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Cidades

Banco de DNA dá esperança a irmãos de Regiane, desaparecida desde 2018

Coleta de material genético foi lançada hoje, como parte de iniciativa nacional para localizar desaparecidos

Marta Ferreira e Tainá Jara | 25/05/2021 11:28
Desiane passou pela coleta de material genético esta manhã. (Foto: Henrique Kawaminami)
Desiane passou pela coleta de material genético esta manhã. (Foto: Henrique Kawaminami)

Há 30 meses vivendo a agonia de não ter notícias de Regiane Alves Medeiros Acunha, sumida desde 13 de dezembro de 2018, no Jardim Tijuca, em Campo Grande, a família dela  viveu hoje nova expectativa de descoberta do que pode ter ocorrido com a jovem de 22 anos. Dois parentes consanguíneos recolheram material para fazer parte de banco genético nacional, criado para tentar ajudar na localização de desaparecidos.

Para o mecânico da David Alves Alcunha, de 28 anos, e para a autonôma Desiane Alves Alcunha, de 26 anos, irmãos de Regiane, é um dia de esperança de, pelo menos responder à pergunta que não silencia.

“Eu tenho esperança de encontrar ela viva, mas se for para encontrar morta, que seja a vontade de Deus”, afirma David.

Regiane foi vista pela última vez em um ponto de ônibus, no Jardim Tijuca. Deixou dois filhos, de 4 e 2 anos à época.

Regiane sumiu em dezembro de 2018, aos 22 anos. (Foto: Redes sociais)
Regiane sumiu em dezembro de 2018, aos 22 anos. (Foto: Redes sociais)

Hoje, as crianças perguntam menos, mas ainda querem saber da da mãe, conta o tio.

“A gente espera respostas e não tem nada”, acrescenta a irmã sobre o desalento de ficar tanto tempo procurando Regiane. Sem conseguir controlar o choro, Desiane fala das lembranças da irmã, principalmente à noite, quando elas tinham mais convívio.

Para ela, é certo que Regiane foi vítima de algum crime. De livre e espontânea vontade, afirma, a irmã não ficaria sem dar notícias aos familiares. “Até porque ela amava muito os filhos dela”, avalia.

O desaparecimento de Regiane foi registrado na DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), um dos braços de implantação do banco genético de pessoas desaparecidas.

Como é - A iniciativa foi lançada nesta terça-feira (25), em alusão ao “Dia Internacional das Crianças Desaparecidas”. A coleta de DNA dos familiares de pessoas nessa situação poderá ser realizada no IALF (Instituto de Análises Laboratoriais Forense), em Campo Grande, e nas 11 unidades regionais de perícia oficial, nos municípios de Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Costa Rica, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.

Ainda não é para procurar os locais. Haverá programação de 14 a 28 de junho específica para coleta.

Em Campo Grande, interessados devem fazer agendamento pelo telefone específico de WhattsApp da Delegacia de Homicídios, o 67 9238-4923.

Irmãos assinam termo depois de fornecer material para banco nacional de material genético. (Foto: Henrique Kawaminami)
Irmãos assinam termo depois de fornecer material para banco nacional de material genético. (Foto: Henrique Kawaminami)

É tudo voluntário e indolor, conforme alertam as autoridades responsáveis. É garantido também que o material colhido não será usado em nenhuma outra hipótese além de identificar pessoas desaparecidas.

O método prevê cruzamento de dados de pessoas vivas com o DNA das desaparecidas. Se algum bater, a família que procura a pessoa será avisada.

Podem doar material parentes em primeiro grau. Entrega de objetos da pessoa procurada também vale, desde que haja material genético. Isso é possível com escova de dente, dente de leite, prótese dentária, aparelho ortodôntico.

Sob responsabilidade do Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da RIBPG (Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos), a ação será conduzida no estado pela Polícia Civil, via Delegacia de Homicídios e Coordenadoria-Geral de Perícias, por meio do IALF.

Dados - O número de famílias que podem sair da angústia de ter um ente sem paradeiro conhecido, podendo ter sido vítima de violências passa dos 7,7 mil em Mato Grosso do Sul só nos últimos cinco anos.

Desse universo, 3,1 mil, ou 40%, são de Campo Grande. Só em 2021, do dia 1º de janeiro a 20 de maio já foram registrados 409 desaparecimentos, 83 deles na capital

O número de crianças de 0 a 11 anos é de 72, em média, nos últimos 5 anos. No Estado, o índice de localização é perto dos 88%, conforme o dado mais recente.

Quem se dispuser a fazer o procedimento assinará termo de consentimento. Para a retirada de amostra de DNA dos familiares das vítimas, é feito apenas esfregaço da bochecha com um cotonete.

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