ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JULHO, TERÇA  16    CAMPO GRANDE 21º

Cidades

Contra colapso em Campo Grande, municípios da macrorregião ampliam restrições

Seis municípios adotaram medidas mais restritivas a partir deste mês, quando a ocupação de UTIs na macrorregião atinge 81% no SUS

Silvia Frias e Guilherme Correia | 18/07/2020 08:51
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Com lotação de 81% dos leitos do SUS para casos confirmados ou suspeitos de covid-19, agora depende dos 34 municípios que integram a macrorregião de Campo Grande adotar medidas para conter o avanço da doença e evitar, ao máximo, o colapso do sistema de saúde na Capital.  Ontem, a rede particular também anunciou que trabalha no limite, com menos de 1% dos leitos de UTI disponíveis.

Juntas, as 34 cidades somam 7.621 dos infectados, 48,22% dos 15.805 do Estado, além de registrarem 78 mortes. Seis municípios, incluindo Campo Grande, estão com "bandeira preta", que indica pior situação. O efeito do descontrole da doença no entorno da Capital, tem como reflexo a superlotação de toda a rede de saúde em Campo Grande, que é a referência na macrorregião.

O assunto já foi abordado em reuniões da CIB (Comissão Intergestora Bipartite), formada pelos gestores municipais e do Estado, em que foi recomendado às prefeituras que adotassem mais medidas restritivas, como ampliação do toque de recolher. O efeito esperado é aumentar os índices de isolamento social de Mato Grosso do Sul, um dos piores no ranking nacional.

A reportagem fez levantamento com 16 municípios que integram a macrorregião de Campo Grande, priorizando a consulta pelos que têm maior número de casos confirmados, registro de mortes e/ou que apresentam crescimento no índice de infectados A pesquisa foi feita com informações divulgadas nas redes sociais e decretos publicados.

Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Panorama -  Pelo menos seis municípios adotaram medidas mais restritivas a partir deste mês, quando a curva de contaminação cresceu vertiginosamente em MS. Um deles foi Coxim, a 253 quilômetros de Campo Grande.

No dia 10 de julho, a administração baixou decreto 324/2020 que institui o “lockdown 55h”, segundo o prefeito Aluízio São José (PSB). Comércio deverá fechar as portas das 22h de sexta-feira até as 5h da segunda-feira. Lanchonetes e conveniências podem funcionar no sistema delivery e somente serviços essenciais estão autorizados, como farmácias, supermercados e funerárias.

Pelo mesmo período, fica proibida a entrada de pessoas de outros municípios na cidade. Em live realizada esta semana, o prefeito fez apelo para que população obedeça às normas. “Existe preocupação com município de Campo Grande e o número de leitos que está apresentando lotação expressiva”, disse.

A preocupação está embasada nas estatísticas do Estado.  A macrorregião de Campo Grande, formada pela capital e mais 33 municípios tem a maior taxa de ocupação global de leitos. Dos 227 ofertados pelo SUS, 81% deles estão ocupados, incluindo nessa conta os confirmados de covid-19 (30%), suspeitos (6%) e os não covid-19 (45%).

De acordo com a SES (Secretaria Estadual de Saude), para atender os 34 municípios, foram disponibilizados leitos de UTI em Campo Grande, Aquidauana, Sidrolândia, Chapadão do Sul e Costa Rica, que podem atender as cidades próximas. A descentralização tenta evitar que todos sigam o caminho até a capital.

Em Costa Rica, a 327 quilômetros de Campo Grande, foram as estatísticas que determinaram a ampliação das medidas restritivas. O prefeito Waldeli dos Santos Rosa (MDB) disse que o índice de contaminação passou de 3,30 por dia para 3,8 diários. “Isso quer dizer que a cada 30 dias, podemos chegar a mais de 100 pessoas contaminadas”, disse, em live realizada no dia 15 de julho. Hoje a cidade tem 107 casos confirmados de covid-19 e duas mortes.

Desde ontem (16), o município o uso de máscara passa a ser obrigatório em repartições públicas, comércio e nas ruas. “Se trabalhar sozinho no escritório, use a máscara, crie o hábito, para não esquecer hora que sair”, disse. A medida só não será válida para crianças até 4 anos e os que tiverem recomendação médica comprovada.

