Hidrelétrica vai a 0% no volume de água, mas governo garante energia
Usina fica na divisa de MS com SP e abastece 70% do Brasil; termelétricas reforçam abastecimento
A Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira, localizada entre a cidade homônima paulista e Três Lagoas – município do leste de Mato Grosso do Sul, distante 338 km da Capital –, atingiu nesta quarta-feira (15), 0% do volume considerado útil. Maior usina de São Paulo, ela abastece 70% do País.
O Brasil enfrenta a pior crise hídrica em quase um século, com grande parte dos reservatórios das hidrelétricas abaixo do volume aceitável. Termelétricas foram reativadas, incluindo uma em Campo Grande.
Em nota, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) esclareceu que o índice de 0%, não significa que o reservatório está vazio, e se refere apenas à navegabilidade.
“Se considerarmos o nível mínimo de projeto, cuja a cota é 314 metros, o reservatório encontra-se com 56,72% do seu armazenamento. Como autorizado pela Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG), o Operador está autorizado a chegar a cota de 314 metros e está comprometido em fazer a melhor gestão de recursos no atual cenário”, diz a nota.
Situação crítica – Na semana passada, o Campo Grande News revelou que Ilha Solteira já operava “no vermelho”, mas o volume do reservatório ainda não representava risco de desabastecimento.
A usina opera em condições excepcionais. Em junho, a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) autorizou o funcionamento, mantendo um nível igual ou superior a 325m.
A CTG Brasil, concessionária que administra a usina, informou em nota, que o nível de 9,54% é referente à navegabilidade, e embora seja um número alarmante, a geração de energia ainda não está comprometida.
“A Usina Ilha Solteira é um hidrelétrica projetada para operar até o nível de 314m, no entanto, com o objetivo de manter-se a operação do Canal Pereira Barreto sem restrições, a sua cota mínima de operação pode chegar até 323,00 m”, esclareceu.
A reportagem questionou, à época, o ONS e a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para saber se há risco de blecaute ou racionamento, mas não obteve retorno.