Esperta com fuga de chefão, Justiça barra onda covid e "Galã do PCC" fica preso
Gerson Palermo segue sendo o único chefão do tráfico que deixou a cadeia na enxurrada de pedidos alegando os riscos do coronavírus
Gerson Palermo segue sendo o único chefão do tráfico que deixou a cadeia na enxurrada de pedidos alegando os riscos da covid-19 para os presos. A 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande negou revogação da prisão preventiva para o traficante internacional Elton Leonel Rumich da Silva, o Galã do PCC (Primeiro Comando da Capital). A defesa citou que o preso é acometido de bronquite crônica, usando medicamento de uso contínuo, além de ter “bons antecedentes, residência fixa e ocupação lícita”.
A argumentação não convenceu o Poder Judiciário. Sobre a recomendação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), de adoção de medidas preventivas à propagação da infecção pelo novo coronavírus, a decisão pontua que não há provas de que Galã faça parte do grupo de alto risco.
“Malgrado o requerente alegue ser portador de bronquite crônica, não há nos autos demonstrativos de que ele esteja em situação de vulnerabilidade (atestado emitido pela área hospitalar da unidade prisional), tampouco que a sua saúde se encontra em periclitação [em perigo]”.
Sobre os bons antecedentes, a Justiça destacou condenação por tráfico de drogas, uso de documentos falsos e atuação na fronteira com o Paraguai, com atividade relacionadas a tráfico e lavagem de dinheiro.
Ainda segundo a decisão, apesar de Elton alegar ocupação lícita (criação e recria de gado), demonstrou não conhecer as rotinas da atividade da pecuária.
“Elton Leonel possui um extenso currículo criminal, dedicando-se habitualmente a ações criminosas organizadas, pelo menos, desde o ano de 2005, de forma que a sua prisão cautelar é medida indispensável para salvaguardar a ordem pública contra a reiteração criminosa do investigado que poderá voltar a delinquir, se colocado em liberdade”, informa a decisão, publicada hoje no Diário da Justiça Federal.
A decisão lembra a contraindicação do uso de tornozeleira eletrônica em presos perigosos. “Cite-se o caso do réu condenado Gerson Palermo, que teve sua prisão preventiva convertida em domiciliar, em atenção à Recomendação n. 62 do CNJ”.
O documento lembra que após oito horas da instalação da tornozeleira eletrônica para cumprimento da prisão domiciliar vigiada, Gerson rompeu o equipamento e fugiu. No pedido de prisão domiciliar (diante da pandemia de covid-19), Palermo alegou ser idoso, diabético, hipertenso e com problemas renais, mas sem apresentar qualquer laudo atestando essas comorbidades.
A decisão do uso de tornozeleira eletrônica para Palermo foi do TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). Gerson Palermo , que soma pena de 100 anos de prisão, agora é foragido.
Processos em MS – Preso no Rio de Janeiro, Galã é apontado como mentor da execução de Jorge Rafaat, morto em Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã. No ano passado, também foi acusado de ordenar a violação do túmulo de Rafaat, sendo absolvido pela Justiça Federal de Ponta Porã por falta de provas.
Mas acabou condenado a 19 anos de prisão por organização criminosa, com pagamento de multa de R$ 4 milhões. Ele também responde por lavagem de dinheiro em processo que corre na 3ª Vara Federal de Campo Grande e tem depoimento agendado para 6 de julho.
Mesmo preso na penitenciária federal de Mossoró (Rio Grande do Norte), Elton foi alvo no mês de março de operação da PF (Polícia Federal) de MS, com sequestro de imóveis.