Outra medida obrigatória agora, apenas recomendada antes, é o uso de álcool em gel nas maquininhas de cartão. O município já havia proibido a venda de bebidas alcoólicas a partir das 20h, além das restrições impostas desde março, como suspensão das aulas e proibição e festas e aglomerações. “Se não melhorar, vamos tomar medidas mais duras”, avisou. Também pediu que a população denuncie as irregularidades. “Vamos expor quem não cumpre isolamento, faça foto, coloque na rede social, vamos chamar a sociedade para responsabilidade”.

Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Em Bela Vista, a 323 quilômetros de Campo Grande, a prefeitura manteve medidas sanitárias adotadas desde março e, desde dia 14 de julho, passou a fazer desinfecção diária da cidade, a partir das 18h, nos pontos de maior aglomeração.

Outros municípios consultados ampliaram o toque de recolher. Em Jardim, a 239 quilômetros de Campo Grande, desde o dia 10 de julho, a restrição passou a vigorar a partir das 21h até 5h. Antes, a medida se iniciava às 23h. Entre março e abril, a cidade temia pelo aumento de casos de morte em decorrência da alta incidência da vizinha Guia Lopes da Laguna, que tem 255 casos confirmados da doença.

Hoje, segundo o secretário de Saúde de Jardim, Jorge Kafure Junior, a situação é considerada sob controle, porém, ainda sob restrições, como uso obrigatório de máscara. “Estamos conseguindo, gradativamente, mas isso pode mudar”, advertiu. Pelo boletim, a cidade tem 63 casos confirmados e uma morte.

A exemplo de Jardim, Alcinópolis, a 256 quilômetros de Campo Grande, com dois casos confirmados e uma morte, também ampliou o toque de recolher, das 22h para 21h, terminado às 5h. O município ganhou “bandeira preta” no mapa do Prosseguir (Programa de Saúde e Segurança na Economia) do governo estadual, classificação que o insere na de risco extremo para covid-19 que leva em conta dez itens, como disponibilidade de leitos ou testagem.

Maracaju, distante 141 quilômetros de Campo Grande também recebeu “bandeira preta”, mas a classificação é contestada. O prefeito Maurílio Azambuja (MDB) disse que irá manter as mesmas restrições já previstas, como uso de máscara e recomendações sanitárias no comércio. A cidade levantou a barreira sanitária e o toque de recolher. “Nós já temos 89 pessoas curadas, não tem nenhum doente internado, estamos controlando”. Hoje, são 133 casos confirmados e um óbito.

Em Nioaque, que também foi pintada de “preto”, a barreira sanitária foi suspensa dia 10 de julho e o município estuda novas medidas. Terenos, com 53 casos confirmados da doença, impôs barreiras sanitárias desde o dia 10 de julho, medida que se soma ao uso de máscara e adoção de plano de biossegurança para comércio.

Caracol e Rochedo flexibilizaram atividades, permitindo a reabertura de igreja e comércio, embora mantenham uso obrigatório de máscara. As outras cidades consultadas não fizeram alterações: Rio Negro, Rio Verde de Mato Grosso, Sidrolândia e Sonora.

Em Aquidauana, a 140 quilômetros de Campo Grande, desde sexta-feira (17) está proibido o consumo de álcool em qualquer local público, bar, conveniência, lanchonete ou restaurante, durante qualquer momento do dia. A prefeitura também fechou igrejas e academias até o próximo dia 31. Também há toque de recolher,  de 22h às 5h. Com 18 infectados, nesta semana 2 pessoas morreram no município.

A macrorregião de Campo Grande é formada ainda pelos municípios de  Anastácio, Bandeirantes, Bodoquena, Bonito, Camapuã, Chapadão, Corguinho, Dois Irmãos do Buriti, Figueirão, Jaraguari, Miranda, Nova Alvorada do Sul, Paraíso das Águas, Pedro Gomes, Porto Murtinho e Ribas do Rio Pardo.


Nos siga no Google Notícias