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Cidades

Contra colapso em Campo Grande, municípios da macrorregião ampliam restrições

Seis municípios adotaram medidas mais restritivas a partir deste mês, quando a ocupação de UTIs na macrorregião atinge 81% no SUS

Silvia Frias e Guilherme Correia | 18/07/2020 08:51
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Com lotação de 81% dos leitos do SUS para casos confirmados ou suspeitos de covid-19, agora depende dos 34 municípios que integram a macrorregião de Campo Grande adotar medidas para conter o avanço da doença e evitar, ao máximo, o colapso do sistema de saúde na Capital.  Ontem, a rede particular também anunciou que trabalha no limite, com menos de 1% dos leitos de UTI disponíveis.

Juntas, as 34 cidades somam 7.621 dos infectados, 48,22% dos 15.805 do Estado, além de registrarem 78 mortes. Seis municípios, incluindo Campo Grande, estão com "bandeira preta", que indica pior situação. O efeito do descontrole da doença no entorno da Capital, tem como reflexo a superlotação de toda a rede de saúde em Campo Grande, que é a referência na macrorregião.

O assunto já foi abordado em reuniões da CIB (Comissão Intergestora Bipartite), formada pelos gestores municipais e do Estado, em que foi recomendado às prefeituras que adotassem mais medidas restritivas, como ampliação do toque de recolher. O efeito esperado é aumentar os índices de isolamento social de Mato Grosso do Sul, um dos piores no ranking nacional.

A reportagem fez levantamento com 16 municípios que integram a macrorregião de Campo Grande, priorizando a consulta pelos que têm maior número de casos confirmados, registro de mortes e/ou que apresentam crescimento no índice de infectados A pesquisa foi feita com informações divulgadas nas redes sociais e decretos publicados.

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Panorama -  Pelo menos seis municípios adotaram medidas mais restritivas a partir deste mês, quando a curva de contaminação cresceu vertiginosamente em MS. Um deles foi Coxim, a 253 quilômetros de Campo Grande.

No dia 10 de julho, a administração baixou decreto 324/2020 que institui o “lockdown 55h”, segundo o prefeito Aluízio São José (PSB). Comércio deverá fechar as portas das 22h de sexta-feira até as 5h da segunda-feira. Lanchonetes e conveniências podem funcionar no sistema delivery e somente serviços essenciais estão autorizados, como farmácias, supermercados e funerárias.

Pelo mesmo período, fica proibida a entrada de pessoas de outros municípios na cidade. Em live realizada esta semana, o prefeito fez apelo para que população obedeça às normas. “Existe preocupação com município de Campo Grande e o número de leitos que está apresentando lotação expressiva”, disse.

A preocupação está embasada nas estatísticas do Estado.  A macrorregião de Campo Grande, formada pela capital e mais 33 municípios tem a maior taxa de ocupação global de leitos. Dos 227 ofertados pelo SUS, 81% deles estão ocupados, incluindo nessa conta os confirmados de covid-19 (30%), suspeitos (6%) e os não covid-19 (45%).

De acordo com a SES (Secretaria Estadual de Saude), para atender os 34 municípios, foram disponibilizados leitos de UTI em Campo Grande, Aquidauana, Sidrolândia, Chapadão do Sul e Costa Rica, que podem atender as cidades próximas. A descentralização tenta evitar que todos sigam o caminho até a capital.

Em Costa Rica, a 327 quilômetros de Campo Grande, foram as estatísticas que determinaram a ampliação das medidas restritivas. O prefeito Waldeli dos Santos Rosa (MDB) disse que o índice de contaminação passou de 3,30 por dia para 3,8 diários. “Isso quer dizer que a cada 30 dias, podemos chegar a mais de 100 pessoas contaminadas”, disse, em live realizada no dia 15 de julho. Hoje a cidade tem 107 casos confirmados de covid-19 e duas mortes.

Desde ontem (16), o município o uso de máscara passa a ser obrigatório em repartições públicas, comércio e nas ruas. “Se trabalhar sozinho no escritório, use a máscara, crie o hábito, para não esquecer hora que sair”, disse. A medida só não será válida para crianças até 4 anos e os que tiverem recomendação médica comprovada.

