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Cidades

Dona de “império de lata”, alvo da PF contra fraude bilionária tem braços em MS

Grupo tem unidade que processa latas para reciclagem operando em Paranaíba desde 2017

Anahi Zurutuza | 28/09/2021 19:11
Galpões instalados na Capital têm capacidade para armazenar 1 mil toneladas de latinhas de alumínio. (Foto: Semagro/Divulgalção)
Galpões instalados na Capital têm capacidade para armazenar 1 mil toneladas de latinhas de alumínio. (Foto: Semagro/Divulgalção)

Principal alvo da Operação Blindagem Metálica nesta terça-feira (28), a Latasa Reciclagem, empresa que construiu “império” trabalhando com o reaproveitamento de latinhas, tem unidades em Campo Grande e Paranaíba, a 422 km da Capital.

Na cidade de região conhecida como o “Bolsão” sul-mato-grossense, o grupo abriu CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) em março de 2016, mas passou a operar em julho do ano seguinte. Em 2019, a empresa instalou polo de coleta em Campo Grande, com capacidade para o armazenamento de 1 mil toneladas de latinhas higienizada e prensadas. A unidade de Paranaíba, apurou o Campo Grande News, emprega cerca de 150 trabalhadores.

A Latasa foi fundada em 1991 e foi a pioneira no setor de reciclagem de alumínio no Brasil. Em 2013, a empresa foi incorporada ao ReciclaBR, maior grupo de reciclagem de metais não ferrosos do País. Ainda conforme divulgado pela empresa em sua página oficial, as plantas processam mais 300 mil toneladas de alumínio por ano.

Conforme apurado pelo jornalista Fausto Macedo, do Estado de S. Paulo, o grupo passou a ser investigado em 2018, pela Receita Federal. Depois, com informações encaminhadas do MPF (Ministério Público Federal) e PF (Polícia Federal), grande esquema de fraude foi desvendado.

A PF identificou CNPJs abertos em nome de “laranjas” para emitir notas fiscais falsas, simulando a compra e venda de sucata de alumínio (latinhas) e alumínio bruto – este último tributável –, com o objetivo de gerar créditos fiscais fictícios às empresas do grupo. Conforme a investigação, o esquema é complexo, envolve simulações contábeis, de operações s financeiras, de transporte da matéria-prima e produto, “blindagem” patrimonial, além da dominação de mercado.

Para alcançar seus objetivos e se manter líder no mercado, ainda de acordo com a PF, o grupo costuma comprar empresas do ramo e torná-las sonegadoras de impostos, para que a fiscalização chega até elas e as fechem.

A fraude, segundo a investigação, lesa os cofres públicos em aproximadamente R$ 800 milhões anuais, sendo que R$ 300 milhões se referem a tributos federais e R$ 500 milhões a tributos estaduais (ICMS), totalizando aproximadamente R$ 4 bilhões nos últimos 5 anos.

Também integrante da força-tarefa, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional apurou que o montante de patrimônio acumulado em nome do grupo empresarial supera R$ 1 bilhão.

Nesta terça, foram cumpridos 61 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Distrito Federal, Santa Catarina e Minas Gerais. A PF e a Receita não informaram, contudo, em quais municípios do Estado estão os endereços que vasculharam em busca de provas das fraudes.

Outro lado – Ao Estadão, o advogado Nelson Wilians, que representa a Latasa Reciclagem, informou apenas que ainda não teve acesso ao inquérito, mas disse que a empresa e “seus sócios irão colaborar para os esclarecimentos dos fatos, acreditando plenamente na Justiça e que, ao final, ficará comprovado que se trata de um grande equívoco fiscal ante o emaranhado de leis e regulamentos que, infelizmente, persistem no nosso ordenamento jurídico”.

O Campo Grande News tentou contato com a empresa em Mato Grosso do Sul, mas os dois números de telefone disponíveis - na internet e no CNPJ da empresa, anotado no sistema online da Receita - não atenderam às ligações.

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