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Cidades

Fiscal que se passou por agente da PF continua preso, decide desembargador

Wellington José Carvalho de Almeida é investigado por se apresentar como policial federal para integrantes de quadrilha e pedir vantagem para passar informações privilegiadas

Humberto Marques | 08/04/2019 20:16
Wellington, em março de 2018, quando acompanhava o irmão em meio a confusão com PRFs. (Foto: Arquivo)
Wellington, em março de 2018, quando acompanhava o irmão em meio a confusão com PRFs. (Foto: Arquivo)

Fiscal de posturas da Prefeitura de Dourados –a 226 km de Campo Grande–, Wellington José Carvalho de Almeida teve negado pedido de habeas corpus apresentado ao TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), no qual tentava reverter sua prisão durante a segunda fase da Operação Nepsis, deflagrada em 26 de fevereiro deste ano. Almeida foi acusado de se passar por policial federal para fornecer vantagens financeiras e oferecer vantagens a uma quadrilha especializada no contrabando internacional de cigarros para o Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste do país.

O pedido de liberdade foi liminarmente negado pelo desembargador federal José Lunardelli, mantendo decisão da 2ª Vara Federal de Ponta Porã em ação da Nepsis que resultou na sua prisão preventiva. Além de simular ser um agente de segurança, ele teria criado “embaraços às atividades fiscalizatórias dos órgãos competentes”. Seus advogados apontavam ilegalidades na prisão e solicitavam, ao menos, sua substituição por medidas cautelares diversas.

Conforme a denúncia original, Wellington teria se passado por policial federal para obter vantagens indevidas, auxiliando a quadrilha. Ele se identificaria como “Helder” ou “Welder” para cometer os atos e teria sugerido a Ângelo Guimarães Ballerini, o “Alemão” –apontado como um dos líderes da organização criminosa– ter influência para favorecer a atividade criminosa, a partir de uma equipe policial também falsa, pedindo propina para passar informações sobre o posicionamento de equipes de fiscalização ou retardar operação da PF contra o grupo.

À época, o Campo Grande News apurou que o denunciado chegou a pedir R$ 1 milhão por informações falsas à quadrilha. Ele é irmão gêmeo do policial militar Alisson José Carvalho de Almeida, um dos 26 presos na Nepsis.

Valendo-se, em tese, de um “sofisticado esquema para passar-se por agentes de segurança pública”, o investigado teria repassado dados sigilosos do sistema de informações das polícias estaduais, reproduzido uniformes e emblemas da PF –valendo-se até mesmo de foto de um delegado federal– e agido com o irmão gêmeo para travar ações investigativas do núcleo de inteligência da PRF (Polícia Rodoviária Federal).

Também cita-se sua suposta participação em atentado a tiros contra um agente da PRF e a construção de um patrimônio incompatível com a condição de servidor da Prefeitura de Dourados, onde atuava como efetivo desde 2004 e tinha salário de pouco mais de R$ 6 mil mensais.

Lunardelli lembrou que a prisão preventiva foi decretada “para a garantia da ordem pública”, diante da participação de Wellington no esquema investigado. Também foi citada “notícia da reiteração criminosa” em abril de 2018, cinco dias depois de ser preso de forma temporária. A possível participação no atentado mereceu nota do magistrado, uma vez que o PRF vítima era “atuante no combate ao contrabando de cigarros e à organização criminosa investigada”.

Por fim, o desembargador lembrou que o investigado já havia sido preso por descaminho e tinha antecedentes que vão de vias de fato a lesão corporal.

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