Enquete com pais e organização de rodízio preparam volta às aulas dia 21
Na esperança de não ter retorno adiado mais uma vez, escolas levantam quem deve voltar para traçar estratégias dentro dos 30%

A menos de 15 dias para a volta às aulas nas escolas particulares, o trabalho agora está sendo o de perguntar aos pais quem deseja voltar presencialmente e organizar espécie de rodízio entre os pequenos na utilização das salas. Apesar de ainda não ter saído o decreto municipal, a última reunião entre representantes de escolas, prefeitura e Ministério Público anunciou a data de retorno para 21 de setembro.
Presidente do Sinepe/MS (Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Mato Grosso do Sul), Maria da Glória Paim, ressalta que os preparativos para a tão sonhada volta às aulas já vem sendo feitos há um bom tempo. "Agora é dia 21, mas já foi a segunda, a terceira data de volta e sempre era adiada. Se agora vai? Essa é uma boa pergunta", comenta.
Com a esperança de não haver outro adiamento, Maria da Glória fala que a orientação do sindicato às escolas particulares é de fazer a pesquisa com a família para se ter noção do número de alunos, e então trabalhar dentro dos critérios. "Eu tenho 10 alunos em uma turma, posso receber três, mas seis querem voltar. Podemos fazer a alternância, por isso que a escola tem que saber quem quer voltar para se planejar", exemplifica.

Diretora da escola Afetiva, Natália Godoy Franco de Alencar, fala que está na fase de levantamento junto aos pais. O terceiro feito desde o início da pandemia. "Vamos renovar a enquete de quem quer retornar dia 21 presencial e a partir deste número, organizar e ver se precisará escalonar ou dividir entre turmas e períodos", explica.
Uma das principais exigências é de manter em sala até 30% da capacidade por turma. O que não é visto como problema já que tantas escolas perderam alunos. "No geral, as escolas perderam em torno de 50 a 70% dos alunos de educação infantil. Então, se todos os alunos quiserem voltar, podem vir", afirma.
No caso da escola dela, que fica no bairro Carandá Bosque 2, no nível I, por exemplo, só ficaram dois aluninhos. Na hipótese de uma turma de 15 estudantes e todos voltarem, a escola vai trabalhar com o escalonamento. "Vamos fracionar 30% e intercalar dias, fora os períodos, podemos colocar 30% de manhã e 30% à tarde, se todos os pais quiserem voltar", fala.
Na prática, dentro das normas do plano de biossegurança exigidos pelo Ministério Público, a escola se assemelhará a um "centro cirúrgico", nas palavras de Natália. "Não podemos usar nem aliança, são muitos cuidados mesmo. As crianças também não podem usar nenhum tipo de adorno", ressalta.

Na triagem, os alunos terão medidas aferidas, além de um questionário para os pais quanto aos sintomas de covid. "No caso de um espirro, o aluno ficará no pátio e a escola vai entrar em contato com os pais, será levada para casa e só pode retornar depois que tiver um laudo médico comprovando que era uma alergia, por exemplo", diz Natália.
Para os funcionários, a máscara e a roupa que vieram de casa, terão de ser trocadas, além de cabelo preso. As mochilas das crianças serão higienizadas e ficarão na escola, sem o leva e traz entre o colégio e casa.
Franquia internacional, a escola Maple Bear, destaca que os preparativos já vem acontecendo levando em conta que a rede tem escolas espalhadas pelo mundo que estão em diferentes estágios da pandemia. "A nossa central nos manda materiais de como está acontecendo em cada uma das escolas", explica o diretor administrativo Rafaat Toumani.
Antes mesmo de ser exigido, a escola já tinha contratado um projeto de biossegurança. "E como sempre tivemos a quantidade de alunos por sala de no máximo 18, pela metodologia, consigo respeitar as normas de 30%", reforça o diretor.
Além de estar demarcada a área onde cada criança vai ficar dentro da sala, o retorno é opcional e os pais podem optar por manter o ensino online. Segundo o diretor, a última enquete feita no aplicativo da escola mostrou que 68% dos alunos pretendem voltar presencialmente.
"Neste primeiro levantamento, apenas duas salas tiveram interesse maior do que a quantidade permitida por turma", expõe Rafaat. O que vai levar a escola ao segundo ponto, de filtrar quem teve contato com algum positivo para covid ou apresentou sintomas recentemente. "Será encaminhado um termo de compromisso que os pais precisam assinar, depois dessa triagem de sintomas, que eles se responsabilizam pelas crianças", descreve o diretor.
A escola vai trabalhar também com rodízios de alunos em dias e horários, além de escalonar entrada e saída para evitar aglomerações. "Vamos voltar com poucas turmas para entender como funciona e ir ampliando até o final do ensino infantil", frisa Rafaat. Sem contar a aferição de temperatura, higienização de pés, mãos e mochilas, e a regra de crianças de 4 para cima usar obrigatoriamente a máscara.
O decreto que trará todas as regras para o retorno deve ser publicado até o dia 11 deste mês pela Prefeitura de Campo Grande.