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Cidades

Líder do PCC, “Tio Arantes” é preso na Bolívia 2 anos após fuga suspeita

Prisão foi feita pela FELCC (Fuerza Especial de Lucha contra El Crimen) da polícia boliviana nesta quarta

Anahi Zurutuza | 07/09/2023 15:17
"Tio Arantes" segura placa com informações da prisão (Foto: Direto das Ruas)
"Tio Arantes" segura placa com informações da prisão (Foto: Direto das Ruas)

Exatamente 652 dias depois da fuga de José Cláudio Arantes, o “Tio Arantes”, ser constatada, o líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) que ficou conhecido por ter comandado a maior rebelião já enfrentada pelo sistema carcerário sul-mato-grossense foi preso em Santa Cruz, na Bolívia. A prisão foi feita pela FELCC (Fuerza Especial de Lucha contra El Crimen) da polícia boliviana, nesta quarta-feira, dia 6.

Não há mais detalhes sobre a captura. Embora foto de Arantes, hoje com 68 anos, segurando placa que informa a data da prisão esteja circulando e aviso tenha chegado à Polícia Federal de Corumbá, conforme apurado pela reportagem, as autoridades brasileiras ainda não foram formalmente comunicadas. No banco de mandados de prisão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), do Brasil, há dois mandados de prisão contra o criminoso que aparecem como “pendentes de cumprimento”.

Também chamado de “Lion”, “Tiozinho” e “Grif”, o homem já foi considerado um dos mais influentes líderes do PCC, facção criminosa que age dentre e fora dos presídios brasileiros e com ramificações espalhadas pelo mundo. Ele era procurado pela Interpol (Polícia Internacional).

Mais de 600 dias em liberdade – A fuga de “Tio Arantes” foi constatada no dia 23 de novembro de 2021. Ele cumpria pena no regime semiaberto, no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, em Campo Grande. “Coincidentemente”, o sistema de câmeras da ala que abrigava o detento deixou de funcionar horas antes de ser constatado o “sumiço”. Os cadeados da cela e da porta do pavilhão ocupados por José Cláudio desapareceram com ele.

Em dia após a notícia se espalhar, o juiz Fernando Chemin Cury, da 1ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, determinou apuração rigorosa da fuga e pediu que o Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) e a 50ª Promotoria de Justiça do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) se unissem na investigação.

Determinou ainda que a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) abrisse, em 24 horas, procedimento administrativo disciplinar contra todos os agentes que estavam no plantão.

Para o juiz, estava claro que “Tio Arantes” teve ajuda para fugir. “Informações preliminares demonstram que há uma série de irregularidades que precisam ser esclarecidas”. Conforme relatado no despacho, José Cláudio estava em uma “cela com porta inteiriça, sem acesso à parte externa, o que significa dizer que, mesmo sem o cadeado, teve auxílio de terceiros para abrir a respectiva porta”.

Ficha extensa – José Cláudio é dono de uma extensa ficha criminal e tem condenações por roubo, tráfico de drogas e homicídios. Ele também ficou “famoso” por ter coordenado rebelião que resultou na morte do interno Fernando Aparecido do Nascimento Eloá, em 2006, no Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, a “Máxima”.

A rebelião começou em São Paulo, chegou a Mato Grosso do Sul e se espalhou por quatro cidades do Estado, Corumbá, Dourados, Três Lagoas e na Capital. Mas, foi na Máxima que a cena mais emblemática daquele dia 14 de maio aconteceu: grupo de presos do PCC em cima do telhado da unidade e nas mãos, uma cabeça decapitada e carbonizada, amarrada por uma camiseta.

Desde então, “Tio Arantes” ganhou direito ao regime semiaberto, foi libertado e preso mais algumas vezes.

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