MS entra na rota de campanha nacional contra fome com 170 famílias
“Se tem gente com fome, dá de comer” vai atender comunidades negras com vale alimentação de R$ 190 de doações
Mato Grosso do Sul entrou na rota de campanha nacional contra a fome, com 170 famílias cadastradas de início. Intitulada “Se tem gente com fome, dá de comer”, a iniciativa vai atender comunidades negras do Estado com vale alimentação no valor de R$ 190 reunidos por doações.
Lançada um ano após o início da pandemia, a campanha é organizada pela Coalizão Negra por Direitos, como forma de amenizar a situação de vulnerabilidade alimentar aprofundada neste período.
No Estado, a responsável pela arrecadação é a coordenadora do Fórum Permanente das Entidades do Movimento Negro de MS, Romilda Pizani. Por enquanto, as doações, que somam cerca de R$ 8 milhões para serem distribuídos a todo País, vão contemplar 170 famílias negras sul-mato-grossenses.
Desse total de vale alimentação a ser distribuído, 50 serão destinados para famílias ligadas ao MNU (Movimento Negro Unificado) e outros 20 para o Unegro (União dos Negros pela Igualdade)
Outros vales serão distribuído pelo fórum e irão contemplar 30 famílias da Comunidade Haitiana de Campo Grande, 30 para comunidade haitiana de Três Lagoas, quatro para comunidades senegalesa, 16 para o Quilombo Boa Sorte, em Corguinho-MS, e 20 para famílias de diversas localidades da Capital.
“Nós entendemos que a população negra é uma das mais atingidas pela situação atual, em especial com esse retrocesso governamental. Somos a principal vítima desta situação econômica e social e, a partir disso, surge a necessidade de criar uma campanha para amenizar este sofrimento. Tem gente com fome”, declarou a coordenadora.
A arrecadação é recente, começou em março, e, por isto, ainda não foi definido por quanto tempo será possível conceder o benefício. Em MS, a distribuição será feita através de vale alimentação para dar autonomia para as famílias decidirem que alimento comprar. Serão R$ 140 para compras nos mercados e R$ 50 para retirada de verduras cultivadas nos assentamentos do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra).
Conforme Romilda, a situação piorou com a interrupção do auxílio emergencial no ano passado. “O número é sempre a mais do que nós temos. Esses 170 vales são de extrema importância, mas a necessidade é bem maior. Nós pretendemos, dependendo da quantidade de doações, ampliar o número de cadastrados e fazer uma ação continuada”, explicou.
Parceiros - No Estado, a ação de caráter emergencial de enfrentamento à fome, à miséria e à violência na pandemia de covid-19, também conta com articulação do grupo TEZ (Trabalho Estudo Zumbi), existente há mais de 30 anos.
Nacionalmente, a iniciativa conta com apoio da Anistia Internacional, Oxfam Brasil, Redes da Maré, Ação Brasileira de Combate às Desigualdades, 342 Artes, Nossas - Rede de Ativismo, Instituto Ethos, Orgânico Solidário, Grupo Prerrô, Fundo Brasil de Direitos Humanos e diversos outros parceiros.
Fome - O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), indica que nos últimos meses do ano passado 19 milhões de brasileiros passaram fome e mais da metade dos domicílios no país enfrentou algum grau de insegurança alimentar.
Antes da pandemia, dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontavam que mais de um terço dos lares em Mato Grosso do Sul se enquadram na faixa considerada de insegurança alimentar. Grupo de quase 5% dos lares pesquisados vivenciam a insegurança alimentar grave, a fome, na lingual que todos entendem.
Doações - A arrecadação em dinheiro pode ser feita pelo site da campanha https://www.temgentecomfome.com.br/. Também estão sendo aceitas doações de cestas básicas e alimentos avulsos no Teatral Grupo de Risco, na rua José Antônio, 2170, entre às 13h e 17h. Mais informações podem ser obtidas pelo (67) 99305-1493.