Durante cerimônia, governo de MS homenageia autor da novela Pantanal
Outras personalidades foram homenageadas neste evento, como Almir Sater, Aracy Balabanian e Ney Matogrosso
Evento hoje (21) marcou retorno da entrega da Comenda e Medalha da Ordem do Mérito Pantaneiro à personalidades ligadas ao Pantanal sul-mato-grossense. Um deles foi o presidente do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), coronel Ângelo Rabelo, que também representou o escritor Benedito Ruy Barbosa, autor da novela "Pantanal".
Ruy Barbosa escreveu a primeira exibição, de 1990, na extinta Rede Manchete, e foi coautor da adaptação exibida em 2022, ao lado de Bruno Luperi. “É uma grande honra, é uma figura com mais de 30 novelas, reconhecido mundialmente pelo seu trabalho”, declarou Rabelo.
Ele menciona Barbosa como amigo pessoal e o cita, ao dizer que a inspiração para a obra surgiu quando depois de acordar durante a noite com muito calor, no Pantanal, ele “tinha morrido pela beleza que o cercava”.
Benedito Ruy Barbosa é um amigo, desde a primeira novela. Lamentavelmente, está com uma condição de saúde e não pôde estar presente. Farei chegar às mãos dele porque é uma personagem que levou o Pantanal pro mundo com a sua competência que cada vez mais deve ficar registrado na história”, disse Rabelo ao Campo Grande News.
A honra é entregue a figuras de destaque que se destacaram por relevantes serviços prestados ao território sul-mato-grossense. A cerimônia ocorreu no auditório do Bioparque Pantanal, às 14h. O governador Reinaldo Azambuja (PSDB), como Grão-Mestre da Ordem do Mérito do Estado, entregou as insígnias. Outras personalidades foram homenageadas neste evento, como os músicos Almir Sater e Ney Matogrosso, além da atriz , Aracy Balabanian.
“Então, cada linha que ele escreveu com as suas personagens, mas explorando principalmente a riqueza do Pantanal, ainda hoje, me inspira e motiva a proteger, porque sem dúvida nenhuma vale muito a pena. Então é uma figura que Mato Grosso do Sul deve referenciar sempre”.
Rabelo ressalta outras homenagens recebidas pelo autor e comenta o contato que teve com os fotógrafos Araquém de Alcântara e Sebastião Salgado. “Tive um privilégio que me ensinou muito e sempre me chamou atenção, porque cada olhar tem uma percepção diferente da riqueza, do lugar, do movimento, da espécie, da pessoa que está passando, do movimento das águas”.
“Diria que o Pantanal, a cada ano, se apresenta de uma forma diferente. Então ele ainda é um lugar que desafia aqueles que trabalham com o audiovisual, não só com as figuras que ainda têm muitas histórias para contar e que estão desaparecendo”.
Preservação - O presidente do IHP comenta que gostaria de ver mais obras que retratam a água no bioma pantaneiro, especialmente por conta da redução de cobertura aquática e do período de cheia, mapeada por diferentes estudos, como os do Instituto MapBiomas. “Perdemos quase 40% do espelho d'água, e isso sem dúvida nenhuma, representa nosso maior ativo".
“Tem muita história de gente ainda, como também de espécies ameaçadas que estão desaparecendo no resto do Brasil e do mundo e que o Pantanal vai poder protegê-las. Paisagens, espécies e a gente sempre vão representar. Muito mais do que um desafio, é uma oportunidade para aqueles que forem especialmente com tempo e sensibilidade”.
Segundo ele, quando o governo traz ao público figuras relacionados ao bioma, é um “gesto de gratidão” que “pode inspirar outras pessoas também a se dedicar em causas". “É um momento importante porque é um resgate do momento que protege justamente essa história, as suas figuras, para que possa traçar um futuro cada vez melhor".
Eu acho que é uma proteção à memória, proteção. As figuras que escrevem uma história de forma diferenciada, motivados muito mais por uma causa do que por interesse pessoal”.
Fundador da Polícia Ambiental no Estado, ele destacou o trabalho feito com outras pessoas para a preservação ambiental da região. “É uma história de 40 anos que eu me obrigo a compartilhar com 80 homens, que chegaram comigo em Corumbá nos anos 80 para a grande batalha [...] e depois a gente pantaneira. Todos aqueles que me receberam com muito carinho, muito respeito e motivaram para que eu permanecesse lutando por aquele lugar e por aquela gente”.
Cerimônia - A Ordem do Mérito foi criada via decreto nº. 483, de 13 de março de 1980, com redação dada pelo decreto nº, 15.611, de 22 de fevereiro de 2021, e visa “distinguir pessoas naturais ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que se tornaram dignas de reconhecimento pelo governo do Estado”.
Estiveram presentes o secretário estadual de Governo Eduardo Rocha, que atuou como chanceler, o presidente do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) Eduardo Contar, e o titular da Semagro, Jaime Verruck.
A insígnia do colar é constituída por oito raios dourados, indicando os pontos cardeais e colaterais, representando a “grandeza do Pantanal que esparrama suas águas em todas as direções”.
O governador Reinaldo Azambuja destacou que a condecoração voltou a ser entregue e que, neste ano, foram homenageadas “pessoas que ajudaram muito no crescimento, desenvolvimento e no que nós somos hoje”. “Então, primeiro retomar algo que estava paralisado e principalmente poder criar, através do Conselho, essa homenagem de hoje, escolher essas pessoas, personalidades de todos os meios, tanto do mérito do governo do Mato Grosso do Sul, como o colar do mérito pantaneiro”.
“Muitos deles ajudaram o Pantanal a ter um protagonismo e um conhecimento, hoje, no mundo todo, pelo trabalho que realizaram. Então, é uma alegria muito grande de todos nós podermos retomar isso, retomar essa condecoração, poder homenagear essas pessoas. Essas personalidades de todas as áreas e a nossa gratidão a eles”.