Evo Morales renuncia à presidência da Bolívia, após 13 anos no poder
Renúncia é consequência de onda de protestos e auditoria da OEA, que apontou irregularidades na eleição de 20 de outubro
Depois de 13 anos à frente da presidência da Bolívia, Evo Morales Ayma renunciou ao cargo, poucas horas depois convocar novas eleições, em consequência de relatório da OEA (Organização dos Estados Americanos) que apontou irregularidades na eleição 20 de outubro.
Em Corumbá, na fronteira entre Brasil e a Bolívia, manifestantes que bloqueavam a passagem desde aquele período comemoravam a renúncia.
O anúncio foi feito em rede nacional, no fim da tarde, segundo noticiou o jornal boliviano El Deber. Além de Morales, também renunciaram o vice, Álvaro Garcia Linera, e o presidente da Câmara dos Deputados, Víctor Boda.
“Renuncio a meu cargo de presidente para que (Carlos) Mesa e (Luis Fernando) Camacho não continuem perseguindo meus irmãos, dirigentes sindicais, para que Mesa e Camacho não sigam sequestrando e maltratando os familiares de nosso dirigentes sindicais (...) lamento muito este golpe com alguns setores da Polícia por atentar contra a democracia, a paz social, com intimidação do povo boliviano”.
Evo Morales disse que renunciou para garantir a pacificação do país, com objetivo que se acabam os enfrentamentos entre os bolivianos. No início da manhã, ele havia anunciado novas eleições e mudança na composição do Tribunal Superior Eleitoral.
Em intervalo de horas, dois ministros do governo Evo também renunciaram: Luiz Alberto Sánchez (Hidrocarbonetos) e César Navarro (Mineração), que abdicou do posto depois que os opositores queimaram sua casa.
A renúncia do governo Morales é a sequência da onda de protestos iniciada a partir da eleição de 20 de outubro, que apontou a reeleição de Morales à presidência. Desde então, manifestantes foram às ruas e, na fronteira com o Brasil, fecharam a passagem na região de Corumbá.
Auditoria da OEA (Organização dos Estados Americanos) relatou irregularidades no processo eleitoral de outubro, questionando a “integridade dos resultados”. O relatório seria divulgado apenas no dia 13 de novembro, mas foram adiantados por contra da gravidade das denúncias, segundo o secretário-geral do órgão, Luis Almagro.
Ainda há dúvida de quem irá assumir a presidência do País, por conta das renúncias dos demais integrantes do governo e do parlamento.
O governo Evo Morales iniciou-se em 2006, após a vitória do candidato nas eleições presidenciais de dezembro de 2005.