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Cidades

Onça que “ousou” sobreviver às chamas leva vida sem sequelas no Pantanal

Macho que virou símbolo da catástrofe em 2020 foi flagrado praticando esporte favorito: caçar jacarés

Por Anahi Zurutuza | 06/08/2024 16:50

Muito bem, obrigado. Assim segue “Ousado”, onça-pintada macho que ganhou esse nome após desafiar o Pantanal em chamas e ser resgatado, virando símbolo da catástrofe que atingiu o bioma em 2020. Cenas do felino levando a vida selvagem normalmente 4 anos podem significar esperança para os recentes resgates feitos esta semana em Mato Grosso do Sul, como os filhotes de veado e anta que foram encontrados com queimaduras e sem as mães.

Quem filmou Ousado mais recentemente foi Henrique Olsen, fotógrafo de vida selvagem. A onça, monitorada pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) praticava o que parece ser seu esporte favorito: caçar jacarés.

Em fevereiro, turistas espanhóis também gravaram o bichão demonstrando suas habilidades. “As imagens indicam que Ousado está com condições corpóreas ótimas, e a coleira de monitoramento não atrapalha em atividades diárias, como essa caçada”, informou o ICMBio em postagem no Instagram.

O macho foi resgatado em setembro de 2020 com queimaduras de 2º grau nas quatro patas, passou por tratamento inovador com o uso de células-tronco e 39 dias depois, foi devolvido à natureza. A soltura ocorreu na mesma margem do Rio Corixo Negro, em Poconé, em Mato Grosso, uma das áreas atingidas pelo fogo, onde o felino foi encontrado bastante debilitado.

Passados quatro anos, Ousado demonstra vigor físico, mas o período de recuperação só começou para o filhotinho de veado que foi salvo por brigadistas do Prevfogo/Ibama, em Corumbá, a 428 km de Campo Grande, no fim de semana.

Como no filme “Bambi”, da Disney, o bicho se perdeu a mãe durante um incêndio, Pedro Nunes e Edenilson Fernandes, da Brigada Kadiwéu 1, encontraram o animal com as patas e focinho queimados. Eles procuraram pela mãe, mas a não encontraram.

Também no fim de semana, filhote de anta foi encontrado sozinho, com as patas queimadas em área que pegou fogo em Aquidauana – a 141 km da Capital.

A PMA (Polícia Militar Ambiental) tentou salvar tamanduá-bandeira, mas ele não resistiu. Também dois filhotes de onça foram fotografados completamente carbonizados após a reignição do fogo no Pantanal sul-mato-grossense.

Filhotes de onça-pintada carbonizados (Foto: Redes sociais)
Filhotes de onça-pintada carbonizados (Foto: Redes sociais)

Pior que 2020 - O Pantanal de Mato Grosso do Sul tem 9 milhões de hectares, correspondendo a 65% do total da região pantaneira que ainda se estende ao Mato Grosso, ao Paraguai e à Bolívia. O bioma passa pela pior estiagem dos últimos 70 anos, segundo o Governo de MS.

Desde o começo do ano até 6 de agosto, a área queimada no Pantanal de Mato Grosso do Sul chega a 1,3 milhão de hectares, quatro vezes mais que a extensão queimada em todo o ano de 2020 – quando 396,6 mil hectares foram destruídos, quando havia sido registrada até então a pior temporada de incêndios da história.

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