Em MS, 35 pessoas morreram vítimas da covid antes de completar os 40 anos
O quantitativo representa 8% de todas as mortes já registradas pela doença em Mato Grosso do Sul
Desde o começo da pandemia do novo coronavírus em Mato Grosso do Sul, 35 jovens entre 20 e 39 anos de idade morreram de covid-19. O número que parece baixo, expõe na verdade a fragilidade de qualquer um diante da doença, mesmo aqueles que não são considerados população de risco e mais vulneráveis e representa 8% do total de mortos.
Pelos dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde), seis dessas 35 vítimas não tinham nenhum tipo de comorbidade, sendo duas entre 20 e 29 anos e quatro de 30 a 39. Ao todo, 21.383 pessoas nessas faixas etárias foram infectadas pela doença, originando uma taxa de letalidade bem baixa, 0,16%, mas ao mesmo tempo, que serve de alerta.
“A doença é variável de pessoa pra pessoa e é natural se tenha uma resposta a ela também variável. De alguma forma, haverá vítimas em todas as faixas etárias, mesmo nos mais jovens, porque depende muito da resposta imunológica da pessoa”, analisa a médica infectologista e pesquisadora, Mariana Croda.
Um dos casos que correspondem a essa estatística é de Sandra Goulart da Silva, que morreu de covid-19 aos 32 anos em Amambai. Sem histórico de tratamento sério de saúde ou de alguma doença prévia, ela simplesmente sucumbiu à doença, sem ter, como relatou a especialista, uma resposta imunológica positiva diante do quadro.
Atleta, Sandra corria, jogava futebol e segundo o marido, nunca teve algum problema de saúde que justificasse ter tido quadro de covid tão agravado. “Eu acredito que foi uma fatalidade e o médico disse que as plaquetas dela estavam muito altas, acima do normal e ele queria entender o que aconteceu com o sangue dela, mas não deu tempo”, contou Ivo Santana, 40 anos.
Ele contou também que o pulmão da esposa foi bastante afetado pela covid-19, e Sandra desenvolveu uma embolia pulmonar, que é causada pela obstrução das artérias dos pulmões por coágulos de sangue. “Depois disso ela teve três paradas cardíacas”. Sandra, que morava em Iguatemi, faleceu em hospital de Dourados, no dia 21 de julho deste ano.
Croda afirma que a covid-19 também possui um grande espectro de sintomas e nem todos desenvolvem todos eles e, da mesma forma, o desenvolvimento da doença vai variar de organismo para organismo.
“Os jovens não estão isentos de risco. Por isso, essa alta exposição à doença (baixo isolamento social) é perigoso. Não temos tratamento adequado e a única forma de combatê-la de forma eficaz é com o isolamento”, defende a especialista, alertando que “se puderem evitar de se expor, é o momento, porque vão haver casos graves que não estão dentro desse grande contingente de idosos e pessoas sem comorbidades”.
Ela lembra do cantor Cauan, da dupla Cleber e Cauan, que aos 38 anos, passou 14 dias internado em leito de UTI (Unidade de Terapia Intensva) lutando contra a doença em Goiás (GO). “A pessoa pode não vir a óbito, mas tem sintomas graves, precisa de internação e depois, todo um processo de reabilitação por causa do longo tempo em UTI”.
Maria na Croda sustenta ainda que “cada paciente vai evoluir de uma forma e a reposta imunológica à doença é muito individual. Muitas vezes, na mesma casa, uma pessoa pega e outra não, um tem sintomas o outro não. É muito individual”, ressalta.
Até esta quinta-feira, Mato Grosso do Sul contabilizou 51.575 contaminados no Estado e 914 mortes.