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Cidades

Preso em MS, Marcinho VP nega ter demitido “chefe” do Comando Vermelho no Rio

Mesmo com contato restrito com o mundo externo, VP está atento às notícias publicadas sobre ele

Por Anahi Zurutuza | 12/01/2024 18:38
Márcio dos Santos Nepomuceno, apontado como um dos líderes máximos do Comando Vermelho, em entrevista para programa da TV Record em 2018 (Foto: Câmera Record/Reprodução)
Márcio dos Santos Nepomuceno, apontado como um dos líderes máximos do Comando Vermelho, em entrevista para programa da TV Record em 2018 (Foto: Câmera Record/Reprodução)

Preso em Campo Grande, Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, nega ser o mandante de suposta troca na chefia do Comando Vermelho nas ruas do Rio de Janeiro (RJ). Apontado como um dos líderes máximos da facção criminosa, o homem de 53 anos foi trazido da Penitenciária Federal de Catanduvas (PR) para o presídio federal da Capital nesta quarta-feira (10).

Até a tarde desta quinta-feira (11), informações sobre a transferência eram mantidas em sigilo, informou o advogado Luiz Henrique Baldissera. Mas, de acordo com a advogada Paloma Gurgel, outra integrante do time que representa Nepomuceno, a família do cliente já foi avisada da mudança.

Foi a pedido de familiares de VP que Paloma fez contato com a reportagem para rebater informação divulgada em reportagem do portal Uol, que, segundo a defensora, repercutiu muito no Rio. No dia 24 de dezembro, o jornal on-line publicou matéria revelando que de dentro do presídio de segurança máxima, Marcinho VP havia ordenado que Wilton Carlos Rabello Quintanilha, conhecido como “Abelha”, fosse substituído por Luciano Martiniano da Silva, o “Pezão”, na chefia das ações da facção nas ruas da capital carioca.

Marcinho VP entrando em camburão escoltado por policiais penais federais durante transferência (Foto: Senappen/Divulgação)
Marcinho VP entrando em camburão escoltado por policiais penais federais durante transferência (Foto: Senappen/Divulgação)

As informações são parte de investigação da Polícia Civil do estado do Sudeste obtidas pelo Uol. O comando teria sido dado a Luis Cláudio Machado, o Marreta, outro líder do CV que esteve preso com VP em Catanduvas, dois meses antes da reportagem. Marreta foi transferido para o Presídio de Bangu 1, por ordem do TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) e ao chegar à penitenciária estadual, teria comunicado a decisão do chefe a visitantes, que trataram de espalhar o recado.

Marcinho VP estaria descontente com decisões de Abelha, chamado de “general” em conversas de WhatsApp as quais a polícia teve acesso, porque teria determinou “caçada” a rivais no Rio após aliança inédita com a milícia, que resultou em onda de violência sem precedentes, com mais de 50 assassinatos só em 2023.

O portal nacional fez contato com as defesas de Abelha e Pezão, que não quiseram fazer comentários.

Já a advogada de Marcinho afirma que o cliente não cometeu falta disciplinar em Catanduvas e que não responde a processo que o acusa de interferir no comando da facção de dentro da penitenciária. “Márcio não tem como mandar qualquer tipo de ordem para mudança de cúpula, pois os atendimentos [nos presídios federais] são monitorados por câmera e o vidro é blindado”.

Fernandinho Beira-Mar sendo levado para avião, onde embarcou para Mossoró (Foto: Senappen/Divulgação)
Fernandinho Beira-Mar sendo levado para avião, onde embarcou para Mossoró (Foto: Senappen/Divulgação)

Rodízio – VP chegou a Campo Grande, junto com outros oito detentos, horas depois da saída de outro nome conhecido do crime organizado Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que foi levado nesta quinta-feira (11) para a Penitenciária Federal de Mossoró (RN).

Ambos são apontados como lideranças importantes do Comando Vermelho, facção criminosa que surgiu nos presídios do Rio de Janeiro, e já estiveram juntos no Presídio Federal de Porto Velho (RO).

Beira-Mar, que acumula mais de 300 anos de prisão, estava na Capital desde 2019 e passou por consulta psiquiátrica, em outubro do ano passado, para analisar seu estado mental em processo que alega insanidade. Aos 56 anos, ele dizia sofrer maus-tratos na unidade de Mato Grosso do Sul. Segundo o advogado Luiz Gustavo Battaglin Maciel, que representa Beira-Mar, não houve, contudo, pedido da defesa para tirá-lo da Capital.

Nestes dois dias, policiais penais federais trabalharam na Operação Próta para o rodízio de presos que acontece, em geral, a cada dois anos. A ação de inteligência é pensada para atrapalhar a atuação desses presos que, sabidamente, continuam no comando de facções mesmo tendo contato restrito com o mundo externo.

O sigilo é mantido até o término das operações para evitar tentativas de resgate dessas lideranças durante a movimentação os internos. Onze internos trocaram de celas, em três unidades do sistema penitenciário federal.

O nome da operação faz referência ao primeiro preso custodiado no sistema penitenciário federal, Beira-Mar. Em grego o termo significa "primeiro".

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