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Cidades

Em rodízio de presos, Beira-Mar deixa a Capital e abre vaga para Marcinho VP

Apontados como lideranças poderosas do Comando Vermelho, Beira-Mar e VP já cumpriram pena juntos

Por Anahi Zurutuza e Silvia Frias | 11/01/2024 18:10
Com uniformes do sistema penitenciário federal, da esquerda para a direita, Beira-Mar e Marcinho dão entrevista a programa da TV Record em 2019 e 2018, respectivamente (Foto: Câmera Record/Reprodução)
Com uniformes do sistema penitenciário federal, da esquerda para a direita, Beira-Mar e Marcinho dão entrevista a programa da TV Record em 2019 e 2018, respectivamente (Foto: Câmera Record/Reprodução)

A quarta-feira (10) foi movimentada no sistema penitenciário federal, quando presos foram transferidos. No rodízio para trocar detentos considerados perigosos de uma unidade para outra, Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, deixou a Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande e abriu vaga para outro nome conhecido do crime organizado, Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP.

Ambos são apontados como lideranças importantes do Comando Vermelho, facção criminosa que surgiu nos presídios do Rio de Janeiro, e já estiveram juntos no Presídio Federal de Porto Velho (RO).

Beira-Mar, que acumula mais de 300 anos de prisão, estava na Capital desde 2019 e passou por consulta psiquiátrica, em outubro do ano passado, para analisar seu estado mental em processo que alega insanidade. Aos 56 anos, ele dizia sofrer maus-tratos no presídio federal de Mato Grosso do Sul.

Segundo o advogado Luiz Gustavo Battaglin Maciel, que representa Beira-Mar, não houve, contudo, pedido da defesa para tirá-lo da Capital. Até agora, não há nenhuma comunicação formal sobre a movimentação e até o fim da tarde desta quinta-feira (11), não havia informações sobre para onde o narcotraficante foi levado porque a transferência aconteceu no máximo sigilo. O Campo Grande News apurou, no entanto, que ele chegou nesta manhã à Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

“Se aconteceu, foi em razão dos rodízios periódicos realizados pelo sistema penitenciário federal que ocorrem em sigilo absoluto, sob critério exclusivo do Ministério da Justiça”, explicou o defensor.

Movimentação no Aeroporto Internacional de Campo Grande durante a transferência de Beira-Mar (Foto: Direto das Ruas)
Movimentação no Aeroporto Internacional de Campo Grande durante a transferência de Beira-Mar (Foto: Direto das Ruas)

Luiz Henrique Baldissera, que advoga para Marcinho VP, afirma que também não foi comunicado formalmente do rodízio, mas soube que a operação aconteceu durante esta quarta-feira. “Há sim informações de que houve um rodízio de presos e que o Márcio pode estar nessa relação. Nos autos do processo não há nenhuma comunicação sobre a transferência, muito menos do local que ele possa se encontrar”.

Preso em 1996, Marcinho está há ao menos 16 anos no sistema federal para apenados e já foi transferido várias vezes, segundo o advogado. “Sempre há um rodízio de presos. Eles ficam um ano, dois, três na mesma penitenciária e depois mudam. O Márcio, como é um preso que se encontra no sistema penitenciário federal desde 2007, já passou por diversas penitenciárias”.

Atualmente, o homem que chefiava o tráfico no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, estava preso em Catanduvas, no Paraná. No Brasil, além das unidades de Mato Grosso do Sul, Paraná, Rondônia e Rio Grande do Norte, há outros dois presídios federais – em Charqueadas (RS) e Brasília (DF). A reportagem apurou, contudo, que Marcinho foi trazido para Campo Grande, junto com outros oito líderes do Comando Vermelho.

As localizações dos detentos só devem ser informadas nos processos de execução das penas quando todas as transferências forem concluídas, também conforme a investigação do Campo Grande News.

Beira-Mar desce de viatura para ser conduzido ao avião. (Foto: Direto das Ruas)
Beira-Mar desce de viatura para ser conduzido ao avião. (Foto: Direto das Ruas)

O rodízio de presos acontece, em geral, a cada dois anos. A ação de inteligência é pensada para atrapalhar a atuação desses presos que, sabidamente, continuam no comando de facções mesmo tendo contato restrito com o mundo externo. O sigilo é mantido até o término das operações para evitar tentativas de resgate dessas lideranças durante a movimentação os internos.

Em Mossoró, além de Beira-Mar, também foi inserido hoje Gelson Lima Carnaúba, outro que é apontado como grande líder do Comando Vermelho.

Tudo indica que a facção seja alvo da operação nesta semana semana. No dia 24 de dezembro, o portal Uol divulgou matéria revelando que de dentro do presídio de segurança máxima, Marcinho VP havia dado ordem para trocar a cúpula do CV nas ruas do Rio, conforme investigação da Polícia Civil do estado do sudeste.

Paloma Gurgel, que também advoga para Márcio Nepomuceno, afirma que o cliente não cometeu falta disciplinar em Catanduvas e que não responde a processo que o acusa de interferir no comando da facção de dentro da penitenciária. “Márcio não tem como mandar qualquer tipo de ordem para mudança de cúpula, pois os atendimentos são monitorados por câmera e o vidro é blindado”.

(*) Matéria alterada às 19h50 do dia 11 e às 15h03 do dia 12 de janeiro para acréscimo de informações. 

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