Advogada presa por ajudar em plano de fuga do PCC consegue prisão domiciliar
Kássia é de Três Lagoas, estava no Presídio Militar e alegou que tem de cuidar do filho autista
Presa por suspeita de colaborar em plano de fuga de integrantes do PCC, a advogada de Três Lagoas, Kássia Regina Brianez Trulha de Assis, de 41 anos, conseguiu direito à prisão domiciliar, após alegar que precisa cuidar do filho autista.
Ela está no Presídio Militar, em Campo Grande, desde o dia 10 de agosto, data da operação Anjos da Guarda, que revelou esquema para libertar líderes da facção paulista. A Justiça Federal tomou a decisão ontem, mas determinou que Kássia seja liberada com use tornozeleira eletrônica e só saia de casa em situação de emergência médica.
Investigação a PF (Polícia Federal) indica que o PCC levantou os nomes de servidores públicos federais para sequestrá-los e usá-los como “moeda de troca” na libertação de Marco Willians Herbas Camacho, de 54 anos, o Marcola.
As informações estavam no computadores da asvogada sul-mato-grossense. Ainda de acordo com as investigações da PF, no relatório analisado havia um recado dizendo que caso não houvesse a negociação após o sequestro dos servidores, eles deveriam ser assassinados.
Kássia defendia presos ligados ao PCC em penitenciária estadual de Campo Grande e em presídios federais.
Nas anotações encontradas no celular dela, havia até referência a “plano suicida”, com uma rebelião, como a última alternativa para resgatar presos do PCC.
As investigações começaram em dezembro do ano passado, quando foram monitoradas conversas de advogados e familiares de detentos na Penitenciária Federal de Brasília. Os presidiários do PCC, defensores e visitantes falavam em código para tratar do plano de resgate e mencionavam as siglas “STF”, para se referir a fuga da liderança presa em Brasília, e “STJ”, para cobrar o andamento da ação.
O código foi quebrado em fevereiro deste ano, após Kassia deixar uma penitenciária estadual de Campo Grande, onde havia se encontrado com Esdras Augusto do Nascimento Júnior, outra liderança do PCC, recém-saído do presídio federal de Brasília, onde era acostumado a tomar sol com Marcola. No celular da advogada havia a seguinte anotação:
“Plano 1 – Código STF. Por que não foi feito? Qual a dificuldade em fazer? Já estão monitorando? Do que precisam para fazer? Tem informações internas e externas da unidade. Plano 2 - Sequência - Código STJ. Sequestrar diretor-geral e chefe de segurança. Família deles. Fazer o cativeiro em outro estado. Plano 3 - suicida, - uma rebelião - em 8 meses se o STF e o STJ não for concluído, o Ciro, ou seja, Marcola, vai excetuar o plano suicídio, dentro do sistema PF (penitenciária federal), vai ser uma missão suicida”.