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Cidades

Na Capital, Adélio Bispo recusa tratamento psiquiátrico em presídio

Interno do Presídio Federal de Campo Grande, Adélio evita remédios e contato com outros presos

Gabriela Couto | 02/09/2023 09:27
Acusado de facada em Bolsonaro, Adélio Batista deu depoimento na Penitenciária Federal de Mato Grosso do Sul (Foto: Reprodução)
Acusado de facada em Bolsonaro, Adélio Batista deu depoimento na Penitenciária Federal de Mato Grosso do Sul (Foto: Reprodução)

A primeira visita de um familiar a Adélio Bispo de Oliveira, o autor da facada no ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), ocorreu apenas em março deste ano. Desde o crime ocorrido há cinco anos, ele segue preso na Penitenciária Federal de Campo Grande e recusa tratamento psiquiátrico.

Vivendo em uma cela de 6m², de onde só pode sair para um banho de sol diário de 2h, o preso não recebe visitas, evita sair do local de cárcere e pouco fala com os demais presos. Sem avanço na saúde mental, a DPU (Defensoria Pública da União) tem travado uma batalha judicial para mudar a situação de Adélio, embora a Justiça continue alegando que ele seja perigoso demais para sociedade e corre risco de vida fora do sistema federal.

Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, para tentar reavaliar o quadro psicológico, um psiquiatra experiente do sistema prisional do Estado tem acompanhado o interno mais de perto. A ideia é tentar convencê-lo a iniciar o uso de medicação e transferi-lo para um hospital psiquiátrico.

O preso continua tendo transtorno delirante persistente, conforme o último laudo psiquiátrico. Os profissionais atestaram a manutenção da periculosidade de Adélio por falta de assistência médica adequada, mas defenderam que se o interno for medicado terá evolução na condição mental.

Imagem de Adélio Batista, que recusa tratamento psiquiátrico e começou a receber visita de um novo médico especializado (Foto: Reprodução)
Imagem de Adélio Batista, que recusa tratamento psiquiátrico e começou a receber visita de um novo médico especializado (Foto: Reprodução)

A definição foi fundamental para a Justiça renovar a permanência do autor do crime no presídio até 2024. Os especialistas defendem um ambiente hospitalar para a adesão do tratamento, sem descartar inclusive o tratamento compulsório.

No entanto, os hospitais judiciários de Minas Gerais, onde o caso é julgado, relataram superlotação e filas de espera. A justificativa nega o acolhimento de Adélio para terras mineiras. Os responsáveis também têm receio de receber alguém conhecido nacionalmente pelo crime que cometeu e que pode ser alvo fácil de represália.

Vale acrescentar ainda que o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) determinou a desativação gradual dos hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico no Brasil. A meta é encaminhar internos com problemas mentais para o atendimento do SUS (Sistema Único de Saúde).

Com o acompanhamento de um novo profissional de saúde mental, a defesa de Adélio está otimista para que ele aceite o tratamento e que assim que possível os remédios façam efeito. Só assim poderão pedir uma transferência.

A ideia é antecipar a próxima perícia, que está prevista somente para agosto de 2024. No entanto, o preso continua alegando que os medicamentos causam efeitos colaterais e são desnecessários.

Profissionais relataram que quando Adélio aparenta estar lúcido, diz que quer voltar à liberdade, morar novamente em Minas Gerais, perto da família. Mas não indica arrependimento de ter dado a facada em Bolsonaro. Na maioria do tempo, ele tem delírios recorrentes, com manias de perseguição e falas desconexas sobre política, religião e maçonaria.

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