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Cidades

Chefe de facção e alvo do Gaeco em MS, "Miro Louco" soma 107 anos de condenação

Gaeco fez buscas em endereços de Campo Grande e do estado vizinho, MT, ligados a Miro, chefe de facção

Por Dayene Paz | 21/02/2024 11:31
Agentes do Gaeco no início da operação contra Miro Louco, nesta terça-feira. (Foto: Divulgação) 
Agentes do Gaeco no início da operação contra Miro Louco, nesta terça-feira. (Foto: Divulgação)

Miro Arcângelo Gonçalves de Jesus, o “Miro Louco”, vice-líder do Comando Vermelho em Mato Grosso, inclusive um dos criadores da facção criminosa naquele estado, soma 107 anos de condenação. Nesta terça-feira (20), endereços ligados a ele, em Campo Grande e em MT, foram vistoriados pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado) durante a Operação "Último Voo".

Considerado uma das principais lideranças, membro do “Conselho Final” e um dos responsáveis pelo financeiro da facção, Miro responde por crimes como tráfico de drogas, homicídios, roubos e organização criminosa. Custodiado na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR), ele comanda diversas “bocas de fumos” na Grande Cuiabá.

Em 2014, Miro foi alvo de uma operação da Polícia Civil de MT, chamada de "Grená". Isso porque, duas mortes ocorridas dentro do Centro Ressocialização de Cuiabá (CRC) e um latrocínio na cidade de Várzea Grande foram cometidos por ordem do alto escalão da facção do Comando Vermelho, após analisados e condenados em uma espécie de “tribunal do crime”.

Uma das vítimas, Rafael Ramos de Oliveira, ou "Rafinha", foi assassinado por ter aplicado golpe em uma pessoa identificada por “Geninho”, amigo de Miro Ancanjelo. Isso porque, Geninho queria comprar meio quilo de entorpecente e uma segunda pessoa fez a ponte entre ele e Rafinha.

Centro de Ressocialização de Cuiabá, onde Rafinha foi morto. (Foto: Arquivo/Divulgação)
Centro de Ressocialização de Cuiabá, onde Rafinha foi morto. (Foto: Arquivo/Divulgação)

Então, Rafinha informou que uma mulher iria buscar o dinheiro, no valor de R$ 3,3 mil, e logo em seguida um homem lhe entregaria a droga. No entanto, Geninho ficou sem o dinheiro e sem a droga, descobrindo que foi enganado por Rafinha.

Após alguns dias, Rafinha organizou uma festa dentro da unidade prisional, ostentando dinheiro e chamando a atenção de outros detentos. Para não ficar no prejuízo, Geninho entrou em contato com o amigo Miro, contando toda a história em busca de solução para o caso.

Em sua defesa, Rafinha negou ter aplicado golpe. Diante da negativa, Miro entrou em contato com a cúpula do Comando Vermelho de MT, que decidiram realizar conferência para ouvir as partes, analisar e emitir o parecer final, pelos membros do “tribunal do crime”.

A morte do reeducando ocorreu para dar exemplo aos demais internos e com isso a facção estaria aplicando as sanções do Estatuto. Rafinha foi obrigado a ingerir um líquido misturado com substância entorpecente, que eles denominam de “Gatorade”, capaz de provocar uma overdose.

Transferência - Há anos, Miro tenta voltar para Mato Grosso e ficar custodiado na PCE (Penitenciária Central do Estado), em Cuiabá. A defesa sustenta "ausência de fundamentação idônea" para mantê-lo segregado em outro estado e ainda prejuízos psicológicos e financeiros, levando em conta que as visitas dos familiares geram altos custos, além do deslocamento da sua mãe idosa.

Mas, o pedido foi negado pelo desembargador do TJMT (Tribunal de Justiça de Mato Grosso), Marcos Machado, em decisão de janeiro deste ano. Segundo o site local, Midia News, o desembargador citou relatório encaminhado pela diretoria da Penitenciária Federal de Catanduvas contra o retorno do criminoso para o estado de origem, onde consta que mesmo no presídio de segurança máxima, Miro estaria se utilizando de intermediários para se comunicar com o mundo exterior "no intuito de diligenciar meios de permanecer no comando de negócios ilícitos".

Além disso, a diretoria ressaltou que o preso possui comportamento incompatível com as normas da unidade, tendo sua conduta reclassificada para o ‘mau comportamento carcerário’ até 22 de outubro de 2024. “Se a permanência do paciente no Presídio Federal está justificada na sua periculosidade e necessidade de salvaguardar a ordem pública, não se identifica constrangimento ilegal a ser sanado.Com essas considerações, impetração conhecida, mas denegada a ordem”, votou o desembargador.

Operação - No início da manhã desta terça-feira (20), o Gaeco de Mato Grosso deflagrou a operação Último Voo. Em cidades do estado vizinho e em Campo Grande (MS), no Pará e no Paraná foram cumpridos mandados de busca e apreensão, além de sequestro de bens de familiares e de pessoas ligadas a Miro Arcângelo Gonçalves de Jesus.

Dinheiro e a barra de ouro apreendido durante a operação (Foto: MPMT)
Dinheiro e a barra de ouro apreendido durante a operação (Foto: MPMT)

Foram realizadas buscas em 19 endereços onde foram apreendidos aparelhos e chips de celulares, notebook, cinco veículos, dinheiro em espécie, joias, uma barra de ouro, uma máquina de contar cédulas e documentos contábeis. Ao todo, foram 15 alvos.

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