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Cidades

Pais acompanham demolição de boate que matou 3 de MS

Parentes realizaram nesta quarta-feira (10) ato simbólico para marcar início da construção do memorial no RS

Por Jéssica Fernandes | 10/07/2024 10:14
Em Santa Maria, memorial terá pilares com nome das vítimas do incêndio da Boate Kiss. (Foto: Divulgação)
Em Santa Maria, memorial terá pilares com nome das vítimas do incêndio da Boate Kiss. (Foto: Divulgação)

Em Santa Maria (RS), familiares das vítimas da Boate Kiss iniciam um novo capítulo nesta quarta-feira (10). A data marca o início da construção do memorial em homenagem aos jovens que partiram em janeiro de 2013. Em Mato Grosso do Sul, 3 morreram. Entre pais que sentiram a mesma dor de perder filho no episódio, o momento é recebido de outra forma para quem acredita que os milhões aplicados na obra poderiam ter finalidade melhor.

Com prazo de entrega de oito meses, o projeto é assinado pelo arquiteto Felipe Zene Motta. Na Rua dos Andradas, o memorial terá estrutura com 242 pilares com o nome de cada vítima e uma floreira. Para completar, o projeto conta com jardim, auditório, sala de exposições de arte e área para comportar a sede da AVTSM (Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria).

O memorial, que ficará no lugar da Boate Kiss, será executado pela empresa INFA Incorporadora Farroupilha de Triunfo com R$ 4.8 milhões. Nesta quarta-feira, famílias que residem na cidade realizaram ato simbólico que contou com a participação de autoridades, entre elas o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom.

Ato simbólico realizado pela associação nesta quarta-feira, em Santa Maria. (Foto: Carol Souza (Diário)
Ato simbólico realizado pela associação nesta quarta-feira, em Santa Maria. (Foto: Carol Souza (Diário)

Para quem está a mais de mil quilômetros de distância de Santa Maria, o memorial é algo que não muda o dia de hoje. Residente em Campo Grande, Eduardo Penna de Souza, de 66 anos, é pai de David Santiago Souza, que estudava na cidade gaúcha e estava na boate no dia 27 de janeiro.

Apesar de respeitar o significado que o memorial tem para outras famílias, o funcionário público comenta que o dinheiro teria mais finalidade, por exemplo, se ajudasse na reconstrução do Rio Grande do Sul que foi atingido pelas enchentes.

“Pra mim é um dinheiro que poderia ser aplicado com outra finalidade. Eu não tenho esse pensamento de investir uma fortuna em algo que vai ficar parado, pra sentar e ficar olhando um pilar que vai ser as 242 vítimas”, fala.

Fachada da Boate Kiss, na Rua dos Andradas. (Foto: Beto Albert (Diário)
Fachada da Boate Kiss, na Rua dos Andradas. (Foto: Beto Albert (Diário)

Eduardo representa uma entre as três famílias sul-mato-grossenses que perderam alguém para o incêndio de 2013. A reportagem entrou em contato com os parentes das jovens Ana Paula Rodrigues e Flávia de Carli Guimarães, as outras duas vítimas do incêndio que tinham família em Mato Grosso do Sul, porém não houve retorno.

Ato simbólico - A AVTSM transmitiu através do Youtube o ato simbólico nesta manhã. A abertura teve a fala do presidente da associação, Gabriel Rovadoschi Barros. Ele leu uma carta que foi entregue aos vizinhos da Rua dos Andradas:

“Olá, meu amigo de Santa Maria, estou te enviando essa carta para agradecer a companhia dos últimos anos. Sei que passamos por momentos muito difíceis e que minha presença trazia lembranças extremamente desagradáveis. Aos poucos minha fachada se transformou em mural e minha permanência se transformou em símbolo da luta por um futuro justo e seguro para nós. Agora chegamos em um momento decidido da nossa história, momento de desfazer a ruína e construir a memória”

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