiosamente, os entrevistados não citaram a presença dos pontos de venda de droga nos bairros como parte do problema.

A equipe conversou com outros moradores, que não quiseram se identificar. Essas pessoas disseram que os usuários de drogas conhecidos e residentes na região evitam a participação em roubos e furtos, pois isso pode atrair a atenção da polícia e, consequentemente, causar problemas para o esquema do tráfico de drogas.

Na quinta-feira passada (27), caminhão de mudança parado nas ruas Ouro Verde com Japão, no bairro Marcos Roberto, foi saqueado, sendo levado praticamente todos os móveis de família de Goiânia (GO). O veículo estava sob responsabilidade de ajudante do motorista, que alega ter sido sequestrado. O caso está sob investigação.

A reportagem entrou em contato com a PM (Polícia Militar) e a informação é que o batalhão responsável pelo policiamento da região tem reforçado ações preventivas na localidade. Informamos ainda, que o policiamento de toda capital  conta com o reforço de novos policiais militares formados no dia 12 de maio. "O comandante da área está em contato direto com a comunidade local, visando implantar soluções para o problema descrito".

#atualizada às 12h10 para acréscimo de informações

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