No chão e algemado: veja a prisão do ex-major Carvalho em hotel da Hungria
Em 2020, ex-policial fugiu do cerco da PF e chamou a atenção por simular morte
Conhecido como “Escobar brasileiro” pela ascendência em esquema bilionário de tráfico de cocaína, o ex-major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Sérgio Roberto de Carvalho, viu sua temporada de fuga chegar ao fim ontem (dia 21) no Radisson Blu Beke Hotel, em Budapeste, capital da Hungria.
Vídeo mostra que a ação dos policiais foi rápida. Com o ex-major logo no chão e algemado. Depois, aparece sentado em uma cadeira e, por fim, sendo colocado em um veículo. Ele foi flagrado com documento falso.
Em novembro de 2020, o ex-policial fugiu do cerco da PF (Polícia Federal) na operação Enterprise e chamou a atenção por ter até uma versão “morto-vivo”.
Na ofensiva contra o tráfico internacional de drogas, foram bloqueados R$ 400 milhões em bens e imóveis dos investigados, incluindo carros de luxo, joias, imóveis e 37 aeronaves (uma delas avaliada em 20 milhões de dólares).
Em Portugal, num imóvel ligado ao major, foram apreendidos 12 milhões de euros em uma van. Na Espanha, a mansão de Carvalho foi avaliada em 2,5 milhões de euros.
A investigação revelou organização criminosa com tentáculos no exterior e várias localidades no Brasil: Mato Grosso do Sul, Paraná, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e São Paulo. O objetivo era levar cocaína para a Europa, onde o quilo da droga é vendido por R$ 200 mil.
No Estado, foi identificado grupo com quatro pessoas que atuava na logística de “internalização, transporte e fornecimento de carregamentos de cocaína a partir de Ponta Porã, fronteira com o Paraguai, com uso de caminhões graneleiros”.
Trajetória - De filho de donos de lanchonete em Campo Grande a apontado como líder de organização criminosa capaz de exportar 45 toneladas de cocaína (equivalente a R$ 2,2 bilhões), Carvalho é comparado ao narcotraficante colombiano Pablo Escobar.
A saga do ex-major já tinha marcas do crime na década de 80, quando foi parar no radar da PF por contrabando de pneus do Paraguai. A primeira prisão foi em 1997, com uma carga de 237 quilos de cocaína, numa fazenda de Rio Verde de Mato Grosso.
Em 2007 e 2009, quando já cumpria pena em regime semiaberto, voltou a ser preso por envolvimento em jogos de azar, alvo das operações Xeque-Mate e Las Vegas.
No ano de 2010, virou notícia durante a Operação Vitruviano, que apurou fraude ao espólio de um homem que morreu sem deixar herdeiros, mas com patrimônio de R$ 100 milhões. A expulsão da PM (Polícia Militar) só veio em 7 de março de 2018, mas ainda trava uma briga judicial com o governo de Mato Grosso do Sul para receber R$ 1,3 milhão de aposentadorias.
Morte - Apesar de comum que chefões do tráfico de drogas polarizem entre a atividade criminosa e a vitrine de empresários bem sucedidos no mercado formal, o ex-major foi além: tinha uma versão morta, batizada de Paul Wouter.
A defesa Wouter apresentou certidão de óbito por covid-19, sendo o corpo cremado, portanto sem condições de análise de DNA dos restos mortais para confirmar a identificação.