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Capital

Cadeados sumiram e câmeras falharam no dia da fuga de “Tio Arantes” da Gameleira

Fernando Chemin Cury, da 1ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, quer investigação e punição exemplares

Anahi Zurutuza | 24/11/2021 18:44
Foto de "Tio Arantes" quando deu entrada na Colônia Penal Agroindustrial da Gameleira. (Foto: Direto das Ruas)
Foto de "Tio Arantes" quando deu entrada na Colônia Penal Agroindustrial da Gameleira. (Foto: Direto das Ruas)

Cadeados da cela e da porta do pavilhão ocupados por José Cláudio Arantes, o “Tio Arantes”, de 66 anos, no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, em Campo Grande, desapareceram. Além disso, “coincidentemente”, o sistema de câmeras da ala que abrigava o preso deixou de funcionar horas antes de ser constatado o “sumiço” do homem, que já foi considerado dos mais influentes líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) em Mato Grosso do Sul.

As informações constam em despacho do juiz Fernando Chemin Cury, da 1ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, que determinou nesta quarta-feira (24), apuração rigorosa da fuga de “Tio Arantes” da unidade penal. O magistrado quer o Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) e a 50ª Promotoria de Justiça do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) na investigação.

Cury também determinou que a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) abra, em 24 horas, procedimento administrativo disciplinar contra todos os agentes que estavam no plantão “no dia dos fatos, inclusive com afastamento cautelar, se necessário”. O órgão tem 1 dia para informar em juízo quais as medidas tomou para apurar o ocorrido.

Para o juiz, está claro que “Tio Arantes” teve ajuda para fugir. “Informações preliminares demonstram que há uma série de irregularidades que precisam ser esclarecidas”. Conforme relatado no despacho, José Cláudio estava em uma “cela com porta inteiriça, sem acesso à parte externa, o que significa dizer que, mesmo sem o cadeado, teve auxílio de terceiros para abrir a respectiva porta”.

O magistrado quer saber se houve a participação de policiais penais. “Sem fazer qualquer juízo de valor, fato é que as evidências demonstram que o preso teve auxílio de terceiros para se evadir, seja de agentes do Estado ou dos próprios presos. Essa situação necessita ser apurada e os responsáveis exemplarmente punidos, como forma de dar resposta a esse episódio inaceitável para a sociedade brasileira”.

A Agepen já havia informado ao Campo Grande News que comunicou a fuga, constatada nessa terça-feira (23), ao juiz de Execução Penal e que o serviço de inteligência da agência estava trabalhando no caso.

Ficha extensa - José Cláudio é dono de uma extensa ficha criminal e tem condenações por roubo, tráfico de drogas e homicídios. Ele também ficou “famoso” por ter coordenado rebelião que resultou na morte do interno Fernando Aparecido do Nascimento Eloá, em 2006, no Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, a “Máxima”.

A rebelião começou em São Paulo, chegou a MS e se espalhou por quatro cidades do Estado, Corumbá, Dourados, Três Lagoas e na Capital. Mas foi na Máxima que a cena mais emblemática daquele dia 14 de maio aconteceu. Grupo de presos do PCC em cima do telhado da unidade e nas mãos, uma cabeça decapitada e carbonizada, amarrada por uma camiseta.

Desde então, “Tio Arantes” ganhou direito ao regime semiaberto, foi libertado e preso mais algumas vezes.

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