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Cidades

Bebê precisará de cuidados permanentes após retirada de fio metálico do peito

Criança não poderá ir à creche, receber visitas em casa, nem correr risco de queda

Por Murilo Medeiros | 03/03/2025 13:59
Bebê precisará de cuidados permanentes após retirada de fio metálico do peito
Beatriz e André Melo sorridentes com o filho no colo ao sair do hospital (Foto: Arquivo pessoal)

O bebê de 1 ano e 6 meses que passou por uma cirurgia de peito aberto para retirada de um fio metálico do coração recebeu alta neste sábado (1º). O objeto era um fio guia de cateter, esquecido por médicos durante um procedimento no Hospital da Cassems, em Três Lagoas. Após 24 dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), o quadro de saúde da criança mudou drasticamente: agora, ele precisará de acompanhamento médico constante.

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Bebê de 1 ano e 6 meses que teve fio metálico esquecido no coração durante procedimento no Hospital da Cassems de Três Lagoas recebe alta após 24 dias de UTI, mas precisará de cuidados e acompanhamento médico constantes. Família está apreensiva em retornar a Três Lagoas para realizar curativos no hospital onde ocorreu o erro médico. Advogado da família acionará judicialmente os responsáveis. Cassems não se pronunciou sobre o caso.

"Ele ficou com muitas cicatrizes pelo corpo, mas a maior foi o sofrimento e a dor de passar por tudo isso sem necessidade alguma. Era uma criança saudável e sem problemas no coração, e agora demanda cuidados especiais. Isso afetou e afetará sua infância", desabafa Beatriz Melo, mãe do bebê.

No pós-operatório, a criança teve uma inflamação grave e precisou passar por novos procedimentos invasivos para a instalação de drenos no pulmão. Também apresentou complicações no intestino, que parou de contrair temporariamente, dificultando a passagem dos alimentos. Ele teve febre e desenvolveu uma condição que causa acúmulo de líquido no abdômen.

O osso do tórax da criança precisou ser aberto para a retirada do corpo estranho e só será calcificado em três meses. Nesse período, qualquer queda representa um risco. Com a imunidade fragilizada, ele não pode frequentar a creche e precisará de acompanhamento médico contínuo com cardiologista pediátrico, imunologista e pediatra em Três Lagoas.

"Ele agora terá um novo normal. Não terá uma vida como antes, precisa de cuidados intensivos e não pode sofrer nenhuma queda. Infelizmente, não poderemos receber visitas, pois o sistema imunológico está frágil. Ir para a escolinha, só depois dos 4 anos", relata Beatriz.

A rotina da família também mudou drasticamente. Beatriz, que é enfermeira, e o pai do bebê, o engenheiro André Melo, passaram 25 dias em Campo Grande acompanhando o filho no Hospital da Cassems. Enquanto isso, a filha do casal, de 8 anos, precisou morar com a tia e chegou a desenvolver crises de ansiedade devido à saudade.

Bebê precisará de cuidados permanentes após retirada de fio metálico do peito
Exames mostram fio guia de cateter esquecido no peito de bebê (Foto: Direto das Ruas)

Mesmo com tanto perrengue, estamos muito agradecidos a Deus e a toda a equipe do Hospital da Cassems de Campo Grande porque temos a vida do nosso filho. Houve dias em que achamos que o perderíamos. Em um deles, ele precisou voltar ao centro cirúrgico para mais dois procedimentos", conta Beatriz.

Agora, a família se preocupa com o retorno a Três Lagoas, onde o bebê precisará continuar o tratamento. "Estamos receosos de levá-lo para fazer os curativos no Hospital da Cassems de lá", diz Beatriz. Hoje, os curativos foram trocados em Campo Grande, mas o retorno ao interior deve acontecer em breve.

Entenda o caso - O fio metálico foi esquecido no coração da criança durante duas internações por infecções graves no ouvido. Na época, os médicos realizaram um acesso central no pescoço do bebê, mas o fio guia do cateter foi deixado no organismo dele.

A família descobriu a situação no dia 5 de fevereiro, quando levou a criança ao hospital suspeitando que ele tivesse engolido uma pilha enquanto brincava com uma calculadora. No exame de raio-x, a pilha não foi encontrada, mas os médicos identificaram o fio metálico no coração da criança.

Ele foi então transferido para o Hospital da Cassems de Campo Grande, onde passou por cirurgia de peito aberto e ficou internado por 24 dias.

Beatriz destaca a importância de exames adicionais após procedimentos invasivos como o acesso central. "Pedir uma tomografia ou um simples raio-x para verificar se não ficou nenhum artefato no corpo pode evitar situações como essa. Se tivessem descoberto antes, meu filho não teria passado por isso".

Procurada pelo Campo Grande News, a assessoria da Cassems informou que "seguindo resoluções e normativas éticas, não comenta quadros de pacientes atendidos em suas unidades". Enquanto isso, os pais seguem focados na reabilitação do bebê, mas o advogado da família já trabalha para acionar judicialmente os responsáveis pelo erro médico.

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