Dois fogem de presídio que abriga Jamilzinho; o 1º de uma unidade federal
Falha na segurança da Penitenciária Federal de Mossoró foi revelada pela Operação Omertà
Dois detentos que cumpriam pena na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, conseguiram escapar. A unidade é a mesma que abriga, há quatro anos, Jamil Name Filho, nome conhecido em Mato Grosso do Sul e apontado como chefe de milícia que executava desafetos no Estado.
A fuga, descoberta na manhã desta quarta-feira (14), entra para a história como a primeira desde a entrega dos três primeiros presídios federais brasileiros, em 2006. A cadeia é a única do Nordeste sob o comando do Ministério da Justiça. Com 13 mil metros quadrados, abriga pouco mais de 200 detentos.
Além de Jamilzinho, que ingressou no presídio do Rio Grande do Norte em 5 de novembro de 2019, também está na unidade, Marcelo Rios, o ex-guarda civil metropolitano de Campo Grande apontado como “gerente” da milícia liderada por Name e pivô da Operação Omertà, que desarticulou a organização criminosa.
Outros presos da força-tarefa já estiveram no cárcere, mas conseguiram deixar o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), método com regras mais rígidas de segurança para a manutenção de presos. A transferências para o sistema penitenciário federal aconteceram após a descoberta de plano para matar o delegado titular do Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), Fábio Peró, que estava sendo tramado na cela 17 do Centro de Triagem do Complexo Penal de Campo Grande.
Falha na segurança - Também foi a Omertà que revelou falha no sistema prisional concebido para ser o mais seguro do País. Em março de 2020, a segunda fase da operação, fez buscas contra alvos investigados em suposta trama para matar autoridades. A intenção do Name foi descoberta após bilhete escrito em papel higiênico ser interceptado.
O detento da cela onde o manuscrito foi encontrado delatou esquema para a comunicação entre presos em Mossoró. Mensagens eram escritas em papel higiênico, usando “só a pontinha da caneta”, depois passadas de cela em cela, por baixo da porta ou por fresta que existe entre os alojamentos. Os envolvidos tomavam o cuidado de agir quando as luzes eram desligadas, para não serem pegos pelas câmeras de segurança.
Quando chegava ao destino final, o bilhete era destruído e jogado no vaso sanitário, explicou. De lá para fora, o depoente informou que as visitas permitidas, entre elas advogados, tratavam de conduzir a informação ao destino.
A fuga - De acordo com a apuração do Tribuna do Norte, os fugitivos foram identificados como Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento. Ambos foram transferidos do sistema prisional do Acre para a unidade em setembro do ano passado.
Ainda segundo o jornal potiguar, no início da manhã, agentes penitenciários não tinham ideia de como os detentos haviam conseguido deixar o local. O Ministério da Justiça e a direção da unidade ainda não se manifestaram oficial, mas operação policial foi desencadeada nas ruas do Rio Grande do Norte numa tentativa de recapturar os dois presos.
Deibson, conhecido como “Deisinho”, estava preso desde agosto de 2015 e já passou pelo Presídio Federal de Catanduvas (PR). Ele tem condenações e responde por assaltos, furtos, roubos, homicídio e latrocínio. Rogério, o “Tatu”, também tem extensa ficha criminal. Ambos, conforme o jornal O Globo, estavam entre os presos que participaram da rebelião ocorrida em julho de 2023 no Presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro Alves, em Rio Branco (AC). Durante a ação, cinco detentos foram executados, decapitados e esquartejados.
Rodízio - Também é interno em Mossoró, nome conhecido do crime organizado que deixou a Penitenciária Federal de Campo Grande recentemente, durante rodízio de presos. Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, apontado como uma das principais lideranças do Comando Vermelho, foi levado para a unidade no dia 10 de janeiro.
Os dois presos que fugiram também seriam integrantes da facção criminosa fundada no Rio de Janeiro.
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