Gaeco fez buscas em empresa que administra cartão de combustível
Empresa fornece sistema para gestores públicos, que são suspeitos de fraudes com o uso de tecnologia
A investigação que levou o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) a cumprir mandados em quatro cidades, Ribas do Rio Pardo, São Gabriel do Oeste, Dourados e Campo Grande é relacionada ao uso fraudulento do sistema de gestão de frota Taurus Card. Funciona com um cartão com créditos para abastecimento de combustível.
A suspeita é de desvio de recurso público usando essa modalidade de contrato. Um das suspeitas apuradas pela reportagem é que pessoas que nada tem a ver com o Poder Público tenham sido autorizadas a abaster ou ainda que o crédito em combustível tenha virado dinheiro vivo.
O Taurus Card é um produto da empresa SH Informática, oficialmente em nome da esposa de um dos sócios da Taurus. Um dos locais de busca foi a sede dessa empresa, na BR-163, em Dourados. É ali que fica toda a administração tanto da distribuidora de combustível quando da empresa de gerenciamento de cartões de abastecimento de combustível.
O Campo Grande News conversou com o advogado da SH Informática, Gustavo Ferreira. De acordo com ele, a empresa apenas fornece o sistema. Quem abastece e quem autoriza o uso é o gestor público, disse. De acordo com ele, a busca na sede da empresa recolheu apenas informações.
Prefeitura cercada - O foco maior da “Combustão”, nome dado à operação, é em Ribas do Rio Pardo, onde houve prisões, além de busca e apreensão em posto de combustível. A prefeitura da cidade também foi “cercada” por agentes de segurança do Gaeco e da Polícia Militar, em busca de provas do envolvimento no esquema de servidores públicos, inclusive o prefeito Paulo Cesar Lima Silveira, o Paulo Tucura, do MDB.
Em São Gabriel do Oeste, a busca foi em órgão público, como apurado. Em Campo Grande, não foi informado o local.
Os mandados a serem cumpridos, 17 ao todo, foram autorizados pela desembargadora Elizabete Anache. O pedido é feito em segundo grau pois envolve a investigação de prefeito, que tem foro privilegiado.
Além de integrantes do Gaeco, a operação teve apoio do Batalhão de Choque da Polícia Militar e do Bope (Batalhão de Operações Especiais). As equipes saíram de Campo Grande antes do sol clarear para cumprir os mandados no interior.
Poucos detalhes – O Gaeco deu poucas informações, como costuma fazer em ações que tramitam em sigilo. Segundo nota divulgada pelo Grupo, a atividade realizada foi em apoio à Procuradoria-Geral de Justiça, que tem a prerrogativa d einvestigar prefeitos.
“A investigação se destina a apurar o desvio de recursos públicos na execução de contratos de aquisição de combustíveis, realizado por meio de abastecimentos fraudulentos e retiradas de valores em espécie em posto integrante do núcleo criminoso”, informa o texto.