Outra medida obrigatória agora, apenas recomendada antes, é o uso de álcool em gel nas maquininhas de cartão. O município já havia proibido a venda de bebidas alcoólicas a partir das 20h, além das restrições impostas desde março, como suspensão das aulas e proibição e festas e aglomerações. “Se não melhorar, vamos tomar medidas mais duras”, avisou. Também pediu que a população denuncie as irregularidades. “Vamos expor quem não cumpre isolamento, faça foto, coloque na rede social, vamos chamar a sociedade para responsabilidade”.

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Em Bela Vista, a 323 quilômetros de Campo Grande, a prefeitura manteve medidas sanitárias adotadas desde março e, desde dia 14 de julho, passou a fazer desinfecção diária da cidade, a partir das 18h, nos pontos de maior aglomeração.

Outros municípios consultados ampliaram o toque de recolher. Em Jardim, a 239 quilômetros de Campo Grande, desde o dia 10 de julho, a restrição passou a vigorar a partir das 21h até 5h. Antes, a medida se iniciava às 23h. Entre março e abril, a cidade temia pelo aumento de casos de morte em decorrência da alta incidência da vizinha Guia Lopes da Laguna, que tem 255 casos confirmados da doença.

Hoje, segundo o secretário de Saúde de Jardim, Jorge Kafure Junior, a situação é considerada sob controle, porém, ainda sob restrições, como uso obrigatório de máscara. “Estamos conseguindo, gradativamente, mas isso pode mudar”, advertiu. Pelo boletim, a cidade tem 63 casos confirmados e uma morte.

A exemplo de Jardim, Alcinópolis, a 256 quilômetros de Campo Grande, com dois casos confirmados e uma morte, também ampliou o toque de recolher, das 22h para 21h, terminado às 5h. O município ganhou “bandeira preta” no mapa do Prosseguir (Programa de Saúde e Segurança na Economia) do governo estadual, classificação que o insere na de risco extremo para covid-19 que leva em conta dez itens, como disponibilidade de leitos ou testagem.

Maracaju, distante 141 quilômetros de Campo Grande também recebeu “bandeira preta”, mas a classificação é contestada. O prefeito Maurílio Azambuja (MDB) disse que irá manter as mesmas restrições já previstas, como uso de máscara e recomendações sanitárias no comércio. A cidade levantou a barreira sanitária e o toque de recolher. “Nós já temos 89 pessoas curadas, não tem nenhum doente internado, estamos controlando”. Hoje, são 133 casos confirmados e um óbito.

Em Nioaque, que também foi pintada de “preto”, a barreira sanitária foi suspensa dia 10 de julho e o município estuda novas medidas. Terenos, com 53 casos confirmados da doença, impôs barreiras sanitárias desde o dia 10 de julho, medida que se soma ao uso de máscara e adoção de plano de biossegurança para comércio.

Caracol e Rochedo flexibilizaram atividades, permitindo a reabertura de igreja e comércio, embora mantenham uso obrigatório de máscara. As outras cidades consultadas não fizeram alterações: Rio Negro, Rio Verde de Mato Grosso, Sidrolândia e Sonora.

Em Aquidauana, a 140 quilômetros de Campo Grande, desde sexta-feira (17) está proibido o consumo de álcool em qualquer local público, bar, conveniência, lanchonete ou restaurante, durante qualquer momento do dia. A prefeitura também fechou igrejas e academias até o próximo dia 31. Também há toque de recolher,  de 22h às 5h. Com 18 infectados, nesta semana 2 pessoas morreram no município.

A macrorregião de Campo Grande é formada ainda pelos municípios de  Anastácio, Bandeirantes, Bodoquena, Bonito, Camapuã, Chapadão, Corguinho, Dois Irmãos do Buriti, Figueirão, Jaraguari, Miranda, Nova Alvorada do Sul, Paraíso das Águas, Pedro Gomes, Porto Murtinho e Ribas do Rio Pardo.